O jovem pobre que se tornou Coronel da PM da Paraíba

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        O jovem pobre que se tornou Coronel da PM da Paraíba, é como podemos sintetizar a vida de Everaldo Dutra Barbosa da Silva. Aliás, essa é a realidade da maioria dos integrantes dessa instituição que chegam a esse Posto. A remuneração pouco atrativa, os rigores da formação desses profissionais e o tipo dos serviços por eles prestados, por certo não atraem pessoas originárias de família mais abastadas.

Na verdade, a vida do Coronel Everaldo Dutra, narrada por ele mesmo no texto que a abaixo transcrevemos, expressa, de forma nítida, o precário nível socioeconômico das famílias da maioria dos integrantes dessa Corporação até o início do século XXI, pelo menos. É possível que essa realidade tenha mudado um pouco nas últimas décadas.

O texto em referência é titulado de Autobiografia de Everaldo Dutra Barbosa da Silva e tem o seguinte teor:

                                Autobiografia de Everaldo Dutra Barbosa da Silva

  “A vida é como uma corrida de 100 metros, fugaz e cheia de obstáculos, mas você tem que vencê-los, agindo com garra, moral, disciplina, organização, dedicação, foco e meta. Só assim se consegue realizar o que muitos apenas sonham.” (Everaldo Dutra)

          Hoje, com 56 anos de idade, nasci filho de Manoel Barbosa da Silva e Maria Eunice Dutra Silva, no dia 22 de novembro de 1962, na Rua Cardoso Vieira, nº 112, no centro da Cidade de Santa Rita, integrante de uma família de 08 (oito) irmãos, dos quais em ordem cronológica: Fernando, Everaldo, José, Pedro e Paulo (gêmeos), Sérgio, Mônica e Fábio.

    Meus pais, Manoel e Nicinha, Santa Rita , 1973.        Não tive uma vida fácil, pois meu pai era comerciário do ramo de sapatos, e tentava completar a renda como garçom. Minha mãe sempre foi doméstica, nunca teve carteira profissional assinada. Se eu tivesse as três refeições diárias, já me dava por muito satisfeito.                O primeiro da direita, então com 05 anos, em 1967, com os irmãos Fernando e José.

       Aos 11 anos de idade, portanto, no ano de 1973, como a casa em que morava era alugada e o dono a pediu, tive que me mudar com minha família para uma casa (de taipa) do meu avô, in memoriam, na Rua Major Terêncio Ferreira (hoje só tem o terreno), no Alto das Populares, em Santa Rita.

      Em 1975, mudei-me novamente com minha família para a Rua José Paulino, nº 601, Praça do Trabalhador, também no Alto das Populares em Santa Rita, sendo uma casa cedida ao meu pai pelo Padre Paulo (Pároco da época).

     Dona Nevinha, a vizinha do lado esquerdo nos ajudou muito. No quintal da casa de Dona Mercês, a vizinha do lado direito, tinha um pé de fruta-pão, o qual saciou, por diversas vezes, a minha fome e a de meus irmãos.

      Na adolescência e início da fase adulta, sabedor das dificuldades para vencer na vida, trabalhei pintando as casas dos vizinhos, vendi coco na feira, vendi Bombril na feira, vendi sal na feira, trabalhei em barracas de cereais na feira, vendi cebolas na feira, vendi pão na carrocinha da padaria de seu Luiz pelas ruas do Alto das Populares. Ainda ajudei meu pai, nos finais de semana, no Tênis Clube e Santa Cruz, nas atividades de garçom.

      Uma repreensão que não sai de minha memória é a que meu pai, quando eu era adolescente, falou para mim e meus irmãos: “vocês estudem pra ser gente na vida, porque eu não tenho nada material pra deixar pra vocês! O que eu posso deixar pra vocês é a educação! Eu faço tudo pra vocês não pedirem esmolas!” Reprovado por dois anos na 7ª série do colegial, naquele dia a ficha caiu e eu mudei completamente a maneira de pensar e agir na minha vida.

      No ano de 1980, o amigo José Rodrigues Barreto, “Zezinho”, que era coordenador do ensino supletivo na cidade, me convidou para dar aulas de matemática, recebendo pagamento em cheque avulso. Relutei de inicio, pois não estava nos meus planos ser professor, porém, ele tanto insistiu que assumi o desafio e comecei a dar as aulas, me deslumbrando com o magistério.

      No ano de 1981, mudei-me mais uma vez com minha família para a Rua Ivo Borges, nº 117, no centro de Santa Rita, sendo uma casa cedida pela Associação de Caridade Vicentina da cidade, tendo em vista que meu pai era membro da mesma. A casa era muito humilde e tinha 02 (dois) cômodos.

    Cursei meus estudos em Instituições públicas, sendo o primário na Escola Municipal Tiradentes, em Santa Rita; o colegial no Colégio Estadual Enéas Carvalho, também em Santa Rita, e o técnico-científico na Escola Técnica Federal da Paraíba, em João Pessoa.

      Em 1982, conclui o curso de mecânica, na ETFPB, e no ano de 1983 ingressei no Exército Brasileiro, como Aluno do NPOR (Núcleo de Preparação dos Oficiais da Reserva), no 16º RCMec em Bayeux, sendo declarado em dezembro do mesmo ano, Aspirante a Oficial da Arma de Cavalaria, logrando o segundo lugar.

Aluno do NPOR 1983, arma de cavalaria, 16º RCMec, Bayeux.

    Com minha mãe Nicinha, na formatura do Aspirantado do Exército, em dezembro de 1983, no antigo DEDE em João Pessoa.

       A Escola Técnica e o Exército foram divisores de água em minha vida, pois fiz novas e qualificadas amizades e adquiri conhecimentos que guardo até hoje.

     Minha turma do NPOR/1983 foi composta de 40 jovens alunos, vindos de várias famílias. Forjamos fortes laços de amizade que perduram até os dias hodiernos.

     O tempo nos distanciou um pouco, mas mantenho frequentes contatos com os mais próximos: Gadelha, Leite, Santos, Lucena, Medeiros, Aragão, Eduardo, Valério, Silva e Monteiro. Nossos instrutores e monitores foram: Capitão Wellington, Tenentes Fernando e Silvano, Sub-Tenente Evangelista, Sargentos Américo, Sousa, Nilton, Valdir, e o Cabo João grandão. 

     Em 1984 fiz estágio de Adaptação no Exército, por 45 (quarenta e cinco) dias, logrando também o segundo lugar. Naquela época surgiram 03 (três) vagas de 2º Tenente Temporário de Cavalaria, porém não pude ser convocado por não ser universitário. Ainda, na época, tentei fazer um vestibular em uma faculdade particular, indo até a faculdade de Goiana – PE, porém não consegui, e confesso, me frustrei um pouco.

      Em 1985 ingressei na Universidade Federal da Paraíba, no curso de licenciatura em matemática, porém ao término do 1º semestre, desisti do curso. No mesmo ano, pelas mãos de Zezinho, ingressei no serviço público do Estado da Paraíba, por meio de um contrato de emergência, como Professor Regente de Ensino, RE-6, no Governo de Wilson Braga, classificado no ensino supletivo, dando aulas de matemática, português, História, geografia e ciências físicas e biológicas. Como Professor dei aulas em Santa Rita, Bayeux e Cruz do Espírito Santo.

                                   Dando aula de matemática no supletivo, em 1982

     Ainda no ano de 1985 (fevereiro), comecei a namorar a minha futura esposa, Alda Borba, nascida a 28 de agosto de 1966, também de Santa Rita, filha de Arnaldo Borba (in memoriam) e Maria Eunice Borba, integrante também de uma família de 08 (oito) irmãos. Quando a conheci, senti algo diferente, como não havia sentido antes. Aquele olhar meigo e sereno me cativou.

    Namoro com Alda, em 1985

     Também no ano de 1985, me desloquei de trem, para a praia do jacaré, na cidade de Cabedelo, onde uma indústria de fabricação de anticorrosivos tinha se instalado e estava recrutando trabalhadores. Minha expectativa, era que, como técnico em mecânica, fosse selecionado, o que ao final se confirmou, porém no dia marcado de levar a carteira profissional para ser assinada, desisti e continuei dando aulas.

      Em 1986, por intermediação do então Major de Cavalaria Wellington de Góis Barbosa, Comandante do 12º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, Boa Vista, Roraima, recebi confirmação de minha convocação para uma vaga de 2º Tenente temporário de Cavalaria para aquela unidade militar, porém, de última hora, fui substituído por outro Oficial, desta feita, do Estado do Rio de Janeiro. O hoje Coronel Wellington, é um Oficial do Exército que não esqueço jamais.

       Ainda no ano de 1986, inscrevi-me no concurso para Sargento do Exército, sendo aprovado para a ESA (Escola de Sargento das Armas), em Três Corações, Minas Gerais. Em janeiro de 1987, viajei de ônibus, juntamente com outros colegas, para a ESA, ficando, no entanto, aquartelado por uma semana, na 1ª Companhia de Infantaria, na Ilha do Fundão, no Estado do Rio de Janeiro, aguardando passagem para Três Corações, MG. Nesta época eu já era noivo com a linda jovem Alda Borba.

       Chegando à Escola de Sargentos no final de janeiro de 1987, após uma semana de muita ralação, fui matriculado como Aluno de Sargento do EB, classificado na 5ª Companhia, sob o número 855, sendo que antes de terminar o período básico, em abril daquele ano, pedi desligamento do curso, retornando a minha terra natal, reassumindo as funções de professor.

      Ainda no ano de 1987, com a ajuda do inesquecível amigo Eduardo Soares da Silva (NPOR 1983), que era gerente do Banco Nacional, consegui emprego como escriturário naquela instituição, localizado na Rua Duque de Caxias, centro de João Pessoa, acumulando com as atividades de professor, já que as aulas eram noturnas. A partir deste momento decidi que não queria mais ser militar, queria ingressar na carreira bancária, na Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil.

      Ainda no ano de 1987, por volta do mês de junho, lendo uma edição do jornal O Correio da Paraíba, em uma banca de revistas de Santa Rita, vi uma matéria sobre o Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado da Paraíba, onde havia um chamamento para os jovens da época.

       Naquele ano o Comandante Geral da PMPB era o Coronel de Cavalaria do Exército Brasileiro, Marden Alves da Costa, que já havia sido meu Comandante, na época do NPOR 1983, 16º RCMec em Bayeux.

       Isto me chamou a atenção, pois estava com 25 (vinte e cinco) anos incompletos de idade, e era a única chance que tinha porque estava no limite da idade. Então, novamente reacendeu na pulsação de minhas veias a vontade de ingressar na vida militar, desta feita, para seguir carreira com possibilidade de chegar até o Posto de Coronel da Polícia Militar da Paraíba.

       No mesmo dia em que li a matéria sobre o Curso de Oficiais da PMPB, dirigi-me ao Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, localizado na Praça Pedro Américo, s/n, centro de João Pessoa, onde colhi todas as informações necessárias para o certame. Fiz a inscrição no concurso, tracei estratégias de estudo tendo em vista o pouco tempo para estudar, já que as provas seriam feitas em outubro daquele ano de 1987, ou seja, tinha pouco mais de 03 (três) meses para estudar.

      A rotina foi dura, mas acostumado com as adversidades da vida, acordava às 05:00 hs da manhã quando começava a estudar, tomava um café rápido e voltava a estudar até às 09:00 hs, após o que tomava um banho rápido e me deslocava para o Banco Nacional, terminando o expediente bancário por volta das 17:30 hs.

      Voltava para casa nas carreiras, não dava tempo nem de jantar, e já seguia para dar aulas no supletivo. Retornava para casa às 22:00 hs e estudava até as 00:00 hs. Feriados e finais de semana o estudo era intenso.

     O Coronel Marden, Comandante Geral da PMPB, teve o zelo de contratar uma equipe da Universidade Federal de Pernambuco para preparar e aplicar as provas (matemática, português, biologia, história e geografia), as quais foram realizadas em 05 (cinco) dias, no Colégio Liceu Paraibano, em João Pessoa.

     Naquela época não havia ainda Academia de Polícia Militar no Estado da Paraíba, e a corporação enviava os candidatos aprovados para fazerem o curso em outras polícias. Foram oferecidas 08 (oito) vagas, sendo 04 (quatro) em Pernambuco, 02 (duas) na Bahia e 02 (duas) em São Paulo.

      Inscreveram-se 342 (trezentos e quarenta e dois) candidatos para as 08 (oito) vagas, dando uma concorrência de aproximadamente 43 (quarenta e três) candidatos por vaga.

      Em consequência de tanto trabalho, tanto esforço, disciplina e organização, logrei o 1º lugar no concurso, sendo que por antiguidade, escolhi o Estado de Pernambuco para a minha formação policial militar. Pedi demissão do cargo de professor do Estado, como também demissão do cargo de escriturário do Banco Nacional.

       Naquela época o amigo Eduardo, gerente do banco, me chamou e me falou para desistir da PMPB, pois eu seria promovido a chefe do setor de contas correntes. Como resposta a Eduardo, falei que seguiria a minha vocação militar, que pulsava mais forte em minhas artérias.

      Em 21 de janeiro de 1988 fui incluído no estado efetivo da Polícia Militar da Paraíba como cadete, obtendo a matrícula nº 515.520-7, e, em 20 de fevereiro daquele ano, casei-me com Alda, minha noiva, que passou a chamar-se Alda Borba Dutra, saindo da casa de meus pais e indo morar em uma casa alugada, na Rua Anísio Pereira Borges, nº 60, no centro de Santa Rita.

Cadete do 3º ao do curso de formação de Oficiais da PMPB, em 1990, na Academia de Polícia Militar do Paudalho, Pernambuco.

       Abro um parêntese aqui para tentar em poucas linhas, definir o maior presente que Deus colocou no meu caminho, que foi a minha eterna namorada Alda Borba, uma mulher virtuosa, como definido na escritura sagrada. Minha eterna companheira, amiga, confidente, fiel, sincera, verdadeira, amorosa, carinhosa, meiga, profissional responsável, ótima esposa, ótima mãe e magnífica filha.

      Deu-me valor quando eu não era ninguém, sem bens materiais, demonstrando o seu verdadeiro amor por mim. Está comigo na alegria e na tristeza, no dia bom e no dia mau. A ela, meu amor eterno.

      Apresentei-me na Academia de Polícia Militar do Paudalho, no Estado de Pernambuco, no final de fevereiro de 1988, e, em março daquele ano, iniciei o Curso de Formação de Oficiais, o qual concluí em dezembro de 1990, sendo declarado Aspirante a Oficial da Polícia Militar da Paraíba, logrando o 2º lugar geral, com média 8,56.

       No ano de 1989, em Santa Rita, a 26 de fevereiro daquele ano, nasceu a minha primogênita, Amanda Borba Dutra, uma menina linda, meiga e carinhosa.

       No dia 14 de dezembro do ano de 1990, ao término do Curso de Formação de Oficiais PM, em Paudalho-PE, apresentei-me na Polícia Militar da Paraíba, onde por antiguidade escolhi servir no 1º Batalhão, localizado em frente ao Quartel do Comando Geral, no centro da capital. Nesta época já residia na Rua Praça João Pessoa, nº 51, em casa alugada no centro de Santa Rita.

      Minha turma de Oficiais Policiais Militares, cujo curso ocorreu em Pernambuco, foi composta pelos Estados de Alagoas (03), Paraíba (04) e Pernambuco (33), perfazendo também a semelhança do NPOR, um total de 40 (quarenta) alunos.

      Foram 03 (três) anos de intensas atividades, estudos, e muitas amizades que mantenho até hoje. Os mais próximos são: Vinícius/ Alagoas; Arruda, Geová e Petrônio/Pernambuco; Fábio/Paraíba.

Promoção ao Posto de 2º Tenente da Polícia Militar da Paraíba, no Centro de Ensino em Mangabeira, João Pessoa, PB, agosto de 1991

     No início de minha carreira militar no 1º Batalhão, em 1991, assumi as funções de Comandante do PCSv (pelotão de comando e serviços), Sub-Comandante da 2ª Companhia de Policiamento Ostensivo, Coordenador do curso de formação de soldados, além do que concorria a escala de Oficial de Operações e outras escalas de serviço.

     Em fevereiro de 1991, adquiri uma casa financiada pela Caixa Econômica Federal, localizada na Rua Sargento Inácio Gonçalves da Silva, nº 29, no Conjunto Funcionários IV, em João Pessoa, onde fui residir, por volta de maio daquele ano.

       Em agosto de 1991, fui convocado para servir na Casa Militar do Governador, sendo Comandante do Destacamento de Guardas, e posteriormente, Ajudante de Ordens do então vice-governador Cícero Lucena.

     Em 1993, repassei a chave da casa onde morava no Conjunto Funcionários IV para uma colega da PM, e fui morar novamente em Santa Rita, minha terra natal, desta feita, na Rua Doutor Fonseca, nº 45, Rua lateral à Igreja Universal do Reino de Deus.

     Na mesma época comprei uma casa velha e deteriorada, com 51m2, na Rua Joaquim Guedes, também nº 45, no centro daquela cidade, sendo que a mandei derrubar e construi uma nova morada, permanecendo nesta, até o ano de 2004.

      Em 02 de dezembro do ano de 1994, no Hospital General Edson Ramalho, em João Pessoa, nasceu minha segunda filha, Allana Laysa Borba Dutra, uma menina linda, meiga, carinhosa, minha caçulinha. No ano de 1996, comprei meu primeiro carro, sendo um VOYAGE, branco, a álcool, ano de fabricação 1984, de placas MMR 5357 – PB.

      Na Casa Militar do Governador, fui promovido aos Postos de 2º Tenente pelo Governador Ronaldo Cunha Lima, 1º Tenente pelo Governador Cícero Lucena e Capitão pelo Governador José Targino Maranhão, sendo que no ano de 1997, no Governo de José Maranhão, fui transferido para o Quartel do Comando Geral da PMPB.

     Nesta época o Ex-governador Cícero Lucena já era Prefeito da Capital João Pessoa.

     No período de 1997 a 2000, exerci várias funções no Quartel do Comando Geral, a saber: Comandante da Companhia de Comando e Serviços, Coordenador do COPOM (Centro de Operações Policiais Militares), Secretário da Comissão de Promoção de Praças, Auxiliar do Projeto “Caminhar com Saúde e Segurança” (Cabo Branco - Busto de Tamandaré), além do que concorria aos serviços de Rua.

      Em 1999, como Capitão, fiz o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da PMPB, no Centro de Ensino da PM, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, requisito para as promoções de Major, Tenente Coronel e Coronel. Ao final do curso, em dezembro daquele ano, fiz uma viagem de estudo pelos Estados da região sul, onde tive a oportunidade de conhecer a Serra Gaúcha, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Foz do Iguaçu e o vizinho Paraguai.

        No ano de 2000 passei à disposição da Prefeitura da Capital, onde exerci as funções de segurança e ajudante de ordens do Prefeito Cícero Lucena, permanecendo nesta condição até dezembro de 2003, quando fui promovido ao posto de Major pelo Governador Cássio Cunha Lima.

      Ainda no ano de 2000, por volta do mês de agosto, tive um grande revés na minha vida, foi quando me preparava para fazer vestibular para o curso de Direito, e o meu pai Manoel Barbosa da Silva teve um AVC hemorrágico, ficando em estado vegetativo por 02 (dois) anos, sendo cuidado por mim e meus irmãos, vindo a falecer a 12 de setembro de 2003. O curso de Direito foi adiado.

     Abro outro parênteses para falar um pouco, do muito que foi o meu pai Manoel Barbosa da Silva, homem sem muitas letras, mas de grande caráter, moral e ético, ótimo pai e marido, ótimo filho. Educou a mim e meus irmãos sob sólidos valores familiares e religiosos. Orávamos antes das refeições e ao dormir, sob a coordenação dele. Todos os domingos eu e meus irmãos íamos para a missa na igreja matriz em Santa Rita. Lembro-me de um dia, em que ele achou uma cédula de dinheiro no calçamento da rua, e ficou procurando quem a tinha perdido para devolvê-la. Seu Manoel não sai da minha lembrança.

      Na condição de Major, em março de 2004 fui designado para assumir o Comando da Companhia de Trânsito da Polícia Militar, sediada na Rua Sizenando Costa, s/n, Roger, próximo ao zoológico da Bica, em João Pessoa. Ainda em 2004, em dezembro daquele ano, mudei-me com minha família para o meu novo lar, localizado na Rua José Florentino Júnior, 89, apartamento 301, em Tambauzinho, João Pessoa, onde permaneço até os dias atuais.

       Em fevereiro de 2008, já como Tenente Coronel, também promovido pelo Governador Cássio, deixei o Comando da CPTRAN em João Pessoa e assumi o Comando do 3º Batalhão de Polícia Militar, sediado em Patos, sertão da Paraíba, onde permaneci até fevereiro de 2009, quando, em virtude da cassação do mandato de Cássio, retornei para o Quartel do Comando Geral, já no início do terceiro Governo de José Targino Maranhão.

      No período de 2009 – 2010, sob o terceiro Governo Maranhão, assumi várias funções, quais sejam: Chefe da 1ª Seção do Estado Maior, Secretário da Comissão de Promoção de Oficiais, e Comandante do recém criado Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, sediado nas antigas instalações da CPTRAN, sendo o seu primeiro Comandante.

      Em janeiro de 2011, com a assunção do Governador Ricardo Coutinho, deixei o Comando do BPTRAN e assumi as funções de Ajudante Geral do Quartel do Comando Geral. Em maio daquele ano deixei as funções de Ajudante Geral e assumi as funções de Chefe da 3ª Seção do Estado Maior Estratégico.

Ainda no ano de 2011, tomei uma decisão que reputo como a mais importante de minha vida. Foi quando reconheci a minha insignificância, os meus pecados diante de Deus, e entreguei a minha vida nas mãos do Senhor Jesus Cristo, aceitando-o como meu Salvador e Senhor. Atualmente congrego na Igreja Congregacional do Bessa, em João Pessoa, juntamente com minha esposa e filhas. Jesus foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, me esforço para seguir seus passos.

        Em março de 2012, não vislumbrando maiores horizontes, e sentindo que meu tempo na corporação militar chegara ao fim, como tinha averbado tempo de serviço anterior ao ingresso na PMPB, perfazendo um total de 31,87 anos de serviços, requeri promoção ao Posto de Coronel PM e a transferência para a Reserva Remunerada.

       Em abril de 2012 fui promovido ao Posto de Coronel PM, pelo Governador Ricardo Coutinho, ingressando na Reserva Remunerada em novembro daquele ano. Ainda no ano de 2012, concorri a uma das 19 (dezenove) cadeiras de vereador de minha cidade natal, pelo partido PTC (partido trabalhista cristão), obtendo 687 (seiscentos e oitenta e sete) votos, ficando na 2ª suplência da minha coligação.

      Ao longo da Minha carreira profissional na Polícia Militar da Paraíba, fiz várias amizades, dentre as quais destaco: Coronéis: Uchoa, Batista, Francisco, Kelson, Jorge, Guimarães, Washington, Luis Antonio, Josman, Francimar, Almeida Rosas, Lúcio, Alexandre, Coutinho, Américo e Wolgrand; Tenentes Coronéis: Lucas e Bergson; Majores: Gerson, Jorge e Edher, Capitão Fem Fernanda, Sargentos do BPTRAN: Wanderley, Evandro, Diógenes, Noronha, Da Silva, Biserris, Severino, Ivanildo e Assunção; Sargentos do 3º BPM: Marcílio, Cecília, Ronaldo, Ramalho, Ferreira, Pimenta.

      Ainda no final do ano de 2012, após o insucesso nas eleições e a passagem para a reserva remunerada, fui acometido de uma tristeza emocional, um estado psicológico depressivo, porém, com a ajuda de Deus através de Jesus, minha família (Alda, Amanda e Allana), meus irmãos e dos médicos, superei, levantei a poeira e dei a volta por cima. Neste capítulo, o Pastor Anderson José de Andrade Firmino, teve importante papel, me conscientizando do perdão de Deus, sua graça e misericórdia.

      Minha esposa Alda formou-se em Pedagogia, pela Universidade Vale do Acaraú, no ano de 2004. Minha filha Amanda graduou-se em Direito pela UNIPÊ, no ano de 2013, e, em 2014, logrou aprovação no exame de ordem da OAB/PB, alçando a condição de advogada, atuando nas áreas cível e trabalhista.

      Minha filha Allana graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Paraíba, no ano de 2018, e no 9º período logrou aprovação no exame de ordem da OAB/PB, alçando também a condição de advogada.

      Ainda registro que fiz outros concursos em minha vida, como: Agente de Estação da REFESA (Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima), atual CBTU, no ano de 1984, quando fui aprovado, porém desclassificado no psicotécnico; Oficial da Marinha Mercante, em 1985, quando fui reprovado em matemática; e Polícia Federal, em 1997, quando não atingi os pontos suficientes para ser classificado.

      Atualmente, estou em andamento para realizar um antigo sonho, que é ser advogado, pois sou acadêmico do Curso de Direito da Faculdade Maurício de Nassau em João Pessoa, cursando o 7º período/noturno. O que me impulsionou a fazer tal curso, após a reserva remunerada, foi à afinidade com as ciências jurídicas e a busca por justiça.

     Minha mãe Maria Eunice, hoje com 81 anos de idade, está convalescendo de um AVC isquêmico, com quadro de saúde estável e sendo cuidada por mim e pelos outros irmãos. Quanto a meus irmãos, Fernando, o primogênito, é professor do Estado; José, Pedro, Paulo e Sérgio, são também Policiais Militares da Reserva da PMPB; Fábio é Sub-Tenente do Exército Brasileiro; Mônica é doméstica e reside vizinha a minha mãe.

      Abro o último parênteses para falar de minha mãe Nicinha, que é uma guerreira, ótima mãe, ótima esposa, dedicada, fiel, magnífica filha.  Absteve-se de conquistar um espaço de emprego, para se dedicar inteiramente ao seu lar, aos seus filhos e seu marido.

     Ainda hoje quando chego a sua casa ela me pergunta: já tomou café  meu filho?, já almoçou meu filho?, já jantou meu filho?. Se possível, ela deixa de se alimentar para que eu me alimente. Minha mãe é uma mãe!

     Agradeço primeiramente, e especialmente, a Deus, por meio de Jesus Cristo, pela minha vida e todas as adversidades vividas e vitórias alcançadas, porque me permitiu chegar até aqui, pela sua graça e misericórdia, e sem o qual eu nada seria. Te amo, Deus! Te amo, Jesus!

      Agradeço aos meus pais, Manoel e Nicinha, que abaixo de Deus, me deram as condições para vencer os vários obstáculos da vida, e para ser a pessoa que sou. Onde eu estiver vocês estarão comigo, dentro de mim, amo vocês eternamente!

     Agradeço a minha querida esposa Alda e minhas queridas filhas Amanda e Allana, pela compreensão e por suportar os momentos de ausência da minha companhia, quando fora do meu lar, cumpria minha missão. Amo eternamente vocês!

     Agradeço a todos os meus irmãos, meu sangue, que compartilharam comigo desde os momentos mais tenros de nossa infância, as dificuldades, as adversidades, também as alegrias das batalhas vencidas, o luto pela perda do nosso pai, a dor pela doença de nossa mãe, e por todos os momentos vividos. Não consigo imaginar a minha história sem vocês.

     Minha continência e agradecimento, a todos os instrutores militares e professores civis, com os quais convivi ao longo de minha vida, e com quem tive a oportunidade de aprender novos conhecimentos, os quais ajudaram na formação do meu caráter, e no aperfeiçoamento do cidadão que sou.

     Agradeço ao Coronel de Cavalaria do Exército Brasileiro, Wellington de Góis Barbosa, hoje residindo em Natal, RN, pela simpatia que nutriu por mim, desde os tempos do NPOR/1983, simpatia essa que se materializou com mais intensidade, no seu esforço em conseguir para mim uma vaga de 2º Tenente temporário de Cavalaria, para o 12º Esquadrão de Boa Vista, Roraima, no ano de 1986. O objetivo não foi atingido porque forças superiores não permitiram, desígnio de Deus.

     Agradeço, no âmbito da Polícia Militar da Paraíba, aos Coronéis: Américo José Estrela Uchoa, Francisco de Assis Silva, Kelson de Assis Chaves e José Jorge da Silva, que ao longo da minha carreira, trataram-me não somente como subordinado mas acima de tudo como amigo, ultrapassando os pilares da hierarquia e disciplina, dando-me orientações e conselhos para ter sucesso na caminhada militar.

     Agradeço a José Rodrigues Barreto, Zezinho por ter contribuído para o meu primeiro emprego formal, como professor do Estado, no ano de 1985, como também agradeço a Eduardo Soares da Silva, colega do NPOR/1983, pela força que deu no meu segundo emprego formal, como escriturário do Banco Nacional.

     Agradeço aos amigos do NPOR/1983, Gadelha, Medeiros, Leite, Lucena e Aragão, por serem os amigos do NPOR mais presentes em minha vida atual, como também pelo fato de terem contribuído com seus recursos pessoais para a minha campanha de vereador, no ano de 2012, em Santa Rita, minha terra natal. Cavalaria!! Brasil!!

      Termino este breve relato com a convicção de que não sou melhor do que ninguém. Sou apenas um homem que alcançou o perdão e a misericórdia de Deus. Estou convicto também de que “a razão do que sei em relação ao que eu não sei é como uma gota que cai por gravidade no oceano”. Estudar sempre! Aprender sempre!

Casamento com Alda, em 20 de fevereiro de 1988, presença de meus pais, e a minha sogra Nicinha, com meu cunhado Adailton. Dama de honra Lidiane.

1º Tenente, em família,  Santa Rita, 1995, Amanda com 07 anos e Allana com 01 ano.

Em família, no GEO Tambaú, na entrega do prêmio Chaplin a Allana, em 2006.

 

Foto com minha mãe e todos os irmãos, confraternização na praia de Lucena, PB, fevereiro de 2007

Em familia, foto em Ponta Negra, Natal, RN, em 2011, a vida segue......

João Pessoa, PB, 24 de abril de 2019

  Veja também Coronel Clodoaldo Alves Lira: Uma vida dedicada à Polícia Militar Coronel  Maquir Alves Cordeiro: Um líder por natureza Dinastia policial: A família Benício Dinastia policial: A família Dutra

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