A criação da Operação Manzuá

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Na implantação da Operação foram empregadas 14 Viaturas  desse tipo - Todas Zero Quilometro
          Operação Manzuá foi a denominação de um serviço implantado na Polícia Militar da Paraíba, no mês de junho de 1988,  e que durou até o início de 2011.  Neste trabalho faremos uma narração da criação desse serviço.      Na campanha eleitoral para Governador, em 1986, a segurança pública do Estado foi muito criticada. A criminalidade começava a tomar proporções preocupantes. No discurso de posse o Governador Tarcísio Buriti prometeu ser implacável com o crime.        Na formação do seu secretariado ele nomeou um Oficial do Exército para Comandar a Policia Militar. Era o Coronel Mardem Alves da Costa, que integrava a denominada comunidade de informações do Exército onde gozava de muito prestígio e era tido como da linha dura.
         Naquela época começavam as discussões dos temas que integravam a pauta da Assembléia Nacional Constituinte e entre eles constavam as questões relacionadas com a segurança pública. Nesse contexto, uma crítica que se fazia às Polícias Militares, em todo país, era a existência de um elevado efetivo empregado nas atividades administrativas, o que em parte era procedente. Pensava-se que os Quartéis estavam cheios de Soldados.
        Quando Mardem, em março de 1987, assumiu o Comando da PM também pensava dessa forma o que lhe fez determinar de imediato que todos os policiais empregados em atividades burocráticas fossem escalados no policiamento ostensivo.
     Como não houve tempo para um planejamento esse pessoal foi distribuído de forma aleatória nos centros comerciais e nos bairros das cidades sedes dos Batalhões. Faltavam equipamentos, fardamento adequado, armamento apropriado, transporte e comunicação. Não havia fiscalização e controle. A desmotivação dos policiais tornava o trabalho totalmente improdutivo. Esses fatos geravam muitas insatisfações na tropa e dificuldades para os Comandos.
        Objetivando estabelecer um melhor controle dessas ações e incentivar os policiais, o Capitão João Batista de Lima, exercendo as funções de Subcomandante do Primeiro Batalhão, no início de 1988, se aproveitando desse efetivo que era empregado de forma aleatória, começou a montar barreiras policiais em pontos estratégicos da cidade de João Pessoa. Começaram a ser efetuadas apreensões de veículos, armas e drogas. A tropa passou a ter novo ânimo.
       No final do mês de maio daquele ano, o Comandante Mardem determinou ao Capitão Batista que, com base nos pontos cobertos nessas barreiras montasse um plano de bloqueio da cidade de João Pessoa de forma que nenhum veículo pudesse entrar ou sair da cidade sem passar por uma barreira. Teve início o levantamento de dados para montagem do plano.
  Ficou constado que bloquear João Pessoa com barreiras na área urbana exigia a cobertura de muitos pontos o que ficava inviabilizado por conta da falta de efetivo para esse fim. Era mais fácil de afastar os pontos de barreiras para as rodovias e áreas rurais e bloquear as cidades de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita. O plano foi elaborado, apresentado e aprovado.
         Dessa forma, no dia 18 de junho de 1988, foram montadas 13 barreiras em volta dessas cidades, contando com efetivos e Viaturas das Polícias Militar, Civil e Rodoviária. No início houve resistência por parte de Polícia Rodoviária, que alegava sua competência exclusiva para atuar nas Rodovias Federais, mas a intervenção do Governador, através de Mardem, contornou essa situação.
      O responsável pela coordenação do pessoal da Polícia Civil foi o Dr. Jordão, Delegado de Polícia que tinha sido Sargento da PM, e que faleceu poucos dias depois em um acidente de trânsito. A PM empregava treze Viaturas novas nos postos e mais duas na fiscalização. Coordenado pelo Capitão Batista, o efetivo da PM era composto por cento e doze Soldados e nove Sargentos, todos recentemente formados. A fiscalização era feita por três Tenentes: Marconi; César, que depois foi reformado como Capitão, e Miranda, que meses depois desertou da PM.
   Na Polícia Civil também era escalado um Delegado por turno para exercer a fiscalização e apoio operacional.
         Como o efetivo era insuficiente para abordar os veículos que entravam e saiam dessas cidades, se optou por abordar, mediante triagem, apenas os que saíssem. Desse fato resultou o nome Manzuá, que é uma armadilha de pesca onde o peixe entra mais não sai.
         O bom resultado obtido pela operação nos primeiros dias, com a recuperação de veículos roubados, apreensão de armas de fogo e drogas fez com que o serviço fosse referência nacional, virou bandeira política e se estendeu por todo Estado, iniciando–se por Campina Grande, seguido por Patos e Guarabira e Cajazeiras.
     Esse sucesso levou os Governos que se seguiram a mantê-la por mais de 20 anos, embora em um formado totalmente desconfigurado do original, porém muito útil, em termos de prevenção, uma vez que criava nos pretensos infratores a expectativa de que poderiam se abordados ao sair de cidade após terem cometido um delito.
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