A cultura Organizacional na PM da Paraíba

Compartilhe!


A cultura Organizacional na PM da Paraíba, conjunto de atividades desenvolvidas por seus integrantes, é fundada em crenças e valores que enaltecem a corporação, e se manifesta em sua essência por cerimonias, ritos e símbolos. Essas atividades estabelecem um elo afetivo entre cada um dos policiais militares e a corporação, o que gera o fortalecimento do seu espírito de corpo que é expresso pelo entusiasmo como desenvolvem suas atividades.

 Ocorre que uma parcela do efetivo dessa corporação não está sendo alcançada pelos valiosos benefícios dessa cultura, pois nas Unidades onde prestam serviço  os ritos próprios do cotidiano na caserna, parte integrante da cultura organizacional, começam a entrar em desuso, o que reduz o envolvimentos desse policiais militares com a corporação.

  Veja o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=rzUDcyXiIMk&t=44s  

É esse o tema que vamos abordar neste texto.

 Muitas instituições, públicas ou privadas, na busca de alcançar seus objetivos institucionais, desenvolvem, de maneira formal ou informal, no âmbito interno e tendo como alvo seus integrantes, um conjunto de valores ou crenças que as ciências sociais denominam de cultura organizacional.  São os cultos a esses valores que diferenciam as instituições dotando-as de uma identidade.

São exemplos de elementos formadores dessa cultura organizacional;

 O uso da toga pelos magistrados, a cerimônia de colação de grau no meio acadêmico, o fardão na Academia de Letras, os juramento públicos, inclusive do Presidente da República, os desfiles cívicos, o uso de uniformes pelos empregados de empresas privadas, a adoção de logomarcas em todos os tipos de organizações sociais, as cores, hinos e escudos das equipes esportivas de todas as modalidades e os rituais dos cultos religiosos.

 O uso desses valores, detectado em todos os tipos de organizações sociais e em todas as fases da civilização, alcança diferentes níveis de percepção de acordo com a natureza da instituição em que se aplica. Para os estudiosos desse tema ele é constituído de três elementos básicos que se combinam e se completam.

 São as cerimônias, os ritos e os símbolos, que podem assumir diferentes formas de expressão conforme o tipo de organização onde se desenvolvem. São elementos de formas mutáveis, conforme registra a história, porém, em sua essência conservam o sentido original.

 Segundo o psicanalista sueco Carl Gustav Jung, a força dessa cultura se dá em razão dela resultar da experiência do inconsciente coletivo na busca do melhor caminho para as organizações.

 A adoção desses elementos, que formam a cultura organizacional, tem por objetivo criar, renovar, fortalecer ou modificar o vínculo afetivo e o comprometimento dos integrantes da instituição com os propósitos organizacionais.

Através deles se obtém, por exemplo, o sentimento de pertencimento, o espírito de equipe, a busca pela produtividade ou o desenvolvimento da organização e o fortalecimento da sua imagem junto ao público externo, a defesas dos interesses institucionais e outros valores favoráveis à organização, aos seus integrantes e a sociedade como um todo.

Podemos facilmente detectar traços dessa cultura nas igrejas de todas as crenças, nas maçonarias, nos clubes de serviços, nas associações, nos eventos esportivos, nos serviços públicos em geral e em particular nas corporações militares onde essa cultura é mais fácil de perceber pela forma como seus elementos se manifestam.

 Nas corporações militares, alguns símbolos e ritos enaltecem a importância da instituição e, portanto, despertam sentimentos coletivos, como, por exemplo, nos cantos de hinos com letras alusivas a valores da organização e nas homenagens a vultos ou fatos históricos.  Outros buscam fortalecer sentimentos individuais, como, por exemplo, o uso de medalhas, insígnias e distintivos de cursos.

Na PM da Paraíba, em particular nas Unidades da Capital e em algumas Unidades do interior,  esses valores são preservados com a devida atenção, como ocorre, por exemplo, nas formaturas semanais, nas solenidades de conclusão de curso, nas comemorações de data marcantes para a corporação e nas marcantes incorporações da bandeira em todas as solenidades.

Nessas oportunidades percebe-se o entusiasmo de todos que participam dos atos e dos seus assistentes,

Esses ritos forjam o espírito policial militar e os incentivam no cumprimento dos seus deveres.

Esses profissionais absorvem esses valores com tanta naturalidade que a maioria não percebe o condicionamento que essa cultura impõe.

Esse é o objetivo da cultura organizacional da Polícia Militar.

Ocorre que essas cerimonias, que tanto contribuem para a formação desse espírito corporativo, são ocasionais e envolvem um limitado efetivo. Ou seja, uma considerável parcela de integrantes da corporação não se beneficia dessas valiosas contrições da cultura organizacional.

Em consequência, as solenidades rotineiras da caserna, principalmente nas Unidades mais afastadas da capital, parecem em desuso, o que pode provocar um menor envolvimento dos policiais com a corporação.

Não ocorre mais, com a mesma frequência de antes, a passagem de serviço em forma, a leitura diária do boletim, a revista de apresentação pessoal, as rendições de paradas seguidas das preleções do Oficial que entra de serviço, a continência ao Comandante pela da guarda do Quartel, a rendição da parada diária e outros atos formais próprios da rotina da caserna. Esses ritos, por mais simples que possam parecer, expressam valores próprios da cultura das organizações militares, e, portanto, que as identificam.

Essa cultura decorre da origem militar da Corporação.

É fato que no nome da corporação o termo Polícia é substantivo e Militar é adjetivo. Por essa razão, alguns entendem que essa corporação deve ser bem mais policial que militar.

Porém, ressalte-se por oportuno, que quando o termo militar foi agregado ao nome dessa corporação, em 1935, ela já tinha 103 anos, e essa cultura organizacional já era adotada e cumprida, de conformidade com os meios materiais da época.

 É natural que entre os elementos que formam a cultura de qualquer instituição, existam grupos contrários aos valores adotados, o que forma, na percepção dos estudiosos do tema, a subcultura ou contra cultura organizacional. Mas, esses grupos, de maneira informal, dispersa, impessoal e subliminar, tentam substituir os valores por outros que melhor atendam aos interesses da organização, o que é salutar por introduzir as necessárias mudanças que o natural desenvolvimento exige.

 Mudanças de ritos, conservando os seus valores, é salutar, mas simplesmente extingui-los pode acarretar prejuízos em longo prazo.

A base das alegações para o progressivo desuso desses ritos é a relação entre o efetivo disponível e a crescente demanda de serviço e isso faz com que os diversos escalões de comado não tenham tempo para tais práticas.

Porém, essa questão de escassez de efetivo em relação demanda de serviço, sempre existiu na corporação, e mesmo assim tais ritos eram preservados.

Saliente-se que no Centro de Educação, onde se formam se especializam e se aperfeiçoam os recursos humanos da Corporação, todos esses valores são preservados. Mas, infelizmente os policiais que por ali passam não estão conseguindo transmitir essa valiosa cultura organizacional no âmbito das Unidades onde servem.

Urge, portando, como providência prioritária em qualquer projeto de continuidade do desenvolvimento da Polícia Militar, a restauração dos valores compatíveis com a sua condição de militar, mesmo que eles sejam expressos por novos símbolos e ritos, porém devidamente formalizados.

  Veja também As solenidades Militares na PM da Paraíba no final do século passado Desfile da PM da Paraíba no dia 7 de setembro: Emoções que não se esquecem Formaturas no CFAP: O destaque do Uniforme azul petróleo Enfraquecimento da cultura organizacional na Polícia Militar

Compartilhe!


Subscribe
Notificação de
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments