Ademar Naziazene: o primeiro Aspirante a Oficial da PM da Paraíba

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 O primeiro Aspirante a Oficial da Polícia Militar da Paraíba foi Ademar Naziazene Galdino.  Nascido no dia 17 de julho de 1908, em Alagoa Grande, a terra de Jakson do Pandeiro e de Osvaldo Trigueiro Albuquerque de Melo, um dos maiores juristas da Paraíba. Ademar Naziazene era filho Manoel Galdino Naziazene, Capitão da Guarda Nacional e de Deodata Brandão Naziazene.

Depois de estudar o que é atualmente equivalente ao curso fundamental em Alagoa Grande, Ademar Naziazene ingressou no Batalhão Policial (Denominação da Polícia Militar da Paraíba na época), como Soldado, no dia 22 de dezembro de 1924, portanto aos dezesseis anos de idade.  Nos três anos seguintes ele, depois de fazer os Cursos de Cabo e de Sargento, alcançou a graduação de Primeiro Sargento Amanuense (Graduado que exercia as funções de escreventes ou secretário).

Em 1920, com as reformas que ocorreram no Exército, foi criada a Escola de Sargentos de Infantaria, no Rio de Janeiro, aonde eram realizado cursos de formação de Comandantes de Pelotão, o que, na prática, era função de Tenente.  Essa Escola abriu vagas para Sargentos das Forças Públicas (Denominação genérica das Polícias Militares) frequentarem esses cursos.

Em 1924 a Paraíba selecionou e encaminhou os Sargentos João da Costa e Silva e Epaminondas Carlos de Albuquerque para aquele estabelecimento. No final do curso, que tinha a duração de um ano, Epaminondas Carlos foi transferido para o Quadro Oficiais de Infantaria  do Exército, aonde chegou ao Posto de Coronel. Depois de reformado, ele ingressou na Magistratura de Pernambuco e chegou a Desembargador. João Costa pediu desligamento na metade do curso, voltou à Paraíba e foi promovido a 2º Tenente Comissionado (Uma situação Provisória) em março de 1925, seguindo a carreira de Oficial até o Posto de Tenente Coronel.

Em 1929 houve outra seleção para aquele curso com apenas uma vaga, e o selecionado foi o Primeiro Sargento Ademar Naziazene.   No final daquele ano, o Sargento Naziazene concluiu o curso e retornou à Paraíba. Em dezembro de 1929 foi criada a graduação de Aspirante a Oficial, e em fevereiro de 1930 Ademar Naziazene foi declarado Aspirante a Oficial.

Ainda em 1930, com o início das lutas que a Força Pública (Nova denominação da PM) travou com grupos armados liderados pelo Deputado José Pereira, na região de Princesa Isabel, no sertão paraibano, o Aspirante Ademar Naziazene teve importante participação comandando tropas nos combates.  No final daquele ano ele foi promovido e 2º Tenente e ao posto seguinte em 1931.

Nesses Postos Naziazene exerceu funções administrativas inerentes aos Oficias subalternos. Em 1931 ele integrou a Companhia, que sob o Comando do Capitão José Maurício da Costa, se deslocou para Recife, em apoio ao 22º Batalhão de Caçadores (Atual 15º Batalhão de Infantaria) na luta para debelar uma revolta militar de Unidades do Exército sediadas naquela cidade. A missão da tropa legalista alcançou total êxito.

A Constituição de 1934 estabeleceu que as Forças Públicas passavam à condição de força auxiliar do Exército. Regulamentando esse dispositivo constitucional, a Lei 192 de 1935 definiu como essas Corporações deveriam se organizar. Entre essas normas constavam disposições que tornavam obrigatórios a realização de Curso de Formação para todos os níveis hierárquicos da Corporação (CFSd, CFC, CFS, CAS, CFO e CAO). A Lei estabelecia 5 anos de carência, findos os quais não poderia haver promoções de quem não fosse portador dos cursos correspondentes aos respectivos Postos ou Graduações.

Os Cursos destinados aos Graduados tiveram início em 1936, dando-se prioridade a quem já era graduado, como forma de se adaptar a essas novas exigências.

Havia também a necessidade de se legalizar a situação de quem já era Oficial e precisava ser promovido. Por esse motivo, primeiramente foram realizados dois Cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO).  Em 1939 foi realizado o primeiro (Com 10 Oficiais de 2º Tenente a Tenente Coronel), ministrado por Oficiais do 22º Batalhão de Caçadores (Atual 15º RI), no qual o Capitão Ademar Naziazene (Promovido em 1935) foi o primeiro lugar.

No segundo CAO, realizado em 1940, ministrado pelos Oficiais da Corporação que fizeram o primeiro curso, o Capitão Ademar Naziazene foi instrutor.

Em 1942 e 1946 foram realizados Cursos de Formação de Oficiais (cada um com 10 Sargentos) nos quais o Capitão Ademar Naziazene foi um vibrante instrutor, contribuído com a continuidade do processo de capacitação técnica do corpo de Oficiais da Corporação.

A exemplo da maioria dos Oficiais da sua época, Naziazene era autodidata e tinha muita habilidade na comunicação verbal. De compleição atlética e amante do esporte, ele foi um dos primeiros Professores de Educação  do Física do Estado lecionando nos Colégios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Araruna, Cabedelo, Caiçara e Monteiro. Naziazene era um Oficial vibrador, disciplinado, disciplinador e figura marcante nos desfiles de tropas.

Durante o Governo de Rui Carneiro (Interventor de 1940 a 1945) o atual Quartel do 2º Batalhão foi inaugurado, em 1943, na época em que o Major Ademar Naziazene (Promovido em 1942) era o seu Comandante. Onze anos depois ele voltou ao Comando dessa Unidade aonde permaneceu de outubro de 1954 a outubro de 1957.

No início do ano seguinte o então Tenente Coronel Ademar Galdino Naziazene, passou para a reserva, a pedido, aos 50 aos de idade e com 34 anos de bons serviços prestados à Corporação.

Pela legislação da época, quando um Oficial da Polícia Militar ia para a reserva, passava a integrar o corpo de Oficiais de segunda classe da Reserva do Exército, e tinha o direito de portar uma identidade que constava essa situação. Era uma coisa mais simbólica, mas Naziazene levou isso muito a sério e tão logo ele passou para a reserva, mandou fazer uma farda do Exército e fez uma fotografia que guardava com muito orgulho.

Depois de passar para reserva, Naziazene prestou serviço por vários anos como servidor da Universidade Federal de Brasília.

Quando se encontrava nessas funções, Naziazene começou a pesquisar e a escrever uma obra sobre a História da Polícia Militar, que foi lançada em 1972 com o título “Polícia Militar da Paraíba: Sua história”. Nesse trabalho ele faz um relato de alguns dos principais fatos ocorridos ao longo da história dessa corporação de 1832 a 1957, dando ênfase ao lento, mas contínuo desenvolvimento da Corporação.

         Em 1992 eu ministrava aulas de História da Polícia Militar da Paraíba para alunos do CFO, no Centro de Ensino,  convidei quatro Oficiais “antigões” para conversar com os alunos da turma. Foram o Coronel Raimundo Cordeiro de Morais, Capitão Gonçalo Ferreira Lopes, Coronel João Gadelha de Oliveira e o Coronel Ademar Naziazene (Com 84 anos). Todos estavam vestidos de maneira bem formal e sempre bem postados. Expressavam reflexos de uma sólida formação militar.  Foi uma tarde toda de conversa. Poucos dias depois recebi o bilhete abaixo, que me deixou muito lisonjeado, e que ainda guardo com carinho.

                                        João Pessoa, 11 de junho de 1992.

            Meu caro camarada Major Batista

                                                         Felicidades e paz.

            Com muitas alegria estou a lhe dirigir estas linhas onde venho agradecer a sua bondosa pessoa e os seus comandados os belos momentos de satisfação quando da minha estada no seu Quartel e tive de enfrentar ali grandes alegrias e emoções  devido as saudades e recordações de tempos que são sustentados na minha mente. Com orgulho voltei a ser PM, com tanto carinho como fui tratado pela sua pessoa e comandados. Um abraço para os rapazes e beijos para as belas milicianas que merece os meus respeitos. Muito obrigado.

Com fundamentos nesse perfil, o Coronel Ademar Naziazene foi escolhido  o patrono da cadeira nº 9 da Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba.

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