Elísio Sobreira, o Patrono da Polícia Militar da Paraíba foi escolhido em 1957, durante o Governo de Flávio Ribeiro Coutinho. Embora esse ato tenha sido editado com fundamento no poder discricionário do Governador, a medida se revestiu de critérios de justiça tendo em vista a extraordinária folha de serviço que o homenageado prestou à corporação e à sociedade paraibana, que é o que passamos a demonstrar ao traçar um perfil dessa ilustre figura.
- O contexto histórico
No decorrer das quatro primeiras décadas do século XX a Polícia Militar da Paraíba, em diferentes momentos, foi empregada em ação nas quais aplicou processos operacionais idênticos aos adotados pelas Unidades de Infantaria do Exército.
Desses acontecimentos podemos citar, por exemplo:
- Combates aos grupos armados que liderados por Miguel Santa Cruz, que, em 1912, na Região do cariri paraibano, através da quebra da ordem pública no Estado, tentaram provocar uma intervenção Federal;
- Lutas contra a Coluna Prestes, que em 1926, invadiu a Paraíba pela região de Catolé do Rocha;
- Confrontos contra os grupos armados liderados pelo Deputado José Pereira, que em 1930, na região de Princesa, tentaram subverter a ordem pública e provocar uma Intervenção Federal no Estado;
- Participação na revolução nacional de 1930, ao lado de tropas do Exército;
- Combates aos revolucionários paulistas de 1932;
- Repressão à intentona comunista de 1935, em Natal.
Nesses acontecimentos destacaram-se diversos Oficiais, como, por exemplo: Genuíno Bezerra, Acendino Feitosa, Elias Fernandes, João Costa, José Maurício, Guilherme Falcone, Jacob Frantz, Ademar Naziazene, Irineu Rangel, Manoel Viegas, Antônio Salgado, Manoel Benício e muitos outros.
Todos esses Oficiais eram homens corajoso, aptos a esses tipos de ações e muitos habilidosos na condução de tropa. Mas, entre esses bravos Oficiais destacou-se a figura do Coronel Elísio Sobreira, que veio a se torna o Patroo da Corporação
A seguir vamos traçar um perfil desse exemplar policial militar.
- O início da carreira militar
Esperança é uma cidade localizada na região do brejo paraibano a uma altitude de 631 metros e fica a 156 quilômetros da capital João Pessoa. Sua população atual é de trinta e três mil habitantes. Essa cidade foi Distrito de Alagoa Nova e dela se emancipou no dia 1 de dezembro de 1925. Nessa cidade nasceu, no dia 20 de agosto de 1878, Elísio Augusto de Araújo Sobreira, filho de Justino Augusto de Araújo e Maria Augusta de Araújo Sobreira.
Ao atingir a maioridade Elísio Sobreira, buscando construir o futuro, se dirigiu à cidade de Campina Grande, que na época já era uma cidade progressista. Com pendor artístico, Elísio Sobreira estudou música e se tornou maestro de bandas de músicas naquela cidade. Nessas atividades ele angariou simpatia e prestígio social. Mas o resoluto jovem pretendia muita mais. Com esse objetivo ele se dirigiu à capital do Estado.
Até 1911 o ingresso nos Quadros de Oficiais da Polícia da Paraíba, na época com a denominação de Batalhão Policial, era feito por escolha pessoal do Presidente do Estado, como era titulado o Governador. O posto inicial na carreira era o de Alferes.
Nessas condições Elísio Sobreira foi nomeado para o Posto de Alferes, no dia 31 de julho de 1907. Naquela época o Presidente do Estado era Walfredo Leal, um político com atuação na região do brejo paraibano, inclusive em Esperança, cidade natal de Elísio Sobreira.
No Posto de Alferes, Elísio Sobreira comandou Companhias e foi Delegado de Polícia em diversas cidades. No dia 8 de janeiro de 1912 ele foi promovido ao Posto de Tenente. Naquela época não havia o Posto de segundo Tenente, o que foi criado em 1917 com a extinção do Posto de Alferes. Assim, quem era Alferes passou a ser Segundo Tenente e quem era Tenente passou a ser Primeiro Tenente.
Como Tenente Elísio Sobreira participou das lutas que a Corporação então denominada de Força Policial, travou em 1912, com grupos armados liderados por Miguel Santa Cruz, que era adversário político de João Machado, Presidente do Estado. Esses conflitos ocorram na região do cariri paraibano e o que Santa Cruz pretendia era provocar uma intervenção no Estado.
Durante esses conflitos Elísio Sobreira confirmou a sua já conhecida habilidade na condução de tropa, além de coragem e conhecimentos técnicos próprios para aquelas atividades. Com essas ações, a admiração e o respeito que ele gozava junto aos seus subordinados, pares e superiores, se fortaleceu.
No dia 15 de abril de 1913 Elísio Sobreira foi promovido a Capitão, Posto em que continuou exercendo as funções de Delegado de Polícia no interior do Estado. Nessas atividades ele ampliou o seu prestígio social e político, condições com as quais alcançou a nomeação de Assistente Militar do Governador Solon de Lucena no o de 1920 a 1924.
No dia 29 de junho de 1924, um grupo de cangaceiro do bando de Lampião com a participação do também cangaceiro Chico Pereira invadiu a cidade de Souza, no sertão paraibano, provocando saques, depredações e humilhação às autoridades locais.
O Governo adotou medidas repressivas imediatas deslocando para aquela cidade o Destacamento de Cajazeiras, sob o Comando do Major Genuíno Bezerra e o Destacamento de Pombal, com o Tenente Antônio Salgado.
Pra lá também se dirigiu o Dr. Demócrito Almeida Chefe de Polícia, que adotou as providências de polícia judiciária relativas à situação. Mas a população continuava apavorada.
Nessas circunstâncias o Capitão Elísio Sobreira foi nomeado Delegado de Polícia daquela cidade no dia 29 de agosto daquele ano.
Aplicando os rigores da lei aos infratores e demonstrando o seu elevado espírito de justiça e capacidade de articulação com os diversos setores da sociedade local e com as lideranças política da região, Elísio Sobreira ganhou a confiança da população e fez retornar a paz àquela sociedade.
Ao retorna à capital, já no início do Governo de João Suassuna, Elísio Sobreira foi promovido ao Posto de Major, no dia 13 de novembro de 1924, e no dia seguinte, foi comissionado no Posto de Tenente Coronel para assumir o Comando da Força Policial, denominação da Polícia Militar na época.
No exercício dessas funções Elísio ampliou seus contatos com os diversos escalões do governo, inclusive com o Vice Governador Flávio Ribeiro Coutinho, o então jovem político, que lhe tinha grande admiração.
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