Os Comandantes da PM da Paraíba de 1912 a 1931

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  1. O Comando de João Florêncio da Costa

      Findo o Governo de Camilo de Holanda, (22 de outubro de 1920), tomou posse como Presidente eleito Solon da Lucena, e o Tenente Coronel João da Costa Vilar foi substituído interinamente pelo Major Adolpho Atayde, Oficial mais antigo da Corporação. Posteriormente foi nomeado para essa função o Tenente do Exército João Florêncio da Costa, que foi Comissionado no Posto de Tenente Coronel.

     O Comando de Florêncio da Costa foi de 3 de novembro de 1920 a 22 de outubro de 1924.

     Durante todo o período desse Comando a administração ficou precariamente instalada. Como já mencionado o Comando ficou em um prédio na Avenida Epitácio Pessoa, e a tropa no Quartel da Maciel Pinheiro, pois o prédio da Praça Pedro Américo estava temporariamente ocupado por uma unidade do Exército.

       Um dos principais focos desse Comando foi a busca da melhoria técnica profissional dos graduados. Nesse período foram realizados muitos concursos e cursos de formação de Cabo e Sargentos. Outra preocupação nesse sentido foi reduzir analfabetismo através da frequência compulsória dos policiais à Escolar Regimental

      Foi uma época de muitas diligências no combate aos grupos de cangaceiros, nas quais muitos deles foram debelados. Nessas operações, que eram realizadas por grupos de policiais denominados de Patrulhas Volantes, destacaram muitos Oficiais como, por exemplo, Genuíno Bezerra e Irineu Rangel.

          Com o término do Governo de Solon de Lucena, no dia 22 de outubro de 1924 e a pose de João Suassuna, eleito Presidente do Estado, o Tenente Coronel João Florência da Costa foi substituído interinamente pelo Major Rodolpho Atayde, o Oficial mais antigo da Corporação.  No dia 17 de novembro de mesmo ano, o Major Elísio Sobreira, também Oficial da Corporação, foi Comissionado no Posto de Tenente Coronel e nomeado Comandante.

  1. O Comando de Elísio Sobreira

      O Comando de Elísio Sobreira se estendeu até o fim do Governo de João Suassuna. (22 de outubro de 1928). Esse Oficial, que ingressou na Força Pública em 1908, foi Alferes, Tenente e Capitão sempre participando das atividades operacionais mais importantes, como nos combates aos grupos armados liderados por políticos que na região de Monteiro, em 1912, que pretendiam provocar uma intervenção  Federal no Estado.

       Elísio Sobreira foi Delegado em diversas cidade e Assistente Militar do Presidente Solon de Lucena, de 1920 a 1924.

      Objetivando uma maior interiorização das atividades operacionais da Corporação, Elísio extinguiu as Inspetorias, criadas em 1913 por Mário Barbedo, e criou um Batalhão na cidade de Patos. Dessa Unidade partiam as volantes para combater os grupos de cangaceiros que agiam na região sertaneja,

     Acontecimento marcante nesse Comando foi a luta que a Corporação travou com a Coluna Prestes 1926.  Ao tomar conhecimento da aproximação da Coluna do território Paraibano,  Elísio se deslocou com um grande efetivo  para a região de Catolé do Rocha e Cajazeiras. Houve combates no percurso de Sousa até Piancó, com muitas baixas no efetivo da coluna. Com essa resistência, a coluna se retirou do Estado em direção a Pernambuco e mais não retornou à Paraíba.

     Afeito às lutas e com muita habilidade na condução de tropa, além de ser portador de um elevado espírito de justiça, disciplinado e competente administrador, Elísio Sobreira era a maior liderança no seio da Força Pública.

    Foi durante esse Comando que a Força Pública voltou a ocupar o Quartel da Praça Pedro Américo, no dia 25 de abril de 1925, que estava ocupado por uma Unidade do Exercito. Aos poucos outras repartições federais que funcionavam naquele prédio  passaram para outros imóveis.  O prédio foi recuperado e ampliado e  novo mobiliário foi adquirido.

     No dia 22 de outubro de 1928, Presidente João Suassuna passou o Governo para João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que foi eleito para esse cargo naquele ano e Elísio Sobreira continuou no Comando até o dia 17 de novembro, quando foi substituído pelo Capitão Reformado do Exercito Antônio Francisco Aragão Sobrinho, que foi Comissionado no Posto de Tenente Coronel.

     Naquela mesma data Elísio Sobreira foi nomeado Assistente Militar do Presidente João Pessoa.

  1. O Comando de Aragão Sobrinho

       Aragão Sobrinho comandou a Corporação de 17 de novembro de 1928 a 6 de março de 1930.

     No início do Governo de João Pessoa uma das preocupações era o combate aos cangaceiros através do reforço no policiamento nas fronteiras do sertão. Por esse motivo a Companhia que estava sediada em Patos foi transferida para Conceição.

     O Batalhão de Patos que tinha sido criado em 1925, deixou de figurar na Lei de Organização básica de 1927 e as suas Subunidades, sediadas em Patos, Catolé do Rocha e Cajazeiras, tornaram-se Companhas Isoladas.

    Mesmo preocupado em combater o cangaço, o Governo reduziu o efetivo da Corporação. O previsto em 1929 era 1.194, mas, no ano seguinte passou, para 870.

    O Comando de Aragão Sobrinho se ressentiu de meios de comunicação com as tropas Destacadas no interior. Por esse motivo, em 1929 foi criado um Quadro de Rádio Telegrafista, anexo ao já existente Pelotão extranumerário. O Governo adquiriu estações de Rádios transceptores que foram instalados em todas as Subunidades.

     Em março de 1930 teve início as lutas da Corporação contra os grupos armados de Princesa, no sertão paraibano, liderados pelo Deputado José Pereira, que levado por interesses políticos, pretendia provocar a intervenção Federal no Estado.

      Havia indícios de que o Presidente da República, Washington Luís, tinha se aliado a José Pereira.  Por esse motivo João Pessoa foi perdendo a confiança no Tenente Coronel Aragão Sobrinho, que era oriundo do Exército, portanto subordinado a Washington Luís.

      Dessa forma, em março de 1930 Aragão Sobrinho foi exonerado e substituído por Elísio Sobreira.

     Como era do sei feitio, Elísio Sobreira de imediato se deslocou para e frente de combate, instalando o seu Estado Maior na cidade de Piançó e de lá dirigiu as lutas até o seu final.

    Com a morte de João Pessoa (26 de julho de 1930), as lutas terminaram, mas Elísio Sobreira permaneceu no sertão com um efetivo de cerca de 600 homens que tinham sido recrutados para esses combates, inclusive com a formação de um Batalhão Provisório ( Pessoas contratadas só para aquelas lutas).

     A essa altura estavam em andamento as articulações para a deflagração de uma revolução de caráter nacional para depor o Presidente Washington Luís. No nordeste esse movimento começaria na Paraíba.

    Quando foi deflagrada revolução, Elísio Sobreira, com a sua tropa, se aliou aos revolucionários que acabaram vencedores, com a deposição de Washington Luís e ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

     Em janeiro de 1931 Elísio voltou à Capital e reassumiu o Comando da Corporação. A essa altura o Estado já estava Governado por Antenor Navarro, na condição de interventor.

      Naquele mês tiveram início as obras de ampliação do Quartel da Praça Pedro Américo e o Regimento Policial, nova denominação da Corporação, passou a ocupar, provisoriamente, o Teatro Santa Rosa.

      Elísio permaneceu no Comando até 17 de março de 1931, sendo substituído pelo Tenente do Exército Agildo Barata Ribeiro, que foi Comissionado no Posto de Tenente Coronel, permanecendo nessa função até 12 de junho do mesmo ano, portanto, menos de três meses, pelo que não há registro de vulto desse Comando.

     Agildo Barata, pai de um famoso humorista brasileiro com o mesmo nome, foi um oficial revolucionário que se aliou ao Comunismo e acabou sendo demitido do Exercito e preso. Depois ingressou na política e foi eleito Vereado pelo Rio de Janeiro.

   Com a exoneração de Agildo Barata, a Corporação foi Comandada interinamente pelo Major Joaquim Henrique, e depois pelo Major Manuel Viegas, ambos Oficiais da Corporação.

  1. O Comando de Aristóteles de Souza Dantas

     No dia 29 de outubro de 1931, ainda na administração de Antenor Navarro como Governador, o Capitão do Exército Aristóteles de Souza Dantas, foi Comissionado no Posto de Coronel e nomeado Comandante da Corporação, permanecendo nessa função até 1 de junho de 1932.

    Fato marcante nessa administração foi a inauguração da ampliação do Prédio da Praça Pedro Américo, com o acréscimo de mais dois pavimentos, ocorrida no dia 31 de novembro de 1931.

       Em 1922 Aristóteles Dantas era Tenente e participou do movimento tenentista ocorrido no Rio de Janeiro em 1922, e por essa razão desertou do Exército. Em 1926, quando a Coluna Prestes passou na Paraíba, um grupo de desertores do Exército e da Marinha tentou aliciar militantes para organizar um movimento contra o Governo.

      O local da reunião desse grupo com os convidados que eles pretendiam aliciar foi no Bairro de Cruz das Armas. As autoridades locais tomaram conhecimento e diversos policiais à paisana ali compareceram. Quando a reunião foi iniciada os policiais se identificaram e prenderam todos os que estavam presentes.

     Entre os presos estava o Tenente Desertor Aristóteles de Souza Dantas, que foi encaminhado ao Comado de Região Militar, em Recife, onde foi iniciado o processo,

     Depois de Revolução de 1930, houve anistia para todos militares envolvidos em crimes dessa natureza. Aristóteles foi promovido a Capitão e poucos dias depois foi nomeado para Comandar a polícia que lhe tinha prendido.

     Depois de deixar o Comando da Corporação, em julho de 1932, Aristóteles voltou para o Rio de Janeiro, a sua terra natal.

    Quando começou a chamada Revolução Constitucionalista em São Paulo, em 1932, um grande efetivo da Força Pública da Paraíba foi deslocado para participar dessas lutas ao lado das forças legais.  Por questões de logísticas, a tropa viajou escalonada.

     Quando a primeira parte desse efetivo desembarcou no Porto do Rio de Janeiro, o Capitão Aristóteles Dantas chegou ao local dizendo que tinha ordem do Coronel Eurico Gaspar Dutra, para assumir o Comando daquela tropa e transporta-la para Minas Gerais a fim de se integrar à Coluna que atacaria São Paulo pela frente norte. E assim foi feito até o final das lutas.

     Aristóteles, no Posto de General, Comandou a Polícia Militar do Rio de Janeiro na década de 1950 e fez uma brilhante careira no Exército chegando a Comandar importantes setores daquela instituição, e passou para a reserva como Marechal.

      No próximo artigo abordaremos os Comandos da PMPB na era de Getúlio Vargas.

    Veja também   A Galeria dos ex-comandantes da PM da Paraíba   Coronel Delmiro Pereira: O criador da Caixa Beneficente de Oficiais e Praças da PM/BM da Paraíba    

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