Um incômodo inquilino no Quartel do Comando Geral

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         Incômodo inquilino era a forma graciosa como era tratado um pequeno roedor que perturbava o sossego  dos burocratas  que prestavam serviço no Gabinete do Comandante Geral da PMPB nos idos da década de 1970. Aqui vamos fazer um registro  desse curioso e hilariante fato.
      O Quartel do Comando Geral da Polícia Militar da Paraíba, desde 1977, é um antigo prédio construído em 1853 pelo Presidente da Província, e serviu como sede de diversos órgãos públicos até o final da década de 1960. Para comportar as atividades que atualmente neles são desenvolvidas, o  velho imóvel passou por um longo período de reforma.
         Como o vetusto prédio está situado em meio a uma intensa atividade comercial, área essa nem sempre bem cuidada pelo poder público, era natural que em meio aos entulhos resultantes dos trabalhos de alvenaria, fossem se juntando alguns roedores que costumam dificultar o convívio humano.
         Findas as reformas e instalado o novo inquilino, a incômoda presença dos ratos foi detectada e atacada com uma rigorosa dedetização. Mas nessa operação sobrou um catita muito esperto que costumava fazer prazerosos passeios matinais pelas cortinas instaladas nas janelas em frente à mesa de trabalho do Comandante. Sempre que isso ocorria os auxiliares do Gabinete eram mobilizados para capturar o atrevido catita, que sempre se mostrava mais esperto que seus perseguidores e sumia misteriosamente.
        O Comandante tinha o hábito de ler o noticiário do dia no banheiro e ao voltar à sua sala trazia o jornal enrolado, feito um tubo e o colocava em cima do seu birô. Certo dia, no começo da tarde, o Comandante entrou no Gabinete acompanhado de alguns auxiliares, que cercaram o birô para ouvir as determinações do chefe. O Comandante se acomodou em sua moderna e confortável cadeira giratória, e pegou o tubo de jornal que estava no centro da mesa para afastá-lo para um lado. Enquanto conversava com os Oficiais, o Comandante displicentemente amassava o tubo.
      De repente o catita atrevido pulou do canudo de papel se lançando no peito do Comandante, que, em um ato reflexo abriu os braços, jogou o corpo para trás e as longas pernas para cima. A estrutura da cadeira não foi suficiente para suportar aquele peso avantajado, e a queda foi inevitável. Com o chefe grandalhão se foram também os apetrechos do birô. Porta lápis, conjunto de miniaturas de bandeiras, bandeja de acrílico para portar documentos, e a pasta risca rabisca. Tudo caiu em cima do homem, que se debatia e esbravejava com o susto e com a inusitada situação.  Em meio à correria geral para ajudar o homem a se levantar, o que deu muito trabalho, ouviu-se alguns risos contidos. Mas, mesmo depois de recomposto o cenário, não foi possível a continuidade dos despachos, pois todos se entreolhavam demonstrando o esforço para se conter. Aos poucos os assistentes da cena foram se retirando e se encontrando no corredor onde o riso correu solto.
    Na confusão, o catita atrevido, mais uma vez, sumiu misteriosamente, mas deixou, para cada um que viveu aquele momento uma inesquecível lembrança.
 

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