Conspiração comunista em Cruz das Armas

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 Uma conspiração comunista em Cruz das Armas, ocorrido em 1926, teve a participação de um Oficial do Exército que, anos depois, Comandou a Polícia Militar. É sobre esse fato que, de forma sintética, passamos a tratar.

Em 1922 ocorreu no Rio de Janeiro, um levante armado em diversos Quartéis do Exército motivado por sentimentos contrários à política governamental. O estopim desse movimento foi a prisão disciplinar imposta pelo Presidente Epitácio Pessoa ao General Hermes de Fonseca, ex-presidente da República e a maior liderança do Exército.  Hermes teria feito severas críticas à postura de Epitácio durante a campanha para Presidente da República em que ele apoiava Artur Bernardes.

Essas ações eram o resultado de descontentamentos dos militares desde o término da Guerra do Paraguai. Nos dois anos seguintes se deram outros movimentos com características parecidas no Rio Grande do Sul e em São Paulo, respectivamente, todos vencidos pelo Governo. Dos dois últimos movimentos surgiu a Coluna Prestes, que também era contrária ao Governo.

Muitos dos militares que participaram desses movimentos desertaram, do Exército ou da Marinha, (ainda não existia Aeronáutica) temendo punições graves que poderia chegar até a expulsão. Mas alguns deles continuaram a agir na clandestinidade divulgando seus ideais contra o Governo, de uma forma que ganhava conotação de ideologia comunista.  Essas ações eram desenvolvidas em reuniões com a população periférica das cidades, onde imaginavam ser mais fácil se manter na clandestinidade.

  Em 1926 a Capital da Paraíba, que ainda não era João Pessoa (Era Parahyba), foi palco de uma dessas reuniões.

    No dia 5 de fevereiro daquele ano, quando a Coluna Prestes  estava agindo em território paraibano, deixando um rastro de sangue, a Polícia (Força Policial na época) teve conhecimento de que estava marcada uma reunião no Bairro de Cruz das Armas organizada por pessoas desconhecidas no bairro.

 Depois de feito um levantamento do local, uma tropa, formada por mais de 40 homens, foi postada nas suas proximidades, de forma discreta. Quando a reunião teve início o Tenente João Francelino Costa, o Oficial que comandava a tropa, auxiliado pelo Tenente Manuel Benício da Silva, deu voz de prisão a todos os presentes. Houve resistência e troca de tiros, e um Soldado foi ferido, mais todos foram presos.

Entre os detidos foram identificados alguns militares desertores do Exército e da Marinha que foram conduzidos ao Quartel do Comando Militar do Nordeste, em Recife, onde foram processados pela Justiça Militar.

Um desses militares era o 1º Tenente Aristóteles de Souza Dantas, desertor do Exército que tinha participado do levante militar ocorrido no Rio de Janeiro de 1922.

Em 1930, o Governo Ditatorial de Vargas, buscando manter uma boa relação com os militares, anistiou todos os desertores envolvidos em questões desse tipo.  Nesse contexto, Souza Dantas foi reincluído e promovido a Capitão. Em 1931 Souza Dantas foi Comissionado no Posto de Coronel do Regimento Policial da Paraíba (Denominação da Polícia Militar na época), e designado Comandante dessa corporação. (De 30 de outubro de 1931 a 1 de julho de 1932).

Durante a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932, Souza Dantas, agora como Capitão do Exército, Comandou um dos Batalhões do Regimento Policial da Paraíba, que participou daquelas lutas ao lado das tropas federais.

Anos depois Aristóteles de Souza Dantas passou para a Reserva do Exército no Posto de Marechal, o que atesta que ele fez uma fez uma brilhante carreira militar.

Esses fatos estão registrados em um Ofício do Chefe de Polícia, o Doutor Júlio Lyra, dirigido   ao Coronel Elysio Sobreira, Comandante da Força Pública, (Denominação anterior a de Brigada Policial) nos seguintes termos.

  Veja também   A PM da Paraíba nas lutas contra a Coluna Prestes Os Comandantes da PM da Paraíba durante o período ditatorial de Getúlio Vargas  

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