Os heróis do trem

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Os heróis do trem foi como ficou conhecido um episódio ocorrido em 1956, na Paraíba, quando dois Soldados saltaram do Trem em marcha para impedir a fuga de dois presos que estavam sendo escoltados por eles. Esse fato, que teve ampla repercussão na imprensa Oficial do Estado, resultou na promoção à graduação de Cabo desses policiais, pelo critério de bravura.

A promoção por bravura foi um instituto muito utilizado na PM da Paraíba durante as lutas contra os grupos armados que conturbavam a ordem pública em Princesa em 1930.  Esses combates duraram cinco meses, mas teve policial que ali chegou como Soldado ou Sargentos e saiu  como 2º Tenente. Quase todos Oficiais que participaram dessa campanha também foram promovidos.

A legislação sobre esse tema tem mudando muito ao longo da história da Corporação. Atualmente ela está prevista na lei de Promoção, que estabelece os critérios para tal fim.

Sempre que ocorre uma promoção desse tipo surgem críticas sobre os critérios aplicados para a sua avalição. Mas, na essência esse instituto constitui  uma valiosa ferramenta que o Comando da Corporação dispõe  para fazer justiça.

O caso dos heróis do trem, já mencionado, que a seguir transcrevemos,  pode ser objeto de reflexão sobre a validade desse critério de promoção.

No início de setembro de 1956, dois Solados da PM foram acusados de um assassinato na Cidade de Piancó, e por essa razão foram presos pelos policiais ali destacados e recolhidos ao Presídio local. O crime teve grande repercussão e o Coronel Edson Ramalho,  Comandante da PM, fez severas recomendações sobre a segurança desses detentos. Mesmo assim eles fugiram, o que causou grande desgaste à imagem da Corporação.

Naquela época, Piancó era da área de atuação do 2º Batalhão da PM, sediado em Campina Grande e que tinha no Comando o Tenente Coronel Ademar Naziazene.   Todos os recursos dessa Unidade foram empregados na recaptura desses fugitivos, o que veio a acontecer poucos dias depois na região aonde ocorreram os crimes.

Por ordem judicial os recapturados foram de imediato, conduzidos para a sede do Batalhão, de onde deveriam ser transferidos para o Quartel do Comando Geral, em João Pessoa, onde ficariam presos à disposição da justiça.

 Como era comum na época, esse transporte era feito de Trem.  Para fazer a escolta dos prisioneiros, o Tenente Coronel Ademar Naziazene designou os Soldados Moacir Ramalho e Joaquim Ferreira, a quem foram feitas    rigorosas orientações  e advertências.  Os integrantes da escolta portavam de Fuzis e Sabres, que era o armamento usual nesse tipo de serviço.

Embarcados no Trem a escolta e os escoltados se acomodaram, lado a lado. Quando o Trem, na sua velocidade máxima, chegou as proximidades de Itapuá, Distrito de Pilar, os conduzidos se levantaram abruptamente, cada um deles recebeu um revolver e uma peixeira de pessoas que viajavam no mesmo vagão,  conforme previamente combinado, correram para parte que fica entre os vagões, de lá  se jogaram no chão e saíram correndo em direção a um matagal ali existente.

Moacir Ramalho e Joaquim Ferreira de imediato largaram os fuzis, ficando armados apenas de Sabres, também pularam do Trem, sofrendo pequenos ferimentos, e saíram em perseguição aos foragidos, que já estavam distantes. Mesmo assim conseguiram alcança-los há cerca de dois quilômetros depois.  Houve luta corporal, mas os integrantes da escolta conseguiram dominar os fugitivos, depois de desarma-los. Um deles ainda tentou sacar o revolver, mas este ficou preso no coldre no meio da confusão.

Exaustos o grupo seguiu a pé até a cidade de Pilar aonde pegaram o Trem do horário seguinte e seguiram para João Pessoa.

Ao chegarem ao Quartel e narrarem os fatos, Moacir Ramalho e Joaquim Ferreira foram levados à presença do Coronel Edson Ramalho, que determinou as medidas necessárias para efetivação de uma recompensa, que foi formalizada através da promoção a Cabo por bravura.

A imprensa Oficial deu grande destaque a esses fatos.

  Veja também   Astúcia policial: Um valioso instrumento operacional. Uma canção como arma   Um ato humanitário em meio à violência   Por amor ao pai: Vestiu a primeira farda no cemitério   Um herói esquecido          

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2 Comentários em "Os heróis do trem"

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Wilton
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Excelentes textos históricos que enriquecem nossas memórias a percorrer a história e a trajetória da briosa polícia militar. Parabéns douto professor e Cel Batista.
Atenciosamente,
Wilton da Costa – Psicólogo.