Coronel Lindemberg da Costa Patrício, o oficial que renunciou a seis anos de coronelato.

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     O Coronel Lindemberg da Costa Patrício, nascido em 12 de outubro de 1938.Era filho de Antônio da Costa Patrício da Silva e Noêmia das Costa Patrício, estudou na Escola Técnica Federal da Paraíba e, antes de completar a maioridade, ingressou na Polícia Militar no dia 10 de outubro de 1956 para frequentar o Curso de Formação de Oficiais.
A turma, formada por 40 alunos, era a primeira da Paraíba a admitir o ingresso de civis. Declarado Aspirante no dia 25 de janeiro de 1958, o ainda jovem Lindemberg, passou a exercer funções pertinentes aos postos que foram sendo galgados ao longo da carreira. No mesmo ano, em 10 de julho, foi promovido a 2º Tenente, posto em que serviu até 11 de janeiro de 1962, quando alcançou a patente de 1º Tenente.
           Em 1963, ainda no Posto de 1º Tenente, Lindemberg frequentou o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, na Academia Nacional de Polícia, em Brasília, quando teve oportunidade de obter muito conhecimento técnico profissional e estabelecer relações de amizade com Oficiais de diversas coirmãs, o que lhe permitia constante troca de experiência, mesmo depois do curso.
       Promovido ao Posto de Capitão no dia 15 de dezembro de 1964, ele passou a exercer funções de Comandante de Companhia no âmbito de 1º Batalhão, depois Comandou o Centro de Instrução e sem seguida foi transferido para prestar serviço no Gabinete Militar do Governador, ocupando as funções de ajudante de ordem. No dia 4 se janeiro de 1967 foi Promovido ao Posto de Major a assumiu as funções de Chefe do Gabinete Militar, onde permaneceu até o final do Governo de João Agripino, no início de 1970.
      Durante esse período Lindemberg foi designado para fazer o Curso Geral de Polícia, realizado nos Estados Unidos da América, no final de 1968. Além de Lindemberg, mais nove Oficiais da PM da Paraíba participaram desse curso, em diferentes momentos. Foram oferecidos cursos em diversas áreas como investigação criminal, controle de distúrbio civil, guerra revolucionária, tiros de defesa, explosivos e administração geral de policia.
      Todas as Polícias Militares do Brasil, e da América latina foram contempladas nesses treinamentos. Era o período da guerra fria e os Estados Unidos buscavam com esses cursos doutrinar os alunos na luta contra o comunismo.
        Na volta desses cursos os Oficiais ministravam palestras para Oficiais e Praças expondo os conhecimentos adquiridos e ministrando treinamentos de curta duração. Naquela época, período logo depois do advento de Ato Institucional nº 5, o Brasil passava por momentos de muita tensão social e as polícias se defrontavam com muitas manifestações populares, o que levou o Governo da Paraíba a criar um Batalhão composto por Subunidades especializadas, uma das quais era destinada a ações de controle de distúrbios civis. Lindemberg foi um dos instrutores dessa Companhia.
     Em 1969 Lindemberg foi promovido por merecimento ao Posto de Tenente Coronel no dia 17 de julho, e nesse Posto, no ano seguinte voltou à Academia Nacional de Polícia, em Brasília, para fazer o Curso Superior de Polícia onde ampliou seu vasto conhecimento profissional.    Oficial de confiança do alto comando da Polícia Militar, Lindemberg foi designado, em 1972, para comandar o 2º Batalhão, em Campina Grande, uma das funções mais importantes da Corporação. No exercício desse Comando ele constituiu um vasto relacionamento social na cidade graças à correção de sua postura e da forma cavalheiresca como costumava tratar todas as pessoas do seu convívio.
    Retornando à capital ele ocupou diversas funções no escalão superior da Polícia Militar das quais se destacaram as relacionadas com a Diretoria de Finanças, onde foi Diretor por muito tempo.
   Mesmo sem muita habilidade, Lindemberg era praticante de voleibol, mas o esporte que mais praticou foi corridas de fundo, chegando a participar de maratonas, atividade esta que se dedicou com maior afinco depois de passar para a inatividade.
  Promovido, por merecimento, ao Posto de Coronel no dia 26 de dezembro de 1978, portanto com 40 anos de idade, sendo até então o mais novo Oficial a alcançar esse Posto, ele continuou na função de Diretor de Finanças.
         Contando, voluntariamente, com seu tempo de estudante na Escola Técnica na condição de aluno aprendiz e averbação em dobro dos tempos de férias e licenças não gozadas ele completou trinta anos de serviço no dia 24 de outubro de 1980, quando passou para a reserva remunerada, portanto com quarenta e dois anos de idade e muita saúde física e mental.  A legislação em vigor na época permitia que o Coronel que alcançasse trinta anos de serviço poderia permanecer no serviço ativo até completar oito anos no posto.  Dessa forma, ele poderia continuar na ativa até 26 de dezembro de 1986, quando completaria oito anos no posto.
       Assim, com o seu pedido voluntário para passar para a reserva ele renunciou a seis anos de serviço como Coronel, gozando de alto conceito na Corporação e com a possibilidade de chegar a exercer as funções de Comandante Geral.
          Ainda no posto de Tenente Coronel ele reiniciou seus estudos e concluiu o Curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Universidade Federal da Paraíba e na condição de bacharel em Direito exerceu funções na Polícia Civil, quando já estava na inatividade.
         Como a sua saúde e a sua idade ainda permitiam, Lindemberg, já na reserva, participou de diversas corridas de longas distâncias conquistando títulos e medalhas dentro da sua faixa etária, o que muito lhe orgulhava.
       Alto, magro, de pele branca, porte atlético, olhos claros, de tratamento polido, Lindemberg tinha traços nobres. Mesmo tímido e de conversa mansa, era um bom papo. Durante muito tempo foi evangélico convicto até o período em que serviu no Palácio do Governo.   Não fumava e bebia muito pouco, mas depois de passar para a inatividade se tornou amante da noite e frequentador dos locais de música ao vivo e de dança, onde estava sempre bem acompanhado. Era o que poderíamos chamar de um “bon vivant” comedido e discreto.
      No início de 1988, a convite do Doutor Valdir dos Santos Lima, Secretário do Interior e Justiça, Lindemberg assumiu a Direção do Presídio do Roger disposto a aplicar medidas de humanização no tratamento dos presidiários. No exercício dessas funções ele foi vítima de um sequestro praticado por um grupo de detentos, que depois de intensas negociações com as autoridades conseguiu fugir conduzindo-o como refém, e sua vida ficou em risco até a captura dos bandidos, o que se deu mais de trinta horas depois de iniciada a ação criminosa.
    Gozando de boa saúde, participando de competições de corridas e das noitadas festivas, sempre de bom humor, Lindemberg foi acometido de um problema cardíaco e em meio aos seus familiares, teve morte imediata no dia 15 de setembro de 2002, aos 64 anos de idade, deixando seus parentes e amigos inconsoláveis.
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