As solenidades Militares na PM da Paraíba no final do século passado

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           As solenidades Militares na PM da Paraíba no final do século passado, pelos menos nas três últimas décadas, eram acontecimentos voltados para preservação dos valores cívicos, culturais e históricos da corporação.  Os preparativos e execuções das  formaturas e desfiles envolviam grandes efetivos, eram muito prestigiadas pelo alto escalão do Governo e despertavam entusiasmo na tropa.  Vamos expor informações sobre esses eventos.
 
           Ainda como parte de um relatório que elaboramos no ano 2000 sobre as atividades da PM da Paraíba naquele ano, e que se destinava ao registro de dados que possam ser comparados com realidades futuras, publicamos agora a forma como eram realizadas a solenidades militares. Anteriormente publicamos outros temas abordados no relatório já nominado.
1)       Desfile cívico-militar
Anualmente, durante a primeira semana do mês de setembro, são realizados desfiles cívico-militares, com a participação de representações estudantis dos colégios locais, em diversos bairros da capital, e nas cidades de Bayeux, Santa Rita e Cabedelo, destinados a comemorar a passagem do dia da independência. Eventos da mesma natureza são realizados em quase todas as cidades do interior. Nesses desfiles, além de participar com efetivos desfilando, a Polícia Militar executa um trabalho de isolamento da área, empregando pequenos contingentes. Frações de Unidades do Exército também participam de alguns desses desfiles de bairros e cidades vizinhas. No desfile oficial realizado da Capital, organizado pela Guarnição Federal da Paraíba, que ocorre na manhã do dia 7 de setembro, comparece um público estimado de quinze mil pessoas, que se acomoda ao longo de mais de um quilometro da Avenida José Américo de Almeida, onde ocorre o desfile.
       O Palanque oficial é armado em frente ao Departamento Estadual de Estradas e Rodagens e o desfile é coordenado pelo 1° Grupamento de Engenharia de Construção, Unidade do Exército sediado na Capital e que exerce o Comando da Guarnição Federal do Estado. Todos os meios de comunicação dão ampla cobertura ao evento. As maiores autoridades do Estado comparecem ao Palanque oficial para prestigiar o acontecimento. Para se efetuar o isolamento da área, são colocadas cordas, em todo percurso e distribuídas patrulhas que totalizam, em média, 450 homens. Para compor esse efetivo é utilizado pessoal do Quartel do Comando Geral, Centro de Ensino e 1º BPM. O desfile tem início às oito horas, mas o policiamento fica apostado a partir das seis horas. Desfilam representações de colégios, empresas públicas e privadas, Forças Armadas e Polícia Militar.
     A Polícia Militar participa desses desfiles desde 1935, quando urna vasta propaganda política promovida aparelho ideológico do Governo de Getúlio Vargas fez despertar, em todo o país, uma onda de sentimentos cívicos e as Forças Públicas Estaduais passaram a condição de força auxiliar e reserva do exército. No desfile da Polícia Militar participam, em média, 450 homens, com representações de todas as Unidades da Capital. Às oito horas os destacamentos militares estão prontos para a revista da tropa, que é feita pelo Governador do Estado e pelo General Comandante da Guarnição Federal da Paraíba, ambos transportados em um veículo blindado do Exercito. Para a execução da revista a tropa do Exercito se posta ao longo da Avenida Tabajara e a Polícia Militar na Avenida Getúlio Vargas, no lado direito de quem desce para o Parque Solon de Lucena.
          Após a revista a tropa da Polícia Militar desloca-se para a Praça da Independência, posicionando-se nas proximidades do Colégio Pio X, onde fica aguardando a hora do desfile. O destacamento motorizado permanece na Getúlio Vargas, onde aguarda a hora de acompanhar o desfile da tropa a pé. No desfile do ano 2000 o efetivo da tropa teve a seguinte composição; Destacamento de Comando, Centro de Ensino, Destacamento de Operações Especiais, Corpo de Bombeiros, Destacamento Motorizado e Esquadrão de Cavalaria. O destacamento de Comando foi formado pelo Tenente Coronel Francisco de Assis Silva, Comandante da Tropa; outro Tenente Coronel, Sub Comandante; seis Majores, compondo o Estado Maior; a Banda de Música, composta por 60 Praças, sob o Comando de um 1º Tenente; Três Tenentes conduzindo o Pavilhão Nacional e as Bandeiras do Estado e da Polícia Militar e mais sete alunos Oficiais completando a Guarda da Bandeira.
     O Centro de Ensino desfilou com pelotões de alunos Oficiais e um pelotão de alunos do Colégio da Polícia Militar. No Destacamento de operações especiais desfilaram frações dos policiamentos de Choque, Canil, Gat e Florestal. A tropa do desfile entra em forma ao lado do Quartel do Comando Geral, na Avenida Guedes Pereira, a partir das 6 horas. A incorporação da Bandeira ocorre às 7 horas. Quinze minutos depois a tropa se desloca, marchando, para o local da revista. São realizados dois treinamentos, o primeiro no Centro de Ensino e o segundo nas vias asfaltadas do projeto Costa do Sol, localizado no Cabo Branco. Para efeito de melhor divulgação, aproveita-se o desfile para se estrear os novos uniformes. Diversos bairros da Capital (Como Mangabeira, Valentina, Cidade dos Funcionários e Consta e Silva) e as cidades de Bayeux e Santa Rita promovem também desfiles cívicos militares, porém em datas ou horários diferentes do desfile principal da Capital. A Polícia Militar participa de todos esses acontecimentos, desfilando e executando o policiamento do local. Nas cidades de Guarabira, Campina Grande, Patos e Cajazeiras ocorrem também desfiles nessa data, eventos esses prestigiados por toda sociedade local. A Polícia Militar participa desses desfiles além de empregar considerável efetivo no isolamento do local.
2) Eventos internos
      Em determinadas ocasiões, paralelo às ações administrativas e operacionais, a Policia Militar desenvolve atividades destinadas a criar e manter uma boa imagem perante a opinião pública e voltadas a integrar seu público interno. São eventos culturais, esportivos, sociais e religiosos realizados para marcar a passagem de datas importantes para a corporação. Esses eventos ocorrem, quase sempre, no aniversário da corporação (03 de fevereiro), na passagem do dia consagrado a Tiradentes (21 de abril),  Patrono Cívico da nação e das Polícias Militares do Brasil, e no dia do Patrono da Polícia Militar da Paraíba (20 de agosto), Elísio Sobreira, ou por ocasião de término de cursos.
       Nessas ocasiões são realizadas, competições de futebol de campo, envolvendo equipes de Praças, Futebol Socyte, entre Oficiais, torneios de tiro, entre equipes das Companhias. No futebol de campo, são realizados torneios entre os Batalhões do interior e o vencedor disputa a final com o vencedor dos jogos da Capital. No futebol Socyte, realizado no Clube dos Oficiais, participam equipes do interior. Na competição de tiro só participaram, no ano 2000 equipes do capital. Como atividades religiosas são realizadas missas em ação de graças, geralmente na Igreja Basílica Nossa Senhora das Neves, sede da Arquidiocese, e cultos evangélicos, na Primeira Igreja Batista.
     A esses atos comparecem cerca de 100 policiais militares, entre escalados e voluntários. Na modalidade de eventos culturais, são realizadas palestras sobre temas do interesse da Polícia Militar e exposições, em locais de grande afluência de público de material e equipamentos utilizados pela corporação, além da realização de retretas, pela Banda de música, em logradouros públicos.  No ano 2000 essa exposição ocorreu no Chopingg Center Manaíra, o maior da Cidade. Pelas dificuldades materiais e pela redução do efetivo disponível para esse fim, considerando as atividades operacionais, esses eventos têm sido restringidos e só ocorrem no aniversário da Corporação.
        Por ocasião do término dos cursos de formação de oficiais, são realizadas festas sociais, com bailes, em clubes sociais ou locais de recepções dessa natureza. Nessas festas é obrigatório o uso do fardamento de passeio (Túnica caqui) para os oficiais que comparecem. Ainda como eventos internos registramos a realização de confraternizações de fim de ano que são promovidas em todas as Companhias nas quais participam grande parte dos efetivos respectivos. São também realizadas confraternizações entre os oficiais (e respectivos cônjuges), de cada Unidade, geralmente efetivadas através de jantares ou de almoços festivos, com as despesas rateadas entre os participantes. Esses tipos de atividades também são registrados no interior. As diversas entidades representativas de oficiais e de praças também promovem eventos com essa finalidade. O Clube dos Oficiais, a Caixa Beneficente e Associação de Inativos realizaram no ano 2000 atividades dessa natureza, para as quais afluiu grande quantidade de associados e de autoridades convidadas.
3) Solenidade militares  
              Solenidades militares são atos destinados a cultuar valores históricos inerentes a atividade militar, através de homenagens a destacadas personagens na vida da corporação, do Estado ou do país e fortalecer o espírito de corpo, desenvolver os sentimentos cívicos e marcar a passagem de momentos significativos na vida das corporações e de seus componentes enquanto profissionais. Nesses eventos, os militares, mesmo os pertencentes a corporações distintas da que promove o ato, inclusive das Forças Armadas, adotam procedimentos próprios, gerando a necessidade de manutenção de unidades doutrinárias e de padronização de condutas, que são normatizadas através de regulamentos, cujos princípios são adotados em todas as organizações militares.
      Esses princípios estão firmados no regulamento de continência, honras e sinais de respeito; regulamento de ordem unida; e regulamento interno de serviços gerais, adotados nas forças armadas e adaptados nas Policia Militares. Algumas são rotineiras, outras são realizadas em ambientes fechados, como auditórios, salas de comando ou outros espaços no interior dos quartéis. As solenidades especiais são realizadas, quase sempre, ao ar livre e ocupam grandes espaços.
     Na Policia Militar da Paraíba as principais solenidades militares são as seguintes: paradas diárias nas unidades militares; passagens de comando; comemorações da passagem do dia de aniversário da corporação (03 de fevereiro); comemorações da passagem do dia do patrono da corporação (20 de agosto); encerramentos de cursos militares; desfiles cívicos, e comemorações pela passagem do dia da bandeira.
4)  Paradas diárias.
         Diariamente, no interior dos quartéis são realizados atos solenes destinados a formalizar a substituição do pessoal de serviço. São as chamadas passagens de serviço. Nessa ocasião entra em forma todo efetivo que estiver entrando ou saindo de serviço. Depois de feitas as chamadas do pessoal escalado, são passadas as orientações para o serviço, feitas pelo policial militar de maior posto ou graduação presente ao ato. Em seguida é feita a rendição da parada com a execução dos seguintes comandos; "Sentido. Ombro armas. Em continência ao terreno, apresentar armas".
      Desfeitos esses movimentos, é dado destino à tropa, com cada fração deslocando-se para executar seus serviços. Com esse ato, busca-se a renovação do compromisso do policial militar com a prestação de serviços à sociedade. A continência ao terreno é urna veneração ao solo pátrio, que para os militares das forças armadas tem o sentido de obrigação com a defesa externa do país e para os policias militares significa o respeito à sociedade, e o devotamento com a defesa da ordem pública.
    O ato de apresentar armas é a maior reverência que uma tropa, ou um militar isoladamente, presta a urna autoridade, urna instituição ou um símbolo. Quando as condições matérias, espaço e disponibilidades de pessoal permitem, nesse ato também é feito a hasteamento do pavilhão nacional, ato este que precede a rendição da parada. Uma vez por semana, em cada unidade ou subunidade, é realizada uma parada geral, que obedece ao mesmo rito das paradas diárias, com algumas adaptações e que conta com participação da maior parte do efetivo. No Centro de Ensino, onde esse ato tem um caráter de instrução, ocorre também, no seu final, um desfile de toda tropa presente. Nessas ocasiões os Comandantes de tropa fazem preleções destinadas a fortalecer o espírito dos seus comandados, motivando-os para a prática do serviço, e transmitem orientações de caráter técnico profissional.
5)  Passagens de Comando
                     Quando um comandante de Batalhão, Companhia, Centro de Ensino ou Corpo de Bombeiros, Chefe de Seções do Estado Maior, ou Diretor, é substituído, ocorre o ato de passagem de comando, que é, quase sempre, formalizado através de ato solene. Nos casos de Chefes e Diretores, esses atos são realizados internamente sem muita formalidade.
        Nas passagens de comando de Batalhões e de Companhias do interior as solenidades são realizadas ao ar livre, com a presença das principais autoridades das cidades sedes dos Batalhões ou da Companhia. Nessa ocasião os Comandantes substituto e substituído, armados de espadas, passam em revista a tropa e colocam-se em lugar de destaque, próximo ao presidente da solenidade, o Comandante Geral ou outro oficial para esse fim designado. Depois da leitura dos atos de exoneração e nomeação, o Comandante substituído declara "Passo o Comando do tal Batalhão ao Tenente Coronel fulano de tal".
       Em seguida o Comandante substituto declara "recebo o Comando de tal batalhão”. Depois dessas palavras, ambos oficiais se voltam para o presidente da solenidade e se apresentam. Segue-se o desfile da tropa. Na capital esses atos são menos festivos.
6)  Eventos Sociais e cerimoniais civis
        Efetivos e meios da Policia Militar também são empregados em eventos sociais e cerimoniais civis, ocasiões em que essas participações alcançam especial destaque. Entre os muitos fatos dessa natureza podemos citar: Participação de Cadetes em Bailes de Debutantes e outros eventos; Participação de Efetivos do Esquadrão de Cavalaria em cerimônias civis e Participação da Banda de Música em solenidades das mais diversas.
        Em alguns casos, promotores de festas de debutantes convidam um grupo de Cadetes da Polícia Militar para participar do evento, dançando com as debutantes, geralmente em número de quinze. Os Cadetes comparecem com o Uniforme azul, portanto o espadim, e dançam uma valsa com as debutantes, o que ocorre à meia noite, o ponto alto da festa. A participação dos cadetes dá a cada uma dessas festas um maior status. No decorrer do ano 2000, ocorreram sete festas desse tipo, todas na capital.
  Efetivos da Polícia Militar têm também participação, como parte do cerimonial em muitas solenidades realizadas pelo Ministério Público, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Secretarias de Estado, Colégios da rede oficial ou Particulares e Entidades religiosas e esportivas.
       Em muitas dessas ocasiões se fazem presentes efetivas do Esquadrão de Cavalaria, com um uniforme de Calça vermelha e Túnica Branca e Chapéu de massa, portanto lanças e disposto em corredores, lembrando solenidade do período do Império Romano. Por esses corredores passam as maiores autoridades que comparecem aos atos. Em outros momentos, grupos de Cadetes, portando Bandeiras dos Estados, se colocam, de forma solene, por trás da mesa de trabalho, em eventos de aberturas de seminários, ou atos solenes de grande porte, que envolvem participação de representantes de outros Estados.
      No decorrer do ano 2000 foram realizadas 52 representações de Efetivos da Polícia Militar envolvendo todos esses tipos de solenidades. A Banda de Música também tem especial participação nessas representações efetuando tocatas, tanto nesses como em outros eventos, inclusive religiosos.  Ao ano de 2000 foram realizadas 202 apresentações nesses eventos. Tem destaque especial também a participação de um grupo de Cadetes, que, com uniforme azul, conduz, pelas ruas da capital, o andor da procissão do Senhor Morto, que é seguida por milhares de fiéis, na semana que antecede a passagem da Páscoa.
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