Coronel  Maquir Alves Cordeiro: Um líder por natureza

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O Coronel Maquir Alves Cordeiro é um líder por natureza, conforme ficará expresso nos dados que passamos a expor.

Apresentação

O líder é a pessoa que tem a função de identificar os interesses do grupo a que ele pertence, para motiva-lo a alcançar os seus objetivos. Para exercer esse papel o líder, além de conhecer o contexto das atividades do grupo que dirige e demonstrar entusiasmo por essas atividades, e ser naturalmente dotado de espirito público, altruísta, empático, solidário e criativo.

É consabido que a capacidade de liderança é uma habilidade que pode ser adquirida através de treinamentos. Mas, é inegável também que há pessoas  que nascem com essa habilidade e as circunstâncias da vida vão se consolidando. O perfil da vida do Coronel Maquir, que esboçamos neste trabalho, expressa que ele, desde a sua adolescência, é uma pessoa dotada de todos os requisitos para o exercício de atividade de liderança. Trata-se, pois, de um líder nato.

Tenho a honra de com ele conviver a 45 anos e posso testemunhar a sua retidão de conduta, o seu ilibado comportamento pessoal e social, a competência profissional, a sua ingente luta em defesas dos interesses da corporação e dos seus integrantes, o seu elevado espírito público e de cidadania, o que ficou demonstrado ao longo dos seus trinta anos de serviço ativo e nos mais de vinte anos na reserva remunerada.

Maquir Alves Cordeiro é natural de Mãe d’Água, pequena cidade encravada no sertão da Paraíba, onde ele viveu até os 21 anos de idade, trabalhando na produção de fibra de sisal, juntamente com seus nove irmãos. No início de 1965 ele ingressou na Polícia Militar da Paraíba como Soldado e alcançou o Posto de Coronel.

No decorrer das décadas de 1970/80 ele foi um dos Oficiais mais operacionais nos quadros da Polícia Militar da Paraíba. Portador de uma notável facilidade para liderar a tropa sob seu comando, ele sempre teve destacado papel tanto nas atividades de rotina no Batalhão Especial de Polícia e depois no 1º Batalhão, como nas ações que envolviam grandes efetivos na região metropolitana de João Pessoa.

Inteligente e devotado aos estudos, ele alcançou os títulos de Farmacêutico e Bacharel em Direito, além de realizar diversos cursos de especialização na área de Farmácia e Bioquímica. Com essa formação acadêmica, ele dirigiu por mais de três anos o Hospital Edson Ramalho, onde prestou relevantes serviços à sociedade paraibana.

Vigoroso defensor dos direitos dos policias militares e Bombeiros militares, Maquir sempre participou das diretorias do Clube dos Oficiais e da Caixa Beneficente de Oficiais e Praça, chegando a dirigir essas instituições por mais de 25 anos. Atualmente ele dirige a Associação do Pessoal Inativo da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.  (... e foi reeleito no dia vinte e oito de agosto de dois mil e vinte para mais um mandato)

As múltiplas dificuldades que ele viveu antes, durante e depois dos seus trinta anos de serviço ativo, forjaram sua personalidade, desenvolvendo a sua capacidade para liderar, tornando-o um profissional devotado e criativo e um cidadão com sentimento humanista, altruísta, solidário e empático. Neste trabalho registramos uma síntese da vida desse valoroso Oficial como forma de homenageá-lo pelo exemplo de cidadão e de profissional quer ele representa.

Maquir, um líder por natureza.

1. O esperto adolescente sertanejo

Até dezembro de 1961 a atual cidade de Mãe d’Água era Distrito de Teixeira, situada no sertão da Paraíba. Ali, no final da década de 1930, em uma pequena propriedade rural, começou a se formar a família de José Amaro Filho, natural de Piedade, em Pernambuco, e Rita Soares de Freitas, nascida na sede da cidade de Teixeira. Aos poucos a família foi crescendo, até completar dez filhos, dos quais o quinto, nascido no dia 16 de fevereiro de 1944, recebeu o nome de Maquir Alves Cordeiro.

José Amaro, conhecido por seu Zezé, juntamente com sua mulher, viviam de atividade agrícola, onde eram empregados todos os filhos, que começavam a trabalhar antes dos doze anos de idade. A principal atividade da família era plantar e colher agave para extração de fibras e produção de cordas de diferentes dimensões.

Assim, Maquir e seus irmãos (Socorro, Mariza, Marli, Manasses, Midian, Magdiel, Maviael, Meetábel e Marlene) viveram da agricultura por longos anos.

Um pouco antes de completar 14 anos de idade, Maquir se mostrava mais ativo, esperto e habilidoso que seus irmãos mais velhos, o que naturalmente lhe fez passar a dirigir essa pequena empresa familiar, distribuindo as tarefas de cada integrante do grupo. Curioso com o sistema de funcionamento da máquina que era utilizada na extração da fibra de agave, ele adquiriu habilidade para concerta-la sempre que precisava, o que ocorria com muita frequência.

Uma das tarefas de Maquir era transportar a produção de cordas para a cidade de Patos onde era vendida a  um comerciante. Para esse fim eram utilizados caminhões que regularmente faziam esse percurso.

A produção de fibras era maior do que a capacidade de produção de cordas, pelo que a parte desse material que sobrava era comercializado na feira de Teixeira, nos sábados. O transporte de fibra era feito no lombo de burros e Maquir seguia à pé conduzindo os animais. Esse deslocamento, com percurso de cerca de 30 quilômetros, durava, em média, seis horas de ida e seis de volta.

Depois de efetuadas as vendas dos seus produtos, Maquir, fazia a feira da família e comprava roupas para seus irmãos e utensílios para uso comum ou individual, na feira de Maturéia, que ocorria nas quartas-feiras.

Nessa atividade, certo dia, depois de efetuar o pagamento das compras que fez, Maquir notou que tinha sobrado mais dinheiro do que a receita com as vendas das fibras de agave, menos as despesas com as compras, indicavam. Depois de muitos cálculos ele concluiu que um comerciante de Maturéia, nas compras das fibras que tinha feito, lhe pagou mais do que lhe era devido. Por essa razão, já no fim da tarde, ele voltou e devolveu o que tinha recebido indevidamente, deixando o comerciante espantado com o ato de honestidade daquele jovem.

Em 1958 houve uma grande seca em todo sertão nordestino. O Senador Rui Carneiro, atendendo a um pedido do Deputado Estadual José Gaioso, importante político da região de Patos, conseguiu uma forma ajudar a população carente da região de Teixeira, através da implantação de uma Frente de Emergência. Essa atividade consistia na recuperação da estrada que ligava os então Distritos de São José do Bonfim e Mãe d’água.

Seu Zezé, o pai de Maquir, foi designado como Fiscal Geral dessa obra, que contava com a participação de centenas de pessoas. Maquir, na época com 14 anos, foi empregado na função de transportar água de um rio próximo às obras, para os trabalhadores. Ele ficava nessas atividades até às quatro horas da tarde e depois, seguia para a escola, na sede do Distrito, o que era feito à pé, em uma caminhada de mais de duas horas. Nesse sacrifício ele estudou o equivalente ao segundo ano primário.

Quando Maquir completou 17 anos, adquiriu a sucata de um motor para extração de fibra de agave e, aos poucos, com astúcia e criatividade, conseguiu fazê-lo funcionar. Com esse motor ele começou a produzir independente da empresa familiar, e foi formando seu próprio capital. Mesmo assim, continuava dirigindo os negócios da família.

Em 1961 ocorreu a emancipação política de Mãe d’Água. José Tota, jovem político com atuação na área de Patos, foi eleito Prefeito da cidade. Seu Zezé foi eleito Vereador da cidade e depois se tornou Presidente da Câmara. O Prefeito instalou um sistema de amplificação de som que alcançava toda área urbana da cidade e Maquir foi nomeado para ser o locutor da denominada Difusora Municipal.

Paralelo a essas atividades, Maquir montou um bar na cidade, adquirindo assim mais uma fonte de renda. Além dessas atividades, Maquir auxiliava Seu Zezé que tinha uma farmácia e fazia aplicação de injeção nos moradores da zona rural, principalmente de soros antiofídicos, o que ocorria com muita frequência. Por conta disso, Maquir e seu pai eram conhecidos como farmacêuticos.

Reunindo um grupo de amigos, Maquir organizou um grupo para fazer serenatas, o que era feito na calçada da Igreja, no centro da cidade. Algumas vezes esse grupo se dirigia aos sítios para fazer serenatas nas proximidades das casas das namoradas dos seus integrantes, mesmo com severas resistências dos pais das homenageadas.

O grupo era formado por Maquir, no pandeiro, Manasses e Edísio como vocalistas e Luiz Soares, violonista.

Na casa de Maquir existia um dos poucos aparelhos de rádios da localidade. Para conseguir fazer esse aparelho sintonizar as emissoras, foi instalada uma antena que tinha o cumprimento do telhado da casa.

As irmãs de Maquir ouviam muito a Rádio Globo, onde os grandes cantores lançavam suas músicas. Os maiores sucessos eram tocados diversas vezes ao dia e as fanáticas ouvintes de Mãe d’Água iam copiando as letras e cantarolando as músicas. Depois elas passavam tudo para o grupo das serenatas que as executavam para delírio das poucas pessoas que se atreviam a sair à rua para ouvi-los. E a vida do promissor jovem seguia naquela pacata cidade, até que um fato mudou o rumo da sua vida de forma radical e brusca.

Em 1950, o pai de seu Zezé, o velho José Amaro Cordeiro, flagrou um conhecido vizinho do Distrito roubando um burro da sua propriedade e reagiu pondo o ladrão em fuga e retomando o animal. Como era natural, a vizinhança comentou o fato e o acusado se sentiu ofendido e difamado. Por essa razão ele espreitou “o velho” e lhe espancou violentamente, causando graves ferimentos. Toda família de Zé Amaro ficou revoltada.

O então Sargento José Lira, parente de seu Zé Amaro e considerado um policial valente e afeito à busca de malfeitores, foi acionado e se deslocou da capital com uma patrulha para capturar o acusado. Durante muitos dias foram feitas diligências, mas o cara não foi encontrado. Naquela época Maquir tinha 6 anos.

No início de 1964 o tal ladrão do burro de seu Zé Amaro voltou à cidade e começou a namorar uma jovem moradora do sítio. Certo dia, o grupo de Maquir fez uma serenata nas proximidades da casa daquela jovem. Dias depois o cara foi encontrado morto. Surgiram acusações contra Maquir que acabou preso na cadeia de Teixeira, no mesmo ano.

A essa altura Maquir, agora com 20 anos de idade, tinha acumulado uma considerável economia. O interior daquela cadeia, como o da maioria das demais cidades daquele porte, era muito sujo e exalava um mal cheiro tão forte que incomodava a vizinhança.

Quando Maquir ali chegou pagou aos presos para fazer uma limpeza geral no local, inclusive financiando todo material necessário. Depois combinou com os oito presos ali existentes, que pagaria a cada um deles uma recompensa semanal em dinheiro para que a limpeza fosse mantida. A Cadeia ganhou outro aspecto.

Toda a cidade tomou conhecimento do que o farmacêutico tinha feito e muitas mulheres da cidade queriam conhece-lo. O fato foi motivo até de comentários no sermão da missa local, com a clara objeção do Padre ao comportamento das moças da cidade. Maquir ficou famoso e passou a receber muitas visitas.

Dias depois houve um arrombamento do portão da cadeia e a fuga de todos os presos, menos Maquir, fato que gerou muita admiração dos moradores da cidade. Passam-se os dias e outros presos chegam àquele presídio. Maquir manteve a liderança e o financiamento da limpeza. E outra fuga ocorreu. E Maquir não seguiu o grupo de fugitivo.

José Amaro Filho e Rita Soares de Freitas

Depois de oito meses de recolhimento, Maquir foi submetido ao júri. Naquela oportunidade constatou-se a fragilidade das provas contra ele e levado em conta o fato de ele não ter fugado em duas oportunidades que teve durante a sua reclusão o que era prova inconteste da sua inocência. Foi absorvido por sete a zero.

Cadeia Pública de Teixeira

2. A carreira policial militar.

Em liberdade, e ainda com uma boa economia, Maquir resolveu tentar a vida de outra forma e para isso seguiu para a capital do Estado no final de 1965.

Naquela época o Primeiro Tenente Daniel Cordeiro de Morais, parente de Seu Zezé, prestava serviço na Casa Militar. Seu Zezé pediu uma ajuda a esse amigo para arranjar uma colocação para Maquir.

Daniel perguntou se Maquir queria entrar na Polícia, e ele prontamente aceitou, sendo encaminhado ao Segundo Tenente Natalício Evangelista dos Santos no setor de identificação da PM e em seguida à PM/3, onde foi submetido a um teste, sendo aprovado e no mesmo dia incluído. Era o dia 28 de janeiro de 1966.

Naquela data as economias de Maquir eram equivalentes ao total do que um Soldado ganharia em um ano.

Depois de incluído ele foi encaminhado para o Centro de Instrução, no Bairro do Roger, onde aguardou a chegada de outros aprovados nos testes para iniciar o Curso de Formação de Soldado. Esse era o procedimento padrão da época.

Enquanto aguardavam para começar o curso, os aprovados trabalhavam na invernada, que era uma área em torno do Centro de Instrução, onde se fazia plantações de milho, feijão, macaxeira, batatas e outros gêneros dessa natureza.

 

2.1  O praça

Maquir, o civil e o Soldado em 1966.

Durante o Curso, Maquir percebeu a necessidade de estudar e se matriculou no Colégio Thomas Mindelo, no Centro da cidade, onde, depois de submetido a um teste, começou a estudar no quarto ano primário.

Paralelo a isso ele começou a estudar para a prova de admissão ao ginásio, sendo aprovado no ano seguinte para fazer o curso ginasial no Colégio Estadual do Roger.

Terminado o Curso de Formação de Soldado, no dia 6 de junho de 1966, Maquir foi prestar serviço no 1º Batalhão, onde se interessou pelas atividades de Radiotelegrafia e começou a estudar a forma de  transmissão de mensagem. Juntamente com outro Soldado ele estudou e praticou o emprego do código morse.

No dia 6 de janeiro de 1967 houve uma seleção para Cabo Radiotelegrafista e ele foi aprovado em segundo lugar entre doze candidatos. Três dias depois ele foi promovido.

O concurso foi Coordenado pelo Major Clodoaldo Monteiro da Franca, um Oficial conhecido pelo rigor na disciplina e pela lisura de conduta. A prova prática consistiu na transmissão de uma mensagem ditada pelo Capitão Raimundo Cordeiro de Morais, que quando praça foi Radiotelegrafista.

O jovem sertanejo acabava de dar mais um importante passo na sua vida profissional. Passou poucos meses como Cabo, pois suas aspirações eram maiores. No dia 29 de abril de 1968 ele foi aprovado no Concurso de Sargento. A prova foi aplicada no Teatro Santa Rosa e logo após o concurso ele foi promovido a Terceiro Sargento.

O jovem sertanejo foi o quinto lugar do concurso e o orador na festa de comemoração, realizada na Churrascaria Bambu, no Parque Solon de Lucena, Centro de João Pessoa. Naquela oportunidade, Maquir disse, no seu discurso, que se sentia muito honrado em ser Sargento da PM, mas que iria ser oficial e para isso iria estudar muito. Naquela época ele tinha iniciado o Curso Ginasial.

Como Terceiro Sargento ele prestou serviços no Rancho do Primeiro Batalhão como auxiliar de escrita. Naquela época existiam muitas vagas no Quadro de Sargentos e por essa razão ele foi promovido à graduação de Segundo Sargento no dia 10 de julho de 1969. Aquele ano, como o anterior, foi de muita agitação política em todo o país com a efetivação de grandes manifestações estudantis e seus reflexos na ordem pública. Por esse motivo as polícias militares passaram por treinamentos específicos.

Nesse contexto Maquir fez um treinamento intensivo de Informações, ministrado por instrutores da USAID, um organismo do Governo Americano que promovia cursos e fornecia material operacional para as polícias de todos os Estados.

Em fevereiro 1970 Maquir começou a fazer o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento, que foi concluído em outubro do mesmo ano. Dessa forma, ele estava habilitado a seguir a carreira de praça até a graduação de Subtenente. Mas ele queira mais.

Em 1970 Maquir concluiu o curso ginasial no Colégio Estadual do Roger, sendo o único aluno nos quatro anos anteriores a ser aprovado por média em todas as matérias em todas as séries.  Por esse motivo ele foi homenageado pela Direção do Colégio com a entrega da Medalha de Honra ao Mérito.

Essa honraria foi comunicada por ofício ao Comandante da PM, o Coronel Ozanan de Lima Barros, que com fundamento nesse documento, registrou um elogio ao Sargento Maquir ressaltando as suas qualidades como estudante e como policial militar.

No dia 26 de dezembro de 1970 o Boletim do Comando Geral da PMPB publicou a seguinte nota:

Elogio publicado no Boletim do Comando Geral

 

2.2   O Oficial operacional

Enquanto fazia o CAS Maquir cursava o 4º ano ginasial e estudava o programa da seleção do Curso de Formação de Oficiais. Nesse esforço aprendeu o suficiente para ensinar o programa de matemática e de português a um grupo de amigos que seriam seus concorrentes no concurso. Concomitante com essas atividades ele também exerceu as funções Subcomissário de Tambaú.

No final de 1970 foram abertas as inscrições para a seleção ao Curso de Formação de Oficiais. Naquela época se exigia que os candidatos a essa seleção tivessem concluído o curso ginasial, o que Maquir tinha conseguido poucos dias. Foram oferecidas dez vagas e o concurso era aberto a militares e civis.

Maquir se inscreveu e no exame intelectual, realizado após o psicotécnico, que teve cárter eliminatório, foi aprovado em segundo lugar, enfrentando uma concorrência de doze candidatos por vaga.

Aprovado também no exame físico, ele enfrentou o drama com o exame médico. O edital desse Concurso, como dos anteriores, exigia que os candidatos tivessem no mínimo, 1,65m de altura. Maquir só tinha 1,60m. A barreira para a concretização do sonho de ser oficial parecia intransponível. Mas a força de vontade, forjada ao longo de uma vida cheia de sacrifício não deixou o virtuoso jovem sertanejo desistir. Seu foco era ser Oficial e lutou para alcançar esse objetivo. Atualmente isso poderia ser denominado de capacidade de resiliência.

Maquir elaborou e encaminhou ao Comandante Geral uma longa e bem articulada exposição de motivos requerendo que a exigência de 1,65m como altura mínima dos candidatos fosse reduzida para 1,60m, argumentando, em síntese, que a altura de um homem não poderia ser requisito para provar honestidade, inteligência, capacidade técnica, coragem física e moral, espírito público, lealdade e senso de justiça, qualidades indispensáveis ao exercício das atividades de um policial militar.

O Comandante da PM era o Coronel Ozanan de Lima Barros, um homem conhecido pelo seu elevado espirito de justiça. O pedido foi encaminhado pelo Major Raimundo Cordeiro de Morais, que era Assistente do Comandante. Ozanan, que tinha aproximadamente 1,90m de altura, analisou o pedido e comentou que concordava em parte com os argumentos do requerente, mas que um homem com 1,60 de altura era muito pequeno para ser policial militar.

Para concluir, Ozanan disse ao seu Assistente que se o requerente fosse o menos do tamanho de Luna, poderia atender ao pedido. Luna era um Segundo Tenente do Quadro da Administração, que exercia a função de Aprovisionador no Quartel do Comando Geral e era muito eficiente no seu trabalho e por isso também gozava de um bom conceito junto ao Comandante.

Por coincidência o Tenente Luna estava na antessala do Gabinete do Comando aguardando para um despacho. O Major Raimundo mandou Luna entrar e o Comandante lhe perguntou qual era a sua altura e ele respondeu que tinha 1,56m.  Ozanan deu um sorriso, e deferiu o pedido.

Juntamente com Maquir foram aprovados: Romildo dos Anjos, Celso Cardoso, José Silva Rocha, José Moreno da Silva, Paulo Siqueira, João Batista Nascimento, João Araújo, e José Querino.

O CFO foi realizado na Escola de Formação de Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco, situada no Bairro de Jangadinha, na cidade Recife. Durante o Curso Maquir integrou a comissão de festa da turma exercendo a função de tesoureiro, mas se envolvendo com todas as atividades do interesse da turma e dos demais alunos junto à direção da Escola.

Durante todo curso Maquir foi a maior liderança da turma, apoiando e orientando os novos alunos que lhe tinham como um exemplo a ser seguido.

Terminado o Curso no dia 14 de dezembro 1973, quando foi declarado Aspirante a Oficial, ele foi designado para servir no 1º Batalhão, onde inicialmente foi Tesoureiro de Estabelecimento de Fardamentos e Equipamentos (EFE – Setor que arrecadava recursos oriundos de descontos nos contracheques de todos os policias militares e que eram destinados à aquisição de fardamento da Corporação).

Ainda nessa função ele foi promovido ao posto de Segundo Tenente no dia 24 de agosto de 1974. Depois ele foi Tesoureiro do Batalhão Especial, Chefe do Setor de Transporte, Comandante da Companhia de Guardas e da Companhia de Trânsito e P/2.

Em 1977 ele, em decorrência das suas funções como P/2, foi o Chefe da Segurança Bancaria da Região Metropolitana de João Pessoa, atividade que consistia no controle das Empresas de Segurança Privada e na fiscalização do sistema de alarme instalado no COPOM. Cumulativamente ele era o Comandante da Companhia de Rádio Patrulha, função que exerceu por dois anos.

Em 21 de abril de 1978 Maquir alcançou o posto de Primeiro Tenente e continuou prestando serviço no Primeiro Batalhão.

Quando o Comando Geral foi transferido para o seu atual Quartel, em 1977, o Major José Batista do Nascimento, que acabava de retornar de um Curso de Informações realizado no Rio de Janeiro, assumiu a direção da Segunda Seção do Estado Maior. Pretendendo montar uma estrutura que permitisse uma maior dinâmica desses serviços, o Major Batista solicitou a transferência do Tenente Maquir para aquele setor.

O Comandante do Primeiro Batalhão era o Tenente Coronel Marcílio Pio Chaves, que estava montando uma estrutura administrativa independente, pois enquanto o Comando Geral funcionava no mesmo prédio do Batalhão, muitas funções desses órgãos eram comuns. Por essa razão Marcílio não liberou Maquir, que ainda era Segundo Tenente e estava estruturando a P/2.

O impasse durou até março de 1979, com a chegada do novo Comandante Geral, que era o Coronel Severino Talião de Almeida. Diante desse impasse Talião convocou Maquir e solicitou que ele ficasse trabalhando pela manhã como Comandante da Companhia de Rádio Patrulha e a tarde na PM/ 2, como Adjunto. E assim foi feito por mais de dois anos.

Dotado de muitas habilidades operacionais, aptidão para liderar a tropa sob seu comando e exercendo importantes funções nas atividades fins, Maquir passou a ser um dos oficiais mais operacionais da corporação durante o seu tempo de Tenente.

Durante o seu período de Tenente Maquir foi instrutor nos cursos de Formação de Soldados, de Cabos e de Sargentos e integrou o Conselho Permanente de Justiça da Auditoria da Justiça Milita.

No início da década de 1980 Maquir ingressou na maçonaria como integrante da Loja 21 de abril, aonde obteve o grau 33, a mais alta posição hierárquica da entidade.

 

3.   Casamento

Em 26 de julho de 1980 Maquir contraiu matrimônio com Zélia Mendes Cordeiro, na Igreja da Lurdes, na Avenida João Machado. Zélia é Cirurgiã Dentista, formada pela Universidade Federal da Paraíba em 1981, aposentada pelo Estado em 2015, depois de ter prestado 26 anos de ininterruptos serviços no Centro de Odontologia de Cruz das Armas, vizinho ao Hospital Frei Damião.

 

Expressando o seu orgulho de ser policial militar, Maquir se casou fardado.

Dessa união nasceram Maquilson, (Em 22 de fevereiro de 1981) e Mailson Cesar (Em 24 de maio de 1984).

Maquilson fez o Curso de Biomedicina na Faculdade Santa Emília de Rodat, trabalha no Hospital Metropolitano Frei Damião, em Santa Rita e está cursando Odontologia na Unipê. É casado com a Médica Mamara Alves Cordeiro.

Mailson Cesar ingressou na Polícia Militar da Paraíba em 9 de abril de 2003, e depois de passar pelos postos de Oficial Subalterno, foi promovido a Capitão em dezembro de 2013. Casado com a Administradora Talitha Torquato, e tem um filho de nome Marcos Túlio, nascido em 2015.

A família de Maquir em diferentes fases

4.   A carreira acadêmica

Até 1971 o CFO exigia o Curso Ginasial na seleção, e durante o Curso eram ministradas todas as disciplinas do que na época era denominado de curso científico. Ou seja, ao terminar o curso os alunos estavam legalmente habilitados a prestar o vestibular. Nessa condição Maquir ingressou na Universidade Federal da Paraíba em 1974, através do vestibular, o que ocorreu em meio às suas múltiplas atividades na Corporação.

Dessa forma ele concluiu o Curso de Farmacêutico, em dezembro de 1978 e no ano seguinte o Curso de Bioquímica na mesma Universidade. Em 1980, depois de muitas dificuldades, ele conseguiu autorização para fazer um Estágio de Bioquímico, no Hospital da Polícia Militar de São Paulo,  o que foi autorizado no último despacho do Governador Dorgival Terceiro Neto.

Dando continuidade à sua formação nessa área, Maquir concluiu em 1981 o Curso de Indústria Farmacêutico, também na UFPB.

Promovido a Capitão em 21 de abril de 1981, Maquir começou a desenvolver ações relacionadas à sua formação acadêmica junto ao Ambulatório Médico da Polícia Militar, sempre cumulativamente com as suas atividades operacionais. Paralelo a essas atividades Maquir integrava a Direção do Clube dos Oficiais e fazia parte da equipe de tiro ao alvo da Polícia Militar participando de competições em outros estados.

O Quadro de Oficiais de Saúde (QOS) da Polícia Militar foi criado no início de 1976 e foi, inicialmente, composto pelos Oficiais que tinham curso superior na área de saúde, e que para isso optasse. Os primeiros integrantes desse Quadro foram o Coronel José de Souza Maciel, Médico Clínico Geral e o então Major Hélio Leite de Albuquerque, Cardiologista. Ambos oriundos do CFO.

Em 1979 foi criada a Junta Médica de Saúde, (JMS) destinada a avaliar as condições de saúde do pessoal que ingressava na Corporação ou passavam para reserva ou reforma. Com a ativação da JMS, em 1981, ingressaram no QOS o Major Geová Cordeiro, médico ginecologista, o Capitão Romualdo Guilherme e o Tenente Giovani Domingos, que eram dentistas, além do Capitão Maquir Alves Cordeiro, que era Bioquímico. Esse pessoal, juntamente com médicos civis que prestavam serviço na Polícia Militar, constituiu a JMS e se instalou em um prédio na Rua da Areia, local que tinha sido ocupado pelo órgão que controlava o abastecimento dos veículos do Estado. Mesmo no Quadro de Oficiais de Saúde, Maquir continuava a exercer funções operacionais na tropa. Além das atividades relacionadas com a Junta Médica, esse corpo médico passou a atender, em caráter ambulatorial, os policiais militares e seus dependentes, e por essa razão o serviço foi denominado de Ambulatório Médico da Polícia Militar. O Coronel Hélio Leite dirigia o Ambulatório cumulativamente com as funções de Diretor de Saúde da Polícia Militar. Como no QOS não definia com muita clareza os postos de cada especialidade, e isso trazia dificuldade para a acessão funcional de Maquir, ele solicitou o seu retorno para a tropa, o que se deu no dia 11 de fevereiro de 1983. Mesmo durante o tempo em que Maquir voltou para a tropa, continuou prestando serviço no Laboratório de Análise do Ambulatório da PM.

Naquela época a aplicação de testes psicotécnicos nos concursos da Polícia Militar tinha um custo muito elevado. Por essa razão, em outubro de 1983, Maquir e outros Oficiais da Corporação fizeram um estágio, em uma clínica particular em Recife, para aplicação de testes de avaliação psicológica. No mesmo ano ele integrou a Comissão do Concurso do CFO.

Em 1985 Maquir fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) no Rio de Janeiro, se habilitando legalmente e tecnicamente às promoções aos postos de Oficial Superior. Ao voltar do CAO, em 1986, ele conseguiu recursos junto ao Comando Geral para criar um Laboratório de Análise no Ambulatório Médico da Polícia Militar, que, inicialmente, foi por ele dirigido.

O QOS foi reestruturado e em janeiro de 1986 foram incluídos quinze Oficiais Médicos, de diferentes especialidades, no Posto de Primeiro Tenente no dia 1º de março daquele ano Maquir, ainda no posto de Capitão retornou a esse quadro e no dia 25 de dezembro daquele ano foi promovido a Major.

5.   Maquir Diretor do Hospital Edson Ramalho   A passagem da Direção do Hospital Edson Ramalho para o Comando Polícia Militar se deu em meio a uma grande crise financeira do Governo do Estado que acarretou um longo período de greve da maioria dos servidores públicos.

Essa crise, que já vinha se arrastando desde o começo de 1990, se ampliou a partir do mês de setembro quando o Banco do Estado da Paraíba (PARAIBAN) entrou em processo de liquidação extrajudicial. Segundo foi noticiado esse fato se deu em decorrência de um elevado débito que o Estado tinha com esse banco.

O pagamento dos vencimentos dos servidores, que já estavam defasados pela elevada inflação da época, começou a atrasar em mais de quinze dias. Os trabalhadores na educação e na saúde começaram a fazer manifestações públicas alertando o Governo para essa situação. Começaram os movimentos grevistas.

No final de dezembro a Polícia Civil entrou em greve reivindicando aumento e pagamento dos vencimentos. Nessa emergência, diversos Oficiais da PM que tinham formação em Direito foram nomeados Delegados e ficaram aguardando, mas não chegaram a ocupar funções, pois a greve teve pouca duração.

No início de 1991, alunos da rede de ensino privado fizeram greve contra o aumento das mensalidades e alunos da rede pública aderiram. Nas manifestações houve tumultuo que resultaram em pessoas feridas e ônibus incendiados. Houve iminência de um confronto com a polícia em uma manifestação em frente ao Colégio Estadual, no centro da cidade de João Pessoa. Essas manifestações também ocorreram em Campina Grande.

Nesse contexto, Ronaldo Cunha Lima assumiu o Governo no dia 15 de março de 1991. Já no início do Governo houve denúncias de que a situação do Hospital Santa Isabel era muito grave. As Greves do pessoal da educação e da saúde foram se intensificando a cada dia. O Judiciário também pressionava o Governo alegando os mesmo motivos dos servidores do executivo.

Motoristas de ônibus e Cobradores também entraram em greve. O mesmo ocorreu com a Saelpa. Como o Estado atrasou o pagamento das empresas que estavam construindo uma parte das casas de Mangabeira, algumas obras foram paralisadas e muitas pessoas perderam o emprego.

As negociações do Governo com os seguimentos de servidores em greve se arrastaram por meses. Na pauta dos grevistas as questões eram as mesmas: atualização do pagamento e aumento de vencimentos. Nem o pagamento era atualizado nem saia aumento.

No início de agosto o Governo começou a negociar uma proposta de aumentos com os servidores. Os policiais tiveram um aumento 160%, os professores 217% e o pessoal da área de saúde 185%. Os professores não aceitaram o aumento e continuaram em greve e o Governo ameaçou bloquear os contracheques deles. A reação foi uma ameaça dos professores invadirem a Secretaria de Educação. A PM foi acionada e contornou o problema.

Aos poucos outros servidores foram encerrando as greves. O pessoal da saúde radicalizou. O Hospital Edson Ramalho estava totalmente parado desde o início do Governo.

No final de agosto Ronaldo Cunha Lima viajou e o vice-governador Cícero Lucena assumiu interinamente.

Diante da caótica situação em que se encontravam aos serviços de saúde do Estado, Cícero Lucena se reuniu com o Secretário de Saúde, o Doutor Zuca Moreira, o Comandante da PM, o Coronel João Batista Lira, e com o Diretor de Saúde da PM, o Coronel Hélio Leite de Albuquerque para se buscar uma solução para o problema.

Ao final da reunião ficou decidido que o Hospital Edson Ramalho passaria a ser administrado pela Polícia Militar, o que foi formalizado por um Decreto que foi assinado naquela ocasião.

No dia 29 de agosto o Coronel Hélio, juntamente com diversos dos seus auxiliares, fez uma visita ao Edson Ramalho e comunicou aos servidores que ali se encontravam que a PM estava assumindo a direção daquele Hospital e que no dia 2 de setembro estaria chegando com a sua equipe para começar os trabalhos.

Além dos Oficiais do Quadro de Saúde, o Coronel Hélio contava com médicos civis que prestavam serviço à PM.

Assim, no dia 2 de setembro de 1991, sob a direção do Coronel Hélio Leite, e contando com cerca de 40 médicos, além de muitos enfermeiros e auxiliares de enfermagem do quadro de saúde da corporação, e outros policiais militares que atuavam como auxiliares da administração, o Hospital Edson Ramalho passou a ser administrado pela Polícia Militar.

As principais funções de Direção foram ocupadas pelos seguintes Oficiais: Diretor Geral, o Coronel Hélio Leite de Albuquerque; Diretor Técnico, o Capitão Feliz Humberto Pessoa Belmont; Diretor Administrativo, o Major Maquir Alves Cordeiro.

O Conselho Estadual de Saúde, formado por representantes dos diversos seguimentos dos profissionais de saúde tentou impedir que essa medida se efetivasse, mas o Governador foi inflexível.

Quando a PM assumiu a direção técnica do Edson Ramalho, Maquir exercia as funções de Chefe da Segunda Seção do Estado Maior, mas também prestando serviço no Laboratório de Análise do Ambulatório Médico da PM e nessa condição gozava da irrestrita confiança do Coronel Hélio Leite, que por esse motivo o indicou como Diretor Administrativo do Hospital Edson Ramalho.

Correio da Paraíba no dia 2 de setembro de 1991

Os serviços regularmente prestados pelo Hospital e a demanda reprimida criaram uma carga de trabalho tão intensa que o Coronel Hélio estava de tal forma ocupado com o setor de cardiologia e no atendimento ambulatorial de cardiologia, que não tinha como se voltar para outras áreas da administração. Por esse motivo, quase tudo do Hospital ficava sob a responsabilidade de Maquir.

Dessa forma, além de controlar todas as finanças do Hospital, que foram encontradas em estado deplorável em razão do longo tempo de greve dos servidores da saúde, Maquir, com a orientação do Coronel Hélio, também administrava as questões relacionadas à pessoal e material. Por sua iniciativa e com apoio do Diretor Geral, foram restaurados diversos equipamentos e dependências do Hospital, inclusive a área da UTI, o que foi feito com baixo custo e muita criatividade.

Para melhor estruturar a administração, Maquir e o Coronel Hélio recrutaram muitos policiais militares, da ativa e da reserva, da sua confiança e com habilidades específicas em finanças, serviços gerais, atividades burocráticas, e segurança. Os Majores Reformados José Querino e Reinivaldo Amaral, estavam entre os principais assessores de Maquir.

Para melhor compreender o funcionamento do Hospital, Maquir colocou um desses policiais em cada setor de trabalho com a recomendação de não criar atrito e aprender o máximo dessas atividades.

Assim, aos poucos ele foi obtendo informações e conhecimentos que foram lhe ajudando na adoção de medidas adequadas para o melhoramento dos serviços. Em pouco tempo a administração ganhou a confiança de todo corpo de servidores que ali prestavam serviço.

Foi criado um serviço de oftalmologia e adquiridas 300 lentes, o que permitiu o início da prestação dos serviços de cirurgia de catarata, com prioridade de atendimento para pessoas mais carentes. Muitas pessoas beneficiadas por esse serviço e que estavam parcialmente cegas antes da operação, ao se recuperarem procuravam Maquir para agradecer em prantos de felicidades, o que era sempre muito comovente.

Ainda como inovação na prestação de serviço, Maquir criou um tratamento de dependente químico que atendia pessoas dos mais variados níveis socioeconômico. O tratamento era regime de internato e tinha a duração mínima de um mês, mas alcançava bons resultados.

Com o intuito de fortalecer a autoestima dos servidores, Maquir fez contato com o SEBRAE e desenvolveu um treinamento de controle de qualidade que, de imediato, começou a dar bons resultados. Foram instalados aparelhos de Televisão nas Portarias e em alguns setores do Hospital e neles eram exibidos vídeos didáticos sobre as atividades dos diversos profissionais de saúde.

Com isso foi despertando nos servidores o interesse para atualização profissional, o que ensejou a participação de muitos deles em Seminários, Palestras e Congressos com essa finalidade, o que era feito com apoio integral ou parcial da Direção do Hospital. Ainda com esse propósito, o Hospital facilitou a realização de Cursos de Especialização de alguns médicos.

Ainda em 1991, no dia 25 de dezembro, Maquir foi promovido a Tenente Coronel, no Quadro de Saúde. Com a estrutura que o Hospital conseguiu montar, foi possível a criação de um Serviço de Urgência que passou a ser cada vez mais procurado pela população.

Com esses avanços o Hospital passou a ser muito procurado pela população o que acarretava necessidade de um adequado aporte financeiro, o que era feito com o repasse dos valores correspondentes à quantidade e atendimentos efetuados e formalizados por meio das Guias de Autorização de Internamento Hospitalar AIH. Esses recursos eram oriundos do Governo Federal e o repassa era feito pela Secretaria de Saúde.

Vistas do Hospital Edson Ramalho

A quantidade de AIH que o Hospital emitia correspondia ao repasse de um valor que atendia às necessidades do seu funcionamento e a aquisição de meios para o melhoramento dos seus serviços.

Ocorre que a Secretaria de Saúde alegando que esses recursos deveriam ser divididos de forma igualitária com todos os Hospitais, independente da quantidade de AIH emitidas, repassava para o Edson Ramalho valores estes muito abaixo do que lhe era devido. Tal medida estava inviabilizando a administração do Edson Ramalho, que só recebia  apenas uma parte do valor das AIHs que emitia.

Insatisfeito com esse procedimento, o Coronel Hélio, depois de inúmeras tentativas de resolver tal questão junto à Secretaria de Saúde, resolveu ameaçar tornar público esses fatos por meio de um comunicado aos órgãos de imprensa.

Maquir, que era muito ouvido pelo Coronel Hélio, tentou demovê-lo dessa atitude, aconselhando-o a buscar outros meios para resolver o problema, Mas apenas conseguiu amenizar os termos da comunicação que acabou sendo efetivada.

Naturalmente esse fato tomou conotações de uma queda de braços entre Zuca Moreira e o Coronel Hélio, o que tinha um viés político e o prestígio do Secretário junto o Governador era maior do que o do Coronel. Com isso ocorreu a Exoneração do Coronel Hélio Leite, no dia 6 de março de 1992 e, na mesma data, a nomeação do Tenente Coronel Maquir para ocupar a mesma função.

Correio da Paraíba do dia 19 de abril de 1992

A partir de então, durante três anos o Tenente Coronel Maquir administrou o Hospital Edson Ramalho, dando continuidade ao trabalho que vinha desenvolvendo, com a mesma disposição e competência, dedicando uma jornada diária das sete da manhã às nove da noite, o que, muitas vezes, ocorria também nos dias não úteis.

Sempre na busca do aprimoramento profissional, ele fez um estágio no Setor de Microbiologia na Policlínica da Polícia Militar de Pernambuco, em dezembro de 1994, o que ampliou seus conhecimentos técnicos nas atividades de Laboratório de Análise.

Mesmo em meio a todos os afazeres que as suas funções exigiam, Maquir concluiu o Curso de Direito na Universidade Autônoma da Paraíba no final de 1995.

No dia 26 de março de 1995, Maquir pediu exoneração das suas funções de Diretor Geral do Edson Ramalho e foi designado Diretor de Apoio Logístico (DAL). Nessa função ele permaneceu até junho daquele ano quando seguiu para o Rio Grande do Sul para fazer o Curso Superior de Polícia (CSP) na Brigada Militar, no Rio Grande do Sul.

Ao voltar do CSP ele retomou a prestar serviços na DAL.

6.   Maquir líder de classe

6.1.   Clube dos Oficiais

 

Envolvido com as questões do interesse da corporação e dos seus integrantes, Maquir sempre se manteve ligado às Associações representativas dos policiais militares, e em particular ao Clube dos Oficiais (COPM) e Caixa Beneficente de Oficiais e Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

Maquir integrou a Diretoria do Clube dos Oficias desde 1975, ainda como Tenente. Nessa condição ele participou do esforço na construção da atual sede da entidade, nas gestões dos Coronéis Antônio Costa Filho e Marcílio Pio Chaves.

O terreno onde atualmente está instalada a sede do Clube dos Oficiais foi adquirido na gestão do Coronel Costa da qual Maquir participou. Naquela época a área era quase totalmente deserta e a Diretoria teve dificuldade de convencer os sócios de que estava investindo no futuro. Hoje é uma das áreas mais valorizadas da cidade.

Posteriormente ele teve participação mais efetiva, na gestão do Coronel João Araújo, na construção das piscinas, um esforço que durou vários anos. Nesse período ele era um dos mais ativos foliões dos carnavais do Clube, que era um dos maiores da cidade.

Clube dos Oficiais

Depois dessas importantes participações no crescimento do COPM, Maquir foi eleito e reeleito Presidente daquela entidade para os períodos de 1991/92, 1993/94 e 1995/96.

Como Presidente do COPM, Maquir, preocupado como a situação salarial dos policias e bombeiros militares, no dia 3 de março de 1995 emitiu um comunicado à imprensa tecendo críticas à política salarial Governo. Por conta desse fato ele foi punido pelo Comandante Geral com 10 dias de prisão domiciliar.

Maquir folião do Clube dos Oficiais foto

Terminada a sua terceira gestão consecutiva, em 1996 Maquir apoiou o Capitão Francisco, que era o vice-presidente e que foi eleito Presidente.

No dia 25 dezembro de 1996, Maquir foi promovido a Coronel e passou para reserva remunerada.

 

6.2    Caixa Beneficente

Já na reserva, Maquir dirigiu a Caixa Beneficente de Oficiais e Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiro durante 19 anos (1997 a 2016). Durante todo esse tempo ele foi um aguerrido defensor dos interesses dos associados daquela instituição e da Polícia Militar. Juntamente com o Coronel Francisco de Assis Silva, Presidente do COPM, ele liderou os dois maiores movimentos reivindicatórios das entidades representativas dos policiais militares da Paraíba, ocorridos em 1997 e 1999.

Nesse período, a Caixa, ainda em parceria com o COPM, promoveu ações judiciais em defesas dos direitos dos seus sócios nas quais obteve expressivas vitórias, em todas as instâncias da justiça, muitas das quais então em fase de execução.

No decorrer da década de 1980 Maquir foi Tesoureiro da Caixa Beneficente nas gestões do Coronel Marcílio Pio Chaves como Presidente. Nesse período foi construído o prédio que atualmente abriga a sede dessa entidade. A execução da obra foi toda acompanhada pelo Coronel Marcílio, porém Maquir teve uma relevante participação exercendo um rigoroso controle dos gastos.

O Coronel Marcílio estava tentando adquirir um terreno para construção dessa obra. Foi cogitada a possibilidade de se comprar um terno localizado no Distrito Mecânico, o que não era do agrado de Maquir. Depois de muito procurar, Maquir localizou o terreno na Rua das Trincheiras que estava à venda. De imediato ele fez contato com a proprietária, e levou as informações ao conhecimento do Coronel Marcílio que fechou negócio por telefone.

No período da administração do Coronel Marcílio Chaves (1982/1990), foi adquirido, através de doação do Prefeito de Capital, Dr. Carneiro Arnaud, um terreno, nas proximidades do Clube dos Oficiais, na Praia do Bessa, onde posteriormente foi construída uma ampla e moderna área de lazer, inaugurada em dezembro de 2004, na gestão de Maquir.

O terreno onde esse prédio foi construído tem um total 3.100 metros quadrados, com lados irregulares, formando uma espécie de trapézio. A área construída mede 1.800 metros quadrados, contando a piscina, a quadra e o pavilhão central com dois pavimentos.

Como parte da obra, a calçada que dá para a Rua Maria Auxiliadora B. Sobreira foi urbanizada, ficando, em razão da localização, quase exclusivamente para uso da Caixa. O espaço é utilizado como estacionamento, com capacidade para 60 veículos.

No muro, revestido com mosaico trabalhado, foi construído um painel com a logomarca da Caixa, que ocupa 10 metros quadrados. No muro lateral, que fica de frente para o Aeroclube, foi também construído um painel com as mesmas dimensões.

Ainda na fachada de entrada foi construída uma guarita, em posição elevada do solo, com balcão de granito, dotada de janelas de vidro temperado na parte anterior, o que permite uma ampla visão do exterior e um efetivo controle do acesso de pessoas ao interior do prédio.

Na entrada das instalações foram construídas duas salas. Uma para o serviço médico, onde são feitos exames das pessoas que desejam utilizar a piscina e a outra para instalação dos serviços da diretoria social. Essas salas têm a estrutura montada em grades de ferro e recheadas de isopor, o que permite uma espécie de isolamento térmico, mantendo internamente uma temperatura agradável.

Essa é uma técnica alemã e é o mesmo prédio que foi construído, em outro local, para ser instalado um Posto Policial, e que foi transportado inteiro através de guindaste, para o local onde se encontra agora.

O espaço conta com uma quadra poliesportiva, um parque aquático, serviços de bar e restaurante, e um luxuoso salão de festas no segundo piso do prédio.

Esse é um valioso patrimônio que foi totalmente construído com recursos próprios da Caixa sem deixar nenhuma dívida.

Dezenas de policiais, de todos os níveis hierárquicos, e seus familiares comparecem a essa sede nos fins de semanas para usufruírem das piscinas, da quadra e dos serviços de bar e restaurante, que contam com preços subsidiados.

Anualmente a Caixa se utilizando desse espaço, promove festa de debutante de filhas dos sócios e casamentos comunitários de policiais, além de homenagens aos dias dos pais, das mães e das crianças.

Em 2015, Maquir deixou a direção da Caixa e em 2017 foi eleito Presidente da Associação dos policiais e bombeiros militares inativos, aonde, com o entusiasmo, competência, credibilidade e a dedicação de sempre, vem desenvolvendo uma fecunda administração.

Sede Social da Caixa Beneficente de Oficiais e Praças PM/BM

7.  Guarda Municipal

Ricardo Coutinho, que tinha sido eleito Prefeito de João Pessoa, reconhecendo toda a experiência como profissional da segurança pública e a consagrada habilidade para liderar, convidou o Coronel Maquir para Comandar a Guarda Municipal, no início de 2005.

Formando uma valiosa equipe técnica para assessorá-lo no exercício dessas funções, Maquir desenvolveu um relevando trabalho, enfocando uma melhor qualificação profissional e o fortalecimento da autoestima dos integrantes daquele órgão.

Objetivando preparar aquela Guarda para melhor cumprimento da sua missão foram elaborados projetos e adquiridos meios meterias que ampliaram a sua capacidade operacional.

Foram também adquiridos revolveres, pistolas e farta munição para melhor preparar os futuros guardas na prestação de um melhor serviço à sociedade.

Ainda com esse objetivo foram levantadas propostas de Lei visando melhor estruturar aquela corporação. Esse trabalho se desenvolveu até o final de 2008.

8.   Maquir na política

Buscando espaço na política para fortalecer sua luta em defesa dos interesses dos policiais e bombeiros militares e suas instituições, Maquir tentou eleição para Vereador por três vezes. Mas a sua postura ética foi um grande empecilho nessas tentativas.

Em 1992 foi candidato em Pedras de Fogo, onde seu pai residia, recebendo apoio do Prefeito que estava encerando o mandato. Em 2004 e 2016 voltou a tentar uma vaga no legislativo municipal, agora cidade de João Pessoa, mas, igualmente não obteve êxito. Em todos esses pleitos ele concorreu pelo MDB, no  qual o elevado quociente eleitoral  lhe era desfavorável.

A consciência de cidadania fez de Maquir um filantropo. Em todas as funções que exerceu ele sempre encontrou formas de ajudar as pessoas que lhe procuravam. Por meio dos contatos que tinha nos bastidores das instituições hospitalares, ele tomou conhecimento de que o Hospital João Soares, sediado em Cruzadas Armas, estava prestes a entrar em falência.

Como esse Hospital prestava serviços a uma considerável parcela da população pobre daquele bairro, ele resolveu prestar colaboração. Com essa finalidade ele montou um laboratório de análise para prestar serviços ao Hospital sem fins lucrativos, com o intuito de ajudar o Hospital a encontrar uma forma de não fechar as suas portas.

O que o Laboratório arrecadava era rateado com o pessoal que ali prestava serviço. Maquir era o responsável técnico, mas não participava do rateio da renda. Esse trabalho foi feito durante mais de dez anos, até que o Hospital fechou.

 

Coronel Maquir Alves Cordeiro

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