Aventuras do Tenente Jônio

Compartilhe!

 

  Ação do Anjo da Guarda foi a única explicação que o Aspirante encontrou para definir a força que o impediu de entrar em uma briga  na qual corria o risco de sofrer sérias consequências. Aqui vamos narrar esse fato precedido da devida contextualização. Vejamos

      A relação do homem com divindades sempre   foi objeto de reflexões  por parte dos grandes pensadores da humanidade desde os mais remotos tempos. Mesmo assim esse tema continua envolto em um manto de mistérios, o qual só pode ser desvendado individualmente pela força da fé.

      Quando ocorre com qualquer um de nós um fato que racionalmente não conseguimos entender, naturalmente recorremos aos sentimentos religiosos em que se fundamentam a nossa fé.  Um dos casos que aqui vamos narrar revela aspectos de uma situação dessa natureza. Vamos ver, pois.

    Jônio Mauro de Assis Paiva ingressou na PM da Paraíba em 1968 para fazer o CFO na Academia de Polícia Militar de Pernambuco. Ocupou todos os Postos da Corporação, foi um Tenente vibrador e era dotado de aptidão para as atividades operacionais. Foi Ajudante de Ordem do Comandante Geral, Comandou Companhias e Batalhões e exerceu as funções de Assistente Militar do Tribunal de Justiça.

   Jônio sempre foi espirituoso, bem humorado e sempre tinha uma boa piada a contar. Até 1977 o Comando Geral era instalado no mesmo prédio que também abrigava o 1º Batalhão. Esse fato fazia com que houvesse uma grande integração entre os Oficiais que prestavam serviço na Capital.

     Naquela década havia um grupo de Tenentes jovens e solteiros que, com é próprio dessa idade, se divertiam em grupo.  De quando em quando um desses Oficiais se excedia o que implicava em apurações e punições. Outras vezes as alterações eram tão engraçadas que, ao invés de punições, ensejavam muitas gozações por parte de toda oficialidade.

    Jônio protagonizou pelo menos duas situações desse tipo. Vejamos.

   Certa noite de sábado Jônio dirigindo o seu automóvel, um Fusca,  se deslocava em direção à Praia de Tambaú. Em certo ponto da Avenida Rio Carneiro, o Fusca capotou e deu um giro lateral completo,  de forma que acabou voltando para a sua posição normal. Jônio não sofreu ferimentos e nem desceu do carro.

      Seguindo em frente ele estacionou o abatido fusca ao lado do Elite Bar, estabelecimento realmente frequentado pelo elite da cidade e que ficava localizado onde atualmente existe uma Agência do Banco do Brasil, em frente o Bahamas.  Quando Jônio desembarcou deu uma volta em torno do caro e percebeu os danos que o fusquinha tinha sofrido..

     Tranquilamente Jônio falou com um homem que tomava conta de carros naquela área e pediu para ele arranjar uma tora de pau.   Logo o homem voltou com uma estaca que tinha retirado de um dos muitos  terrenos baldios ali existente na época.

      Jônio pegou a estaca e tascou no capô, nas laterais, no teto e na parte traseira do pobre fusquinha. Acabou o resto do carro. Mas  nada impedia o heroico Fusca continuar funcionando. A dificuldade era apenas entrar no carro, pois com as porradas as portas ficaram empenadas.

   Os curiosos ficaram assistindo a cena sem nada entender.

  Concluída sua obra de arte, Jônio tomou uma cerveja no Elite e depois pegou o Fusca e foi embora. Só no dia seguinte ele foi computar o prejuízo.

   Na segunda feira todo mundo sabia no Quartel.  E tome gozação.

   Outro fato ocorrido com Jônio que também foi motivo de muita gozação ocorreu no Bairro de Mandacaru.

     Naquele tempo toda aquela região era pouco habitada. Certa noite, em conversa com um amigo de farra, Jônio tomou conhecimento de que em um grande prédio abandonado ali existente apareciam assombrações depois da meia noite. Pois não é que Jônio resolveu desafiar essas forças do além.

     Tomou mais uma, se despediu dos amigos e se dirigiu ao local indicado.

         Era um antigo engenho abanadodo, parcialmente destruído e localizado em área totalmente deserta.    A escuridão era total. O cheiro de mofo dominava o ar. Sentia-se uma continuada e suave corrente de vento.

    Jônio parou o carro, se aproximou da entrada do casarão e gritou.

   - Se tem alma aí apareça pra falar comigo.

   Silêncio total. Ele insistiu várias vezes e nada. Só se ouvia o sinistro rangido as portas e janelas sendo movimentadas pelo vento.

        Resolveu entrar. Deu um empurrão na porta que se escancarou. Repentinamente Jônio sentiu todo seu corpo sendo picado. Sem saber que quer se tratava, ele sacou o revolver e mandou bala. E as picadas continuaram. Ele afastou-se um pouco recarregou o revolver e voltou ao ataque. Como as picadas continuaram ele correu para o carro. Só então percebeu que estava sofrendo um ataque de insetos.

      Era o revide de uma caixa de marimbondos  que tinha por trás da porta da casa que Jônio tinha arrombado na busca de fantasmas.

   Jônio chegou em casa todo inchado. A história chegou ao conhecemos da tenentada que não poupou Jônio de infindas gozações.

     Mas uma situação vivenciada por Jônio que nos remete a possíveis experiências extra-sensoriais ocorreu em Campina Grande, em 1971. Ele era Aspirante a Oficial e servia no 2º Batalhão, sediado naquela cidade.

      Era um local de diversão, amplo e muito frequentado. Jônio estava tranquilamente saboreando uma cerveja e observando o local que até então não conhecia.

    De repente surgiu uma briga envolvendo muita gente. Parecia que eram todos contra todos.  Uma autêntica rixa, na forma do Código Penal. A correria foi geral. Mulheres histericamente gritavam e tentavam retirar suas companhias da confusão. Um verdadeiro reboliço.

     Jônio, que era versado em artes marciais, instintivamente entrou no rolo. Tapas e muros vão e vêm de todos os lado.  No vai e vem Jônio acabou sendo levado para um canto de parede.

      Reajustou a roupa, arregaçou as mangas da camisa, fechou os punhos e quando estava pronto para voltar ao ring sentiu seu punho direito tomado por uma mão. Era uma pressão tão forte que ele nem tentou se livrar. Voltou-se calmamente para quem lhe estava prendendo. Era um Senhor idoso, alto, cabelos e barbas longas e grisalhas, que lhe falou baixinho fique aqui". Ele, estranhamente obedeceu.

      O fuzuê no salão continuou. A Polícia chegou. Uns brigões correram e outros foram detidos. O local foi se esvaziando. As mesas e cadeiras quebradas e cacos de vidro espalhados pelo chão davam uma demissão da verdadeira batalha que ali ocorreu. A catinga da cerveja derramada no chão incensava o ambiente. Tudo foi voltando à normalidade.

     E Jônio lá estático observando tudo. De repente a pressão no pulso cessou. Jônio se voltou para o homem que lhe prendia. Não viu ninguém. Sentiu-se confuso. Olhou para todos os lados e não viu o homem. Deu um giro no  deserto salão e nada.

     Sentou-se em uma cadeira no canto da parede e ficou refletindo. Racionalmente aquilo era inexplicável. A força de fé de Jônio aflorou e ele pensou: “Poderia ter acontecido alguma coisa grave comigo. Foi meu anjo da guarda que me segurou”.

  Mais de quarenta anos depois Jônio ainda se emociona ao narrar esse fato.

     Os poucos amigos de Jônio que tiveram conhecimento desse fato e que também ficaram impressionados, não os propagaram e nem deles fizeram uso para efeito gozações.

Veja também

1º de maio de 2016: Vinte anos do falecimento do Major José Vicente

           

Compartilhe!


Deixe um comentário

Seja o Primeiro a Comentar!

Notificação de
avatar