O Comando do Coronel Benedito Lima Junior na PM da Paraíba

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O Comando do Coronel Benedito Lima Junior na PM da Paraíba foi marcado pela descentralização das atividades operacionais, pelo aumento de efetivo e pela defesa da instituição em nível nacional.  Neste trabalho vamos enformar esses fatos, fazendo, previamente uma síntese da careira militar desse valoroso oficial. É o que passamos a fazer.

  1. A Carreira militar

       Integrante de uma família de 6 irmãos, Benedito Lima Junior nasceu no dia 27 de maio de 1926, na Cidade de Cuité, Paraíba. Seus pais eram Benedito Ferreira da Costa Lima e Julieta Fonseca Lima, proprietários de um Cartório naquela Cidade.  Ainda jovem Benedito Lima demonstrava aptidão para música e tocava saxofone e Clarinete.

     Na busca de desenvolver essa habilidade artística, Benedito Junior ingressou na Polícia Militar, em 28 de março de 1953, como Soldado da Banda de Música, onde, depois de aprovado em Concursos, alcançou as graduações de terceiro e de segundo Sargento.

     Em 1958 Benedito Junior foi aprovado na seleção para o Curso de Formação de Oficiais, que foi realizada na própria Corporação.

     Foi Aspirante e Segundo Tenente no decorrer de 1958. Nesse Posto ele foi Delegado de Polícia de diversas cidades, inclusive de Souza, ocasião em que conheceu a Jovem Lauriana de Oliveira Lima com quem se casou, no dia 30 de setembro de 1959. Desse casamento nasceu Ricardo Lima, único filho do casal.

       Expressando o seu orgulho de ser Policial Militar, Benedito Junior se casou fardado, em Campina Grande, com todas as formalidades regulamentares.

     Em 1962 ele foi Primeiro Tenente e no ano seguinte Capitão, posto em que foi nomeado Ajudante de Ordem do Governador João Agripino.

      Em 1964, quando ocorreu o movimento revolucionário, e havia suspeitas de que o Palácio da Redenção seria invadido por grupos contrários ao movimento, Benedito Junior, e a equipe de Oficiais e praças que prestavam serviço no Palácio do Governo, expressaram extrema lealdade ao Governador, o que ampliou o seu prestígio político.

      Objetivando se habilitar legalmente para as promoções seguintes, Benedito Junior fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Academia da Polícia Militar de Minas Gerais, em 1965.

      Em 1967 ele foi Promovido a Major e assumiu a Subchefia do Gabinete Militar aonde permaneceu até meados de 1969. No exercício dessas funções ele foi promovido a Tenente Coronel em julho daquele ano.

     Buscando melhorar ainda mais seus conhecimentos profissionais, Benedito Junior fez o Curso Superior de Polícia, na Academia Nacional de Polícia, em Brasília, ainda em 1969,

     No início da década de 1970, Benedito Junior exerceu as funções de Delegado Especial em Campina Grande e João Pessoa além de Comandar Batalhões. Em 1974 ele voltou para o Gabinete Militar do Governador, agora como Chefe, ai permanecendo durante os Governos de Ivan Bichara e Dorgival terceiro Neto, (1975/1979) e Tarcísio Buriti 1979 a 1982.

  1. O Comando do Coronel Junior

      No dia 22 de fevereiro de 1983 o Coronel Benedito Lima Junior assumiu o Comando da Polícia Militar, substituindo o Coronel Severino Talião de Almeida, Oficial do Exército, e permaneceu nessa função até o dia 1 de agosto de 1986.

Durante esse Comando destacamos os seguintes acontecimentos.

2.1 Efetivo e disciplina.

    Um dos maiores problemas naquela época, como ainda nos dias atuais, era a escassez de efetivo. Para amenizar essa situação, foram realizados Cursos de Formação de Soldados em todos os Batalhões. Esses Cursos eram realizados semestralmente. Assim, durante esse Comando foram incluídos aproximadamente 1.500 novos Soldados, o que representou um grande avanço nas atividades operacionais.

    Graças ao elevado censo de justiça do Coronel Benedito Junior, muitos Oficiais e praças foram elogiados, e alguns tiveram anuladas suas punições com os fundamentos de que esses castigos já tinham alcançado os fins educativos.   Ainda como ações motivacionais, o Coronel Benedito Junior incentivava as atividades esportivas da Corporação valorizando as equipe de Pedestrianismo, futebol de Campo e de Salão, fazendo registro de elogios a esses atletas.

    Mas existiam muitos problemas disciplinares na tropa, e o Coronel Benedito Junior agiu com muita energia determinando a adoção de rigorosas medidas administrativas, o que resultou na exclusão de 196 Soldados.

2.2 Aperfeiçoamento dos Recursos Humanos.

        Objetivando promover o desenvolvimento dos recursos humanos da Corporação foram encaminhados Oficiais e Praças para outras Corporações, e para a Unidade de Ensino do Exército, no Rio de Janeiro, onde frequentarem os seguintes Cursos de Especialização:

       Educação Física, Comunicação Social, Radio Patrulhamento, Informações, Manutenção de Auto, Relações Públicas. Manutenção de Armamento, Prática de Tiro de Combate, Perícia de Incêndio, Mergulhador Autônomo e Psicotécnico Militar.

     Durante esse Comando a Corporação recebeu 29 novos Oficiais, formados nas Academias de Pernambuco, Ceará, Paraná e Goiás, mantendo a denominada oxigenação dos quadros.

2.3 Descentralização das atividades Operacionais

    Objetivando ampliar a descentralização das atividades operacionais, o Coronel Benedito Junior desenvolveu esforços para implantação dos núcleos de Pelotões em Bayeux, Santa Rita, Sapé, Solânea, e Monteiro, e deixou encaminhada a mesma medida para Cuité. Esses núcleos de Pelotões depois tomaram outras denominações.

     Para um maior dinamismo do policiamento da Capital, o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, que estava sediado no Bairro de Marés, foi autorizado a também executar o policiamento da área sul da cidade, e nos jogos realizados no Estádio José Américo de Almeida. Essas missões foram cumpridas com muito êxito. Nesses serviços, que tiveram a duração de seis meses, foram empregados praças recentemente formadas e dois de Aspirantes que estagiavam naquele Centro. (Djalma Lima e Wilde Monteiro). Ainda objetivando a descentralização operacional foi também instalado um Pelotão em Mangabeira, que foi Comandado pelo Tenente Marconi Torres. Posteriormente no prédio que foi sede desse Pelotão, foi instalada uma Delegacia de Polícia, e o Pelotão foi para sede do Batalhão do Valentina, que já tinha sido inaugurado pouco antes.

2.3  Assistência de Saúde

O Quadro de Saúde da Corporação estava funcionando com precariedade por falta de Médicos e de Dentistas. Devidamente autorizado por uma nova legislação, baixada por iniciativa do Comando da Corporação, ficaram habilitados, independentemente de Concursos, 8 Oficiais R/2 do Quadro de Saúde do Exército, da ativa ou já na reserva.

     Foram 5 médicos: Felix Humberto Pessoa Belmont, Kelson Albuquerque, Roberto Subchacki,  Roderico Toscano de Brito Sobrinho  e Antônio Maria da Cunha Lima Maria; e 3 Dentistas. Adelmar Vinagre Régis, João Ferreira de Souza Leite e José Olívio de Almeida Assis.

   Todos foram incluídos como 1º Tenente, no início de 1986.   No ano seguinte, nas mesmas condições, foram incluídos mais 3 Dentistas; Carroberto Albuquerque de Oliveira, Sebastião Ramalho de Alencar e Luciano Pires de Figueiredo.

                                                                                                                       Também com essa finalidade, foi autorizado o ingresso no Quadro de Saúde, dos Oficiais e Praças que tivessem formação na área de Saúde.  Essas medidas deram uma melhor funcionalidade a esse serviço.

2.4. Construções de Quartéis

      Durante esse Comando foram iniciadas as Construções do Quartel do 5° Batalhão, no Valentina Figueiredo e de um Quartel em Cabedelo, onde, posteriormente foi instalada a 2º Companhia do 1º Batalhão. Era mais uma forma de descentralizar as atividades Operacionais. Também nesse Comando foram adotadas as medidas preliminares objetivando a alocação de recursos para à construção de um Quartel destinado a sediar o Comando Geral.  O local escolhido foi uma área deserta e coberta por um matagal na área do Bairro de Mangabeira, onde, posteriormente, foi construído o atual Quartel do Centro de Ensino da Corporação. (CE)

  • . Política Salarial e Legislação de Pessoal

       Em relação a vencimentos, os integrantes da Polícia Militar tiveram  reajustes nas mesmas datas do demais servidores do Estado. Como no reajuste de 1984 o percentual do aumento dos Policiais Militares ficou abaixo do concedido aos outros servidores, foi aumentado o valor da gratificação de Representação e criada uma gratificação nos contracheques denominada de Etapa de Alimentação, que, pouco depois, foi extinta e incorporada ao Soldo.

     Assim como ocorre atualmente, os contracheques dos Policiais Militares naquela época continham tantas parcelas atreladas ao Soldo que fica difícil se fazer uma comparação com os valores atuais.  Para se ter uma ideia dessa questão, no reajuste concedido a esses profissionais em agosto de 1984, o Soldo de um Soldado era Cr$ 41.820,00   e o Salário Mínimo era Cr$ 91.175,00. Ou seja, o Soldo do Soldado equivalia a 46% do Salário Mínimo.  Para se compensar situações dessa natureza, buscava-se sempre adoção de mais um tipo de gratificação.

      Nesse Comando foi adotada uma Legislação que introduziu mudanças em relação a vencimentos.  Foi instituída a norma de promoção a 2º Tenente do Aspirante classificado em primeiro lugar da turma. Foram baixadas as normas referentes à promoção por 30 anos de serviço e a passagem para a reserva com os proventos do Posto ou Graduação imediata. Foi a chamada Lei Piauí ou Juruna.

      Essas normas, que em muito beneficiou o pessoal por ocasião da passagem para inatividade, ainda estão em vigor. Como, mesmo com essas vantagens, esses profissionais ainda tinham vencimentos muito aquém do justo, foi baixada uma norma estabelecendo que eles não poderiam ter  uma renda inferior a 4 Soldos.  Traduzido para os nossos dias, considerando o Soldo atual, um Soldado na Reserva ganharia R$ 4.600,00 e um Coronel, também na reserva, ganharia R$ 19.120,00.  A Lei dos 4 Soldos foi revogada pela Lei 7501 de 1993.

  1. 6 Defesa dos interesses da PM em nível nacional

      No começo da década de 1980 começaram a se intensificar as discussões sobre a possibilidade de unificação das polícias, com o levantamento de propostas de uma de emenda à Constituição de 1969.

    No bojo desses debates surgiram segmentos defendendo a unificação das Polícias ou a extinção da Polícia Militar.  Nesse contexto os Comandantes das Policias Militares de todos os Estados e do Distrito Federal, realizaram Congressos para se buscar a criação de meios de defesa dos direitos dessas corporações. Com esse objetivo, no período de 1983 a 1986, foram realizados Congressos em Caruaru, Rio de Janeiro, Campos de Jordão e Brasília.

     O Coronel Benedito Junior participou de todos esses eventos, defendendo de forma entusiasmada e contundente os interesses das Polícias Militares.

2.7 A Passagem para inatividade

     Quando deixou o Comando da Polícia Militar, em 1 de agosto de 1986, Benedito Lima Junior passou para a reserva, depois de 33 anos de serviço, dos quais 10 no Posto de Coronel. Nessas condições ele foi Convocado para ao Serviço ativo e nomeado Chefe da Casa Militar, onde permaneceu até o fim do Governo de Milton Cabral, em março de 1987.

      No dia 5 de fevereiro de 1995, Benedito Lima Junior faleceu, aos 69 anos de idade, vítima de um enfarto. Seu corpo foi velado por dezenas de autoridades e de amigos no Hal do Quartel do Comando Geral. Foi uma grande perda para todos os integrantes da Corporação e para a sociedade paraibana.

     Pelos fatos aqui relatados fica expresso o quanto o Comando do Coronel Benedito Junior se preocupou com o bem estar da tropa e operoso nos aspectos materiais e operacionais além de exercer um relevante papel em defesa dos interesses institucionais.

     O Coronel Benedito Lima Junior foi um homem de conduta pessoal e social ilibadas, competente e dedicado profissional que muito se orgulhava da sua corporação. Ao longo de toda a sua careira o Coronel Benedito Lima Junior em muito dignificou a Polícia Militar, pelo que aqui externamos nosso carinho, respeito e gratidão.

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