Comandantes do 2º Batalhão: Irineu Rangel de Farias

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Irineu Rangel de Farias
     Irineu Rangel de Farias foi um dos mais notáveis oficiais da sua época.  Nascido em 6 de agosto de 1883, na localidade denominada de Batalhão,  atual Taperoá,  e falecido em 24 de agosto de 1977, portanto aos 94 anos de idade, a sua vida foi sintetizada em um trabalho do Cônego Eurivaldo Caldas,  que assim o descreve inicialmente:
  “Quem recebeu como berço, lugar por nome de Batalhão e desceu ao túmulo no dia exato em que se comemora o soldado brasileiro, guardaria, por certo, a predestinação de torna-se, o que na realidade foi - um apaixonado da carreira das armas - o protótipo do miliciano”.
  Ingressando no Batalhão de Segurança, denominação da Polícia Militar na época, no dia 6 de junho de 1904, como Soldado, Irineu Rangel passou por todas as graduações.  Em 1905 foi Anspençada (Graduação entre Cabo e Soldado) e nessa graduação prestou serviço na Guarda Municipal de Campina Grande, em 1906. Em continuidade a careira como praça, ele foi Promovido a Cabo de Esquadra em 1908, 3º Sargento no ano seguinte e 2º Sargento em 1911. Todas essas promoções foram por indicação do Comandante, que era o único critério vigente na época.
      Até 1913 o critério para o ingresso no oficialato era unicamente indicação do Governador. Naquele ano quando a Corporação já era denominada de Força Pública, durante o Comando do Coronel Mário Barbedo, o ingresso de oficial na corporação passou a ser através de seleção entre os Sargentos. A carreira de Oficial iniciava no posto de Alferes.  Por esse critério, Irineu Rangel foi promovido a Alferes no dia 16 de abril de 1913. Até 1916 não existia a divisão de 1º e 2º Tenente. Em novembro daquele o Posto de Alferes foi extinto e crido o de 2º Tenente, que passou a ser ocupado pelos Alferes até então existentes (Decreto 448 -9/11/1916), entre eles Irineu Rangel.
      No posto de Alferes e de 2º Tenente Irineu Rangel exerceu as funções de Delegado de Polícia em Souza, Bananeiras e Conceição, entre outras grandes cidades do interior. Nessa época também ele Comandou Patrulhas Volantes, que faziam diligências que duravam muitos dias em perseguição aos grupos de cangaceiros que percorriam o sertão e o brejo paraibano.
       Nessas operações, que exigiam muita coragem pessoal e destreza física, uma vez que em muitas situações era necessário se fazer uso de arma branca, em lutas corporal, Irineu Rangel ganhou notoriedade pela forma como se portava. Sua fama criava temor entre os cangaceiros, conforme relato de José Américo de Almeida na sua obra “O ano do nego”.
     Em razão das suas atividades como Comandante de Patrulhas Volantes Irineu foi elogiado pelo Comandante Geral e pelo Governador por diversas vezes, onde se ressaltavam suas qualidades tendo-o como organizado, disciplinado, disciplinador, dedicado, companheiro, justo, corajoso, de apresentação pessoal irrepreensível e socialmente polido.
     Em 9 de março de 1922 Irineu Rangel foi promovido a 1º Tenente e continuou no exercício de funções de Delegado e de Comando de Patrulhas Volantes. Nessa época ele foi baleado nas costas em um confronto com bandidos e, em decorrência dos ferimentos sofridos, foi reformado em 23 de janeiro de 1924.
     Em janeiro de 1925, no inicio do Comando do Tenente Coronel Elísio Sobreira, foi criado o 2º Batalhão, que seria instalado em Patos, e Irineu Rangel foi convocado para o serviço ativo e Promovido ao Posto de Capitão para nessa condição organizar e Comandar essa nova Unidade. Esse fato expressa a capacidade desse Oficial e o prestígio que ele gozava na Corporação.
     Depois de muitas dificuldades Irineu Rangel conseguiu organizar o Batalhão e no dia 15 de abril de 1925, partiu da capital, conduzindo a atropa, viajando de trem, até a cidade de Patos, onde se instalou em um prédio no qual antes funcionava um colégio. Contando com a mão-de-obra dos próprios policiais, e uma permanente orientação e incentivo do Capitão Irineu Rangel, o prédio foi totalmente reformado e adaptado às necessidades do Batalhão.
    Com a instalação do 2º Batalhão, todas as diligências relativas ao combate aos grupos de cangaceiros da região passaram a ser comandadas pessoalmente pelo Capitão Irineu Rangel, que ampliou sua notoriedade nessas funções. Em 1926, o 2º Batalhão teve um importante papel nos combates que a Força Estadual empreendeu contra a Coluna Prestes, evitando que a cidade de Patos principal alvo da Coluna, fosse invadida.
        A fixação do efetivo da Corporação era estabelecida anualmente de forma que as despesas com o pagamento de pessoal fossem adaptado ao orçamento do Estado. Dessa forma, a nova organização da Força Pública para o ano de 1927 não previa a existência do 2º Batalhão e Irineu Rangel foi exonerado do seu Comando. As companhias do Batalhão instaladas em Patos, Sousa e Cajazeiras, tornaram-se Companhias Regionais e depois receberam outras denominações e mudaram de sede. Essa situação perdurou até 1930.
     Depois da desativação do 2º Batalhão, no começo de 1927, Irineu Rangel, voltou a ter problemas de saúde e foi novamente reformado, no dia 26 d julho de 1927.
       O seu período de comando no 2º Batalhão foi de 20 de fevereiro de 1925 a 31 de dezembro de1926.
     Em 1930, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, o Presidente do Estado (denominação dos Governadores na época) criou um Batalhão Provisório na Força Pública, para aumentar o efetivo que iria combater os grupos armados liderados pelo Deputado José Pereira, na região de Princesa Isabel, no sertão paraibano. O objetivo desse grupo era criar um estado de desordem na região que justificasse uma intervenção federal no Estado e a consequente deposição de João Pessoa. E para organizar e comandar esse Batalhão, João Pessoa, convocou, mais uma vez, o Capitão Irineu Rangel.
      Para esse fim Irineu Rangel, no começo de março de 1930, montou um Quartel na cidade de Piancó e lá iniciou o treinamento com efetivo recrutado em todo Estado. A situação não permitia muito preparo, e à medida que os efetivos eram recrutados, seguiam, ainda com pouco treinamento, para as frentes de combates. Essa luta durou até o final de julho daquele ano. Findas essas lutas, o efetivo provisório permaneceu mobilizado até o final do ano, quando foi todo dispensado e Irineu Rangel, mas uma vez foi reformado, agora em caráter definitivo, mesmo com 43 anos de idade, mas com problemas de saúde, ainda advindos dos ferimentos sofridos em ação contras cangaceiros.
     Mesmo reformado, e em condições físicas limitadas, esse valoroso Oficial continuou prestando serviço ao Estado. Entre as diversas funções por ele exercidas, destaca-se, a de Diretor da Penitenciária Modelo, durante o Governo de José Américo de Almeida (1950/1955), sendo o primeiro dirigente desse estabelecimento.
       Durante o Governo de Rui Carneiro, como Interventor, e de Osvaldo Trigueiro e José Américo, foram concedidos diversos benefícios aos integrantes da corporação, mas esses não se estendiam aos reformados antes de 1931, portanto não alcançavam Irineu Rangel. Para corrigir essa defasagem, no dia 24 de outubro de 1965, final do Governo do Pedro Gondim, Irineu Rangel, depois de 25 anos reformado, foi promovido ao Posto de Major.
     No dia 7 de outubro de 1973, o velho herói, agora com 90 anos de idade, foi condecorado, no Salão de Honra do Comando Geral, com a medalha Vital de Negreiro, a mais alta comenda da concedia pela Corporação na época e que atualmente não mais existe.
 No dia 24 de agosto de 1997, depois de ultrapassar os 94 anos de idade, o velho Irineu Rangel, veio a falecer em meios aos seus familiares, deixando um exemplo de vida e dedicação à Policia Militar da Paraíba.

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