Quatorze cangaceiros mortos em um confronto com a Polícia

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      Quatorze cangaceiros mortos em um confronto com a Polícia da Paraíba é a síntese de um tópico da Mensagem do Presidente da Paraíba dirigida à Assembleia Legislativa em 1900. São esses fatos que passamos a abordar de forma breve.

     No mês de maio de 1900 o Doutor Antônio Alfredo da Gama e Melo, Presidente da Paraíba, denominação dada aos Governadores Estados, foi informado que um grupo com cerca de 80 cangaceiros liderados por Antônio Silvino, estava reunido na Serra do Surrão, em Ingá, aguardando a chegada de outro grupo vindo de Pernambuco, para juntos atacaram Itabaiana e cidades vizinhas.

     De imediato, o Presidente se reuniu com o Chefe de Polícia e com o Tenente Coronel Bento José de Monteiro Paes, Oficial da própria Corporação, Comandante do Batalhão de Segurança, denominação da Polícia Militar na época, para adoção de medidas. Naquela oportunidade o Comandante do Batalhão de Segurança informou ao Presidente que aquela corporação não dispunha de armamento e munição para enfrentar aquela situação.

     Como o Estado não contava com orçamento para adquirir aquele tipo de material, o Presidente solicitou aos seus correligionários uma ajuda financeira para esse fim. Dessa forma se conseguiu recursos para aquisição, de 50 fuzis e 10 mil cartuchos, o que foi feito com um comerciante de armas em Recife.

     Depois de receber esse material e efetuar um treinamento, o Batalhão de Segurança organizou uma Patrulha com cerca de 60 homens sob o Comando do Tenente Paulino Pinto de Carvalho, para dar combate ao grupo armado da Serra do Surrão.

    Naquela época, sempre que as Patrulhas Volantes enfrentavam esses grupos, eles se evadiam para os Estados vizinhos. Por esse motivo houve um acerto com a Polícia de Pernambuco e foi preparado um plano para a realização de ataques simultâneos aos homiziados no Surrão.

    Na manhã do dia 17 de junho de 1900 a tropa do Tenente Paulino seguiu de trem até Itabaiana, e de lá seguiu a pé ao encontro do grupo inimigo.

    Iniciado o combate, o Tenente seguia a frente da tropa incentivando seus comandados, que estavam empolgados com a nova arma. Logo no começo, um tiro inimigo atingiu a arma do Tenente que ficou imprestável. Paulino pegou a arma do seu ordenança e continuou na luta e pouco depois foi ferido no abdome.

    Mesmo assim o bravo Oficial continuou lutando até que foi atingido na perna quando teve fratura exposta da tíbia e do perônio. Nessas circunstâncias o Primeiro Sargento José Lopes Pessoa de Macedo, integrante da Patrulha, assumiu o Comando e o ataque continuou.

      Percebendo o poder de fogo da tropa, os cangaceiros fugiram deixando 14 mortos.  Essa foi a maior baixa em um grupo de cangaceiros já ocorrida na Paraíba.

      O Tenente Paulino foi conduzido para Itabaiana onde aguardou transporte para a Capital (na época denominada de Parahyba), onde foi internado no Hospital da Santa Casa da Misericórdia, na Rua Visconde de Pelotas.

     Ao tomar conhecimento desse fato, o Presidente do Estado determinou que dois dos seus principais integrantes do primeiro escalão do Governo,  entre eles um Médico, se deslocassem até Itabaiana para adoção das medidas necessárias. Esse deslocamento foi feito em um Trem Especial.

     Dada a gravidade dos ferimentos, o Tenente teve sua perna esquerda amputada, e depois de 7 dias de sofrimentos, veio a falecer no dia 24 de junho, dia de São João.  O sepultamento do bravo oficial, com todas as honras militares, realizado no Cemitério Senhor da Boa Sentença, foi acompanhado por uma grande multidão. Foi um dia de muita comoção para todos os integrantes da Corporação.

 Por iniciativa o Presidente Alfredo da Gama, o Tenente Paulino Pinto de Carvalho foi promovido post mortem ao posto de Capitão.  Naquela época, não existiam os postos de Segundo e Primeiro Tenente e sim Alferes e Tenente. Ou seja, o Posto de Paulino era equivalente atualmente a Primeiro Tenente.

    O Sargento José Lopes Pessoa Macedo também foi promovido por bravura ao posto de Alferes, o que equivale atualmente ao Posto de Segundo Tenente.

    Esses fatos constam, de forma sucinta, da Mensagem do Presidente Antônio Alfredo da Gama e Melo remetida à Assembleia Legislativa, no dia 15 de outubro de 1900.

    No dia 18 de agosto de 1953 (53 anos depois) a Câmara Municipal de João Pessoa prestou uma merecida homenagem a esse herói fazendo com que uma das ruas do Bairro de Tambaú passasse a ser denominada de Rua Capitão Paulino Pinto, na forma da Lei Municipal 440, a seguir exposta.

    Esse episódio é registrado pelo Coronel Ademar Nazizaene, na sua obra “Polícia Militar da Paraíba: Sua história” (Edição de 1972) onde é informado que no conflito faleceram 22 cangaceiros. Preferimos acatar a versão Oficial constante no documento já mencionado, que é 14 mortes.

Veja também  A coragem e a sagacidade de Irineu Rangel      Cangaço depois da morte de Lampião   A PM da Paraíba no combate ao bandidismo    

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