A criminalidade violenta na cidade de João Pessoa

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Uma análise da situação da população jovem de João Pessoa no período de 2006 a 2008, revela uma triste realidade, nem sempre percebida pela sociedade em razão de atingir,  quase sempre, pessoas de baixo poder econômico.
Tabela 21: Homicídios de Jovens (15 a 24 anos) em João Pessoa (2006/2008)
Ano
População Jovem *
Quantidade/Critério
Índice/
Residentes
Ocorrência
Residentes
2006
115.849
145
122
106,0
2007
121.939
164
143
118,1
2008
128.356
188
163
127,3
2009
134.773
229
193
144,0
                   Fonte: IBGE
* População estimada
A população jovem foi obtida através da mesma metodologia empregada na elaboração da tabela 18. O índice que melhor retrata a realidade é o referente ao levantamento de homicídios de residentes. Percebe-se acentuada tendência ao crescimento desse índice no período considerado. Entre 2006 e 2009 houve aumento de 33,6% na quantidade de jovens vítimas de homicídios. Em 2009, as cidades vizinhas de João Pessoa também tiveram esses índices em patamares preocupantes. Conforme Waiselfisz (2010), o índice de Santa Rita em 2009 foi 72,9; e o de Bayeux, 62,3.
Comparando a média dos índices de homicídios contra a população jovem do período de 2006 a 2009 nas capitais do nordeste, João Pessoa ocupa a quarta colocação, conforme expressa a tabela 22.
Tabela 22: Média da taxa de homicídios de jovens nas capitais do nordeste (2006-2008)
Cidade
Índice/Média
Cidade
Índice/Média
Cidade
Índice/Média
Maceió
225,7
João Pessoa
114,9
Aracaju
69,0
Recife
224,1
Fortaleza
87,2
Natal
63,6
Salvador
116,0
São Luis
75,0
Teresina
56,0
            Fonte: WAISELFISZ, 2010.
Os dados da próxima tabela traduzem a forma como os homicídios são praticados na cidade de João Pessoa. Mesmo depois do advento da Lei 10.826, conhecida como o Estatuto do Desarmamento, que estabelece maior rigor no controle do uso de armas de fogo no país, seu emprego continua sendo o meio mais adotado na prática de homicídios. Em mais de 80% dos homicídios ocorridos entre 2005 e 2009, foi o instrumento utilizado. Em média, em 10% desses tipos de crimes são utilizadas armas brancas (cassetes, pedras, venenos, meios asfixiantes etc.).
Tabela 23: Meios empregados para prática de homicídios contra residentes em João Pessoa (2005-2009)
Ano
Homicídios
Arma de Fogo
Arma Branca
Outros meios
Quantidade
%
Quantidade
%
Quantidade
%
2005
257
204
79,2
30
11,5
23
9,3
2006
268
226
84,0
32
12,5
10
3,5
2007
329
273
83,0
38
11,5
18
5,5
2008
346
295
85,2
28
8,2
23
6,6
2009
430
359
83,5
59
13,8
12
2,7
            Fonte: SMS, 2010.
Assim como os homicídios ocorridos no estado se concentram nos grandes centros urbanos, também há maior incidência em determinados bairros. No caso de João Pessoa, os bairros com taxas de homicídios mais elevadas estão listados na tabela a seguir.
Tabela 24: Bairros com médias de taxas de homicídios mais elevadas na cidade de João Pessoa (2006/2009)
Bairro
População
Estimada 2008
Anos
Total
Taxa
Média
2009
2008
2007
2006
Varadouro
4.533
13
9
7
7
36
200,0
Grotão
6.362
9
17
10
4
40
158,7
I. Bispo
6.620
15
12
4
3
34
128,8
Padre Zé
7.753
12
12
12
12
48
155,8
B.Indústrias
8.525
12
9
4
8
33
97,0
C. Silva
8.487
15
6
5
4
30
86,2
J. Veneza
13.743
7
12
8
14
41
78,8
A.Mateus
18.587
11
16
12
13
52
72,2
E. Geisel
13.253
15
9
5
8
37
71,1
Valentina
24.536
28
12
12
10
62
64,5
C.Armas
28.593
18
11
24
13
66
59,0
Roger
11.235
6
2
9
9
26
59,0
Cristo
40.887
31
18
18
17
84
52,5
Jaguaribe
15.804
6
9
8
5
28
46,6
B. Novais
34.130
18
9
19
6
51
37,5
Mangabeira
74.137
23
21
21
13
78
26,3
                Fonte: IBGE, 2010.
Na tabulação desses dados foi estimada a população dos bairros através dos números produzidos pelo IBGE relativos ao ano de 2000. O crescimento da população estimado pelo órgão para o período de 2000 a 2009 foi de 10,2%, aqui também adotado. Foi calculada a média anual dos homicídios por bairro e sobre esse resultado foi calculada a taxa, considerando a população de 2009. Esse é o processo adotado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública para calcular a média das taxas de homicídios em todo o país.
No sistema adotado pela SMS para efetuar os levantamentos de homicídios dolosos ou culposos não consta o bairro de Mandacaru entre os 69 catalogados. Os crimes verificados naquele logradouro são computados como ocorridos no bairro dos Ipês, Treze de Maio, Padre Zé e Alto do Céu. Mas, nesses bairros foi registrado um total de 74 homicídios no período estudado (Ipês, 17, Padre Zé, 41 e Treze de Maio, 16). A população total desses bairros é de 39188 habitantes, o que equivale a uma taxa de 47. Essa taxa colocaria Mandacaru em 13º lugar entre os bairros mais violentos da cidade. Entretanto, dados divulgados pela imprensa local, embora sem constar dos registros oficiais, colocam o bairro como o de maior incidência de crimes na cidade. Quase sempre esses levantamentos informais não levam em conta a população, usando unicamente os números absolutos como critério para suas análises.
Nos dados referentes ao Bairro de Mangabeira, tanto relativos aos crimes como a população se referem a Mangabeira I. A soma dos homicídios ocorridos de Mangabeira II a VII totaliza 33 casos no período analisado.  No Bairro do Valentina de Figueiredo II, que não aparece na tabela, ocorreram nove homicídios no período considerado. Se esse número for acrescentado ao Bairro de Valentina I, não altera sua colocação na lista da tabela 23.
Entre os locais com população de maior poder aquisitivo, destacam-se pela irrelevante taxa de homicídios os seguintes bairros: Brisamar, Cabo Branco, Bessa e Manaíra. Os dois primeiros com média inferior a um homicídio por ano, e os dois outros com média 1,5. Varadouro, Grotão, Ilha do Bispo e Padre Zé (onde são computados também os crimes ocorridos em Mandacaru) apresentaram taxas de homicídios alarmantes. São as comunidades de população de mais baixa renda entre as listadas.
Continua na página 4

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