Coronel Elísio Sobreira: O Patrono da Polícia Militar da Paraíba

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  1. Elísio Sobreira Comandante

     A interiorização das atividades operacionais da PM da Paraíba teve início em 1835 com a criação dos  Destacamentos de Areia e Pombal. Aos poucos forma sendo criados outros Destacamentos até se alcançar todas As sede de todas as Comarcas e posteriormente todas as cidades.

     Mas, só em 1913 foi criado um mecanismo de fiscalização, orientação e apoio dessas atividades.    Eram sete Inspetorias, Comandadas por Alferes e que tinha sede em Campina Grande e nas principais cidades do sertão e do cariri.

    As distâncias e a inexistência de meios de comunicação e de transporte inviabilizavam a execução dessas atividades.

     Em janeiro de 1925, o Presidente João Suassuna, acolhendo proposta do Comandante Elísio Sobreira, extinguiu as Inspetorias e criou um Batalhão na cidade Patos.  Até então todo o efetivo da Corporação era distribuído em Companhias subordinadas diretamente o Comandante Geral.

     Assim, através da Lei que organizava a Corporação, as Companhias existentes foram agrupadas em uma Unidade que passou ser denominadas de 1º Batalhão, que ficou sediada na Capital. Na mesma lei foi criado o 2º Batalhão que ficou sediando em Patos. Em 1927, a Lei de organização da força deixou de fazer referência ao 2º Batalhão, que só voltou  existir em 1931, que voltou se instalou em Patos, onde ficou até 1936, quando se transferiu para Campina Grande.

       Naquele período as Polícias do nordeste formaram um convênio para combater os grupos de cangaceiros que atuavam na região.  Nessas ações a PM da Paraíba, sob o Comando de Elísio Sobreira teve um relevante papel.  Além dessas ações, durante esse Comando a Corporação lutou contra a Coluna Prestes que, em fevereiro de 1926, invadiu o sertão da  Paraíba.

      A Polícia Militar tinha deslocando um grande efetivo para o sertão a fim de evitar essa invasão. O Comandante Elísio Sobreira estava com uma tropa em São João do Rio do Peixe e o Major Manuel Viegas com outro efetivo em Catolé do Rocha, ambos prontos para entrar em ação.

   Mas Prestes, de forma astuta, descobriu um acesso desprotegido, e entrou no Estado sem confrontos com a Polícia e se dirigiu para acidade de Souza, com cerca de 900 homens.

    Ao tomar conhecimento do rumo que Colunou tomou, Sobreira e Viegas dirigiram suas tropas na direção de Souza.

    Ao chegar a Souza a Coluna se dividiu. Uma parte foi na direção de Patos e outra para a cidade de Piancó. As tropas de Sobreira e Viegas seguiram em perseguição ao grupo que foi para Piancó, fazendo ataques à retaguarda da Coluna.

     Ao chegar a Piancó, a Coluna encontrou resistência Comandada pelo Padre Aristides, líder político local. Mesmo assim, a Coluna conseguiu invadir a cidade, fazendo saques, depredações e prisão de diversos integrantes do grupo de resistentes. Todos os presos foram assassinados, inclusive o Padre Aristides.

     Esse episódio ficou conhecido como a Tragédia de Piancó.

      Quando a Tropa de Elísio Sobreira chegou a Piancó, a Coluna já tinha se retirado em direção a Pernambuco e nunca mais voltou à Paraíba.

      A outra parte da Coluna que se dirigiu para Patos pretendia invadir aquela cidade, mas desistiu ao perceber que o Capitão Irineu Rangel, Comandante do Batalhão ali sediando tinha preparado a defesa da cidade.

    Nesses acontecimentos Elísio Sobreira deu provas mais uma vez da sua exemplar conduta no cumprimento do dever.

  1. Elísio Sobreira nas lutas de Princesa e na revolução de 1930

      Em 1928, João Pessoa Cavalcante de Albuquerque assumiu o Governo da Paraíba em clima de muitas expectativas de mudanças nos costumes políticos.

    Naquela ocasião o Tenente Coronel Elísio Sobreira deixou o Comando da Polícia Militar e foi nomeado Assistente Militar do Governador.  Francisco de Aragão Sobrinho, Oficial do Exército, assumiu o Comando da Força Pública.

    Em 1930, por motivação política, tiveram início as lutas que a Força Pública travou contra no sertão do Estado contra grupos armados liderados pelo Deputado José Pereira, que era adversário político de João Pessoa.

      O objetivo de Zé Pereira, como os dos liderados e Santa Cruz em 1912 em Monteiro, era provocar uma situação de justificasse uma intervenção Federal no Estado, com a consequente deposição de João Pessoa.

     Washington Luís, Presidente de República, também era adversário político de João Pessoa desde o episódio que ficou conhecido como o dia do nego, em julho de 1929.

    Por essa razão havia indícios de que Washington Luís estava fornecendo apoio em armas e dinheiro para as lutas de  Zé Pereira.

     Assim, João Pessoa deixou de confiar no Coronel Aragão Sobrinho, eu estava no Comado da Força Pública, achando que ele estava  a serviço do Presidente da República nessas lutas.

      Dessa forma, Elísio Sobreira voltou ao Comando da Força Pública, no início de abril de 1930.

       Como era do seu feitio, Elísio Sobreira, tão logo assumiu essas funções, se dirigiu ao campo de lutas, instalando o Comando na cidade e Piancó, de onde dirigia as ações.

     Os combates ocorreram do início de março ao fim de julho e Zé Pereira não alcançou seus objetivos. Não houve intervenção Federal.   A autonomia do Estado foi preservada.

     Findas essas lutas as tropas que nelas combatiam foram recolhidas para Piancó, onde ficaram no aguardo de ordem de Elísio Sobreira.

     Enquanto isso Elísio Sobreira fazia contados sigilosos com Juarez Távora e outros Oficiais do Exército de  que articulavam a revolução que veio a ocorrer no dia 4 de outubro de 1930 e que no nordeste deve início na Paraíba.

     Deflagrado o movimento, Elísio Sobreira, com suas tropas no sertão se aliou às tropas Federais e contribuiu para a vitória da revolução.

       Nesse episódio Elísio Sobreira foi promovido a Coronel Revolucionário e comandou um grupo de Batalhões que junto a tropas Federias, atuou nas ações que resultaram na adesão das tropas que ainda não tinham declarado apoio ao movimento.

     Finda a Revolução, com Getúlio no poder, Antenor Navarro foi nomeado Interventor na Paraíba, Elísio Sobreira, que volto ao Posto de Tenente Coronel, continuou no Comado da Força Pública.

     Em março de 1931, com a Corporação já denominada de Brigada Policial Militar, Elísio Sobreira passou o Comando para Agildo Barata Ribeiro, Tenente do Exército que foi Comissionado no Posto de Tenente.

      Naquela ocasião Elísio Sobreira foi nomeado Assistente Militar do Interventor Antenor Navarro, função em que permaneceu nos dois Governos seguintes.

  1. O Patrono Elísio Sobreira

    Durante o regime ditatorial de Getúlio Vargas (1930 a 1945) não existia Poder Legislativo no Brasil. Getúlio e o Interventores estaduais legislavam através de emissão de Decretos. Os Governadores eram nomeados por Getúlio e os Prefeitos nomeados pelos Governadores.

    Naquele período muitos Oficiais foram nomeados Prefeitos Interventores na Paraíba.  Nessas condições Elísio Sobreira foi nomeado Prefeito de Alagoa Grande, cidade em que ele já desenvolvia atividades políticas.

  No período de 1934 e 1938, Elísio Sobreira foi Subcomandante da Corporação, época em que o Comandante era o Coronel Delmiro Pereira de Andrade, um Oficial do Exército.

    Ao deixar essas funções, Elísio Sobreira, no dia 16 de agosto de 1938, passou para a reserva, depois de 31 anos de bons serviços prestados à Corporação. Mas, em maio de 1940, ainda no Governo de Argemiro de Figueiredo, ele foi convocado para o serviço ativo e nomeado Comandante da Polícia Militar.

   Em maio daquele ano Elísio Sobreira deixou o Comando e foi nomeado Assistente Militar do novo, Governador Rui Carneiro.

     Em maio de 1941 Elísio Sobreira foi nomeado Prefeito de Pombal, terra natal de Rui Carneiro e naquela ocasião passou para a reserva, depois de 32 anos de bons serviços prestados à Corporação e à sociedade paraibana.

    Quando Elísio era Prefeito de Pombal, foi nomeado para Dirigir a Central de Abastecimento da Capital, um atividade muito importante para a administração do Estado.

     Em maio de 1942, quando Elísio Sobreira se encontrava na Direção da Central de Abastecimento, adoeceu e veio a falecer no dia 30 de daquele mês, junto aos seus familiares.

     O sepultamento do ilustre Oficial foi realizado  Cemitério  Senhor da Boa Sentença, em João Pessoa, e  acompanhado por muitos familiares, amigos e autoridade políticas

    Em 1957 o Governador Flávio Ribeiro Coutinho recebeu proposta do Coronel Renato Ribeiro Coutinho, no sentido de escolher o nome de Elísio Sobreira como patrono de Polícia Militar.

     Flávio Ribeiro que bem conhecia os atributos desse valoroso policial militar, de quem era admirador, de imediato acatou a proposta e no dia 10 de outubro de 1957 assinou o Decreto 1.238 definindo que Elísio Sobreira passava a ser o Patrono da Polícia Militar.

     Trinta e seis anos depois, em 1993, o Coronel João Batista de Souza Lira, Comandante da Polícia Militar durante o Governo de Ronaldo da Cunha Lima, apresentou proposta para criação da medalha Elísio, como a maior honraria a ser concedida pela Corporação. No projeto, elaborado pelo Coronel Ramilton Sobral Cordeiro de Morais, Subcomandante Geral, constava também a definição do dia 20 de agosto como o dia do Patrono.

     A proposta foi acolhida e no dia 9 de agosto de 1993 o Governador assinou o Decreto 15.493, que criou a Medalha Elísio Sobreira destinada a homenagear personalidades militares e civis que tenham prestados relevantes serviços à Polícia Militar  ou às suas causas.

     Na mesma data foi assinado o Decreto 15. 503 que definiu o dia 20 de agosto, dia do nascimento de Elísio Sobreira, como o dia do Patrono da Polícia Militar da Paraíba.

     A partir de então, anualmente esse dia é comemorado com uma garbosa solenidade na qual são realizados importantes atos para a administração da Polícia Militar e entregue a medalha Elísio Sobreira à autoridades militares e civis que tenham prestado relevantes serviços à Polícia Militar ou às suas causas.

A Campanha de Princesa: O nego, a morte de João Pessoa, o nome da cidade e a bandeira.

A PM da Paraíba nos combates à revolta de Monteiro em 1912

A PM da Paraíba nas lutas contra a Coluna Prestes

A participação da PM da Paraíba na revolução de 1930

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