O sequestro do Coronel

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O sequestro do Coronel Lindemberg  foi um episódio ocorrido na Penitenciária do Roger, em João Pessoa, no mês de julho de 1988. O resgate do Coronel se deu no interior do Estado, cerca de trinta horas depois de iniciado o sequestro.

     Lindemberg da Costa Patrício, Coronel de Reserva da Polícia, e que exercia as funções do Diretor do Presídio do Roger, foi tomado como refém por um grupo formado por quatro presidiários, armados de facas peixeiras e estiletes, no interior daquela casa de custódia, no dia 15 de julho de 1988.

   O grupo, formado por Fernando Sabino de Freitas, o “Fernandão”, Valdeci Alves da Silva, Djalma da Cruz e José Geraldo de Carvalho Pinheiro, pretendia, através de ameaças de morte do refém, obter facilidade para a sua fuga.

       Durante vinte e quatro horas o Coronel Lindemberg ficou dominado pelos presos em uma sala ao lado da enfermaria do Presídio, enquanto se processavam as negociações com as autoridades sobre os pedidos dos presos, que exigiam que lhe fossem entregue um veículo, armas, munições e facilidades para saírem do presídio.

  1. A tomada de refém

     O fato teve início aproximadamente às dez horas do dia 15 de junho, uma sexta-feira, quando os presos se achavam no pateio do Presidio para fazer um cadastramento, e um grupo deles simulou um briga. O coronel que via de longe a cena, se aproximou para separar os contendores, e nesse momento foi dominado pelo grupo e arrastado para a sala ao lado da enfermaria.

       Na ocasião transitava nas proximidades desses fatos a psicóloga Sônia Tavares de Oliveira, que prestava serviço naquela casa de detenção, e que também foi detida pelo grupo de presos.

     Diversos presidiários que se encontravam nas proximidades tentaram libertar o Coronel, mas diante das ameaças que o grupo fazia tiveram que recuar, mas conseguiram libertar a Psicóloga. Para evitar maiores dificuldades, todos os presos se recolheram às suas celas.

   Compareceram ao local para analisar a situação e negociar com o grupo de preso as seguintes autoridades: Coronel Marden Alves da Costa, Comandante Geral da Polícia Militar; Coronel Geraldo Navarro, Secretário de Segurança Pública; Doutor Valdir dos Santos Lima, Secretário do Interior e Justiça (Atual Administração Penitenciária); Doutor Marcos Navarro, Coordenador do Sistema Penitenciário; Doutor Hitle Cantalice, Juiz de Execuções Penais e o Arcebispo Dom José Maria Pires.

       À proporção que aumentava a quantidade de autoridades no local, aumentavam às dificuldades nas negociações em razão da falta de consenso e da definição de quem seria a responsabilidade para atender às exigências ou determinar a invasão do presídio para resgatar o refém.

   Naquela época não se falava em gerenciamento de crise. Não havia unidade de Comando nem nas diversas frações de tropas da Polícia Militar, que compareceram ao local movida pela emoção e pelo desejo de resgatar o Coronel.

     Essas dificuldades fizeram as negociações se prolongarem até às dez horas do dia seguinte, ou seja, a situação dourou vinte e quatro horas, o que foi acompanhado pela imprensa local, com transmissões ao vivo e por uma grande quantidade de pessoas que se postaram em frente ao presídio durante todo tempo.

  1. A fuga

   No sábado, dia 16 de julho, aproximadamente às dez horas, por recomendação expressa do Governador Tarcísio Buruiti, foi firmado um acordo e foram entregues aos presos um automóvel Santana, zero quilometro, que foi cedido pelo Senhor Henrique Almeida, proprietário da Modelaria Pernambucana, e mais quatro revolveres, e uma quantidade de munição que não foi revelada, além da quantia de dez mil cruzeiro, um valor aproximadamente a um salário mínimo.

   Nenhum dos presos sabia dirigir. Joel Santana, um agente da Polícia Civil se prontificou a dirigir o veículo cedido para a fuga.

       O portão lateral do presídio, destinado ao acesso de cargas, foi aberto e o Santana dos presos por ele saiu, conduzindo o Coronel, em meio a muitos gritos do povo que desde a manhã do dia anterior estava na rua. Ficou acordado que a Polícia não seguiria os fugitivos.

       Um automóvel Passat dirigido por Luciano Patrício, acompanhado por Jader Ribeiro, respectivamente filho e genro do Coronel, seguiu o Santana, com o objetivo de transportar o Coronel de volta quando os presos o libertassem.

   Diversas guarnições motorizadas da Polícia, por iniciativa dos seus Comandantes, quebrando o acordo que as autoridades fizeram, seguiram os fugitivos que depois de muito rodarem no Centro da cidade, tentando despistar seus seguidores, até chegarem à BR 230.

   Como a perseguição continuava eles obrigaram um caminhão a ficar atravessado no girador das três lagoas para impedir a perseguição.

  1. Pagamento de resgate em Guarabira

     Em seguida os fugitivos tomaram o destino ao interior do Estado. Ao chegar à localidade de Café do Vento o grupo seguiu em direção à Guarabira, aonde chegaram aproximadamente às doze horas e se dirigiram ao Restaurante Lucena onde obrigaram ao garçom a servir um almoço.

     Pouco depois chegou ao local um grupo de repórteres que conseguiu “autorização” dos fugitivos para uma entrevista o que ocorreu em clima de tranquilidade. A essa altura foi se formando uma aglomeração de curiosos nas proximidades do restaurante.

   Em meio à entrevista chegaram àquele restaurante, vários policiais civis lotados naquela cidade, sob a Direção do Delegado João Nunes e da Delegada de Pirpirituba, Alcina Nunes. Esses policiais tinham sido alertados por autoridades da Capital sobre o provável destino do grupo, mas com a recomendação de agir com cautela.

     O clima estava tão tranquilo que o Delegado achou que o Coronel já tinha sido libertado, e se dirigiu aos bandidos com se fossem segurança do Coronel. Só então ele tomou conhecimento da real situação e percebeu que a vida do Coronel ainda estava em risco.

     Os bandidos então disseram ao Delgado que só sairiam da cidade e libertariam o Coronel quando recebessem duzentos mil cruzeiros (Valor equivalente atualmente a aproximadamente a R$ 13.000,00).

     Temendo pela vida do Coronel, o Delegado saiu pela cidade tentando arrecadar esse valor entre as lideranças políticas daquela região, prometendo manter os bandidos informados das suas ações nesse sentido.

     Aproximadamente às quatorze horas o Delegado voltou informando que só tinha conseguido cento de cinquenta mil cruzeiros, o que deixou o bandidos revoltados. Embora diversos políticos tivessem prometido ajudar, o dinheiro foi doado por dois proprietários rurais, que, a pedido do Delegado, foram pessoalmente fazer a entrega e entraram no restaurante de mãos para o alto temendo serem confundidos como policia.

  1. A captura

       Depois de receber o dinheiro os fugitivos, conduzindo o Coronel, embarcaram no Santana e deixaram a cidade tranquilamente, seguindo em direção à cidade de Esperança, sendo seguido de longe pela polícia. Na passagem por Esperança os bandidos praticaram um assalto em uma loja e seguiram com destino a Montadas e Puxinanã, com a polícia no encalço, sempre a distancia.

  Quando os fugitivos chegaram perto da cidade de Montadas houve um desentendimento entre eles. Fernando Sabino de Freitas, o “Fernandão”, Valdeci Alves da Silva e Djalma da Cruz pretendia matar José Geraldo de Carvalho Pinheiro, o que não feito a pedido do Coronel Lindenberg.

     Mas José Geraldo foi abandonado na estrada nas imediações de Montadas.

   Ao chegarem ao centro da cidade de Puxinanã, no início da noite, os fugitivos, certos de que não seriam abordados pela polícia enquanto estivassem com o Coronel, deram um vacilo, e o grupo de policiais que os perseguiam efetuou disparos no veículo que os transportavam. Fernando e Valdeci foram atingidos de leve e não tiveram condições de reagir. Djalma da Cruz não foi atingido, mas se entregou. Todos foram presos.

     O coronel Lindemberg não sofreu ferimentos.

   O grupo foi conduzido de volta ao Presídio do Roger.

  1. A tragédia de Jordão Moreira

       No decorrer desse episódio, ocorreu uma tragédia.

Na tarde do dia 16 de julho, uma sexta-feira, o Dr. Jordão Moreira, Delegado de Polícia, viajava de João Pessoa para Campina Grande, onde ele residia. Jordão, que era professor do Curso de Delegado que estava em andamento, viajava em companhia de alguns dos seus alunos.

   Ao chegarem à cidade de Riachão do Bacamarte, Jordão tomou conhecimento por meio do rádio de viatura de que o grupo de fugitivos que tinha sequestrado o Coronel Lindemberg, estava seguindo em direção à Guarabira.

   De imediato Jordão resolveu seguir naquela direção.   Os seus companheiros de viagem não quiseram segui-lo.

   Jordão voltou e entrou na rodovia PB que liga a BR à cidade de Guarabira. Ao chegar nas proximidade da cidade de Juarez Távora, o veículo dirigido por Jordão sobrou em uma curva e caiu em um açude na beiras da estrada. Como ele estava com o cinto de segurança, não conseguiu sair do veículo e morreu afogado.

       Esse fato provocou uma grande comoção entre os policiais, familiares e os inúmeros amigos do jovem Delegado.

       Jordão Moreira tinha sido Sargento da PM, era arbitro da Federal Paraibana der Futebol, foi Delegado em diversas cidade, inclusive em Campina Grade,  e foi um dos pioneiros na implantação da Operação Manzuá, que tinha ocorrido no mês anterior.

     O Doutor Jordão era uma pessoa muito querida pelas Polícias Civil e Militar e por todos que com ele convivia. Foi uma grande perda para a Polícia e para a sociedade Paraibana.

Continua na página 2

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2 Comentários em "O sequestro do Coronel"

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alvanir de melo monteiro
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ola sou 1sgt De melo da reserva do E,B hoje toco na banda municipal de Varzea Grande-mt VG sempre vejo os arranjos desta BRIOSA BANDA DA PMPB como posso adquirir esses arranjos p/ tocar em nossa banda vg se vocês me arrumar fico mt agradecido me PDF melopqd2009@hotmail.com.