Réquiem aos três saudosos Fernandos

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        Réquiem aos três saudosos Fernandos é uma homenagem que aqui prestamos a três valorosos Oficiais que, ainda jovem, faleceram em um curto espaço de tempo,  e que se encontravam no serviço ativo da corporação.  Além  das muitas qualidades que cada um deles possuía, eles tinham em comum o prenome de "Fernando".  Neste texto procuramos traçar um perfil de cada um deles, como forma de homenagem.

             Caloroso aperto de mão, afetuoso abraço, sorriso simpático e permanentemente estampado no rosto. Notável facilidade em construir e manter amizades. Postura ética e moral que lhe creditavam elevado conceito social e garantia bom trânsito nas hostes políticas e nas demais áreas de sua atuação. Exemplo de cidadão, competente profissional e que, graças à sua forma de se relacionar com todos os seus companheiros de farda, gozava de um bom convívio no seio da sua corporação. Um homem de mil amigos e que estava sempre disposto a servi-los.

               Assim, de forma sintética, podemos traçar o perfil do Coronel Fernando Soares Chaves.

            Por outro lado, o Coronel Fernando Monteiro de Oliveira tinha um porte atlético que disfarçava a sua timidez e a forma discreta como se portava. Em qualquer circunstância era um ouvinte cativante, mas não costumava falar de si.  A sua ilibada conduta social e o seu comportamento de militar padrão lhe proporcionaram um bom relacionamento político com positivos reflexos na sua carreira profissional.

          Prestando bons e dedicados serviços por longos anos no 4º Batalhão, com sede em Guarabira, ali ele construiu uma grande legião de amigos.  Exemplo de pai de família e de lealdade aos amigos, o Coronel Monteiro era tratado com muito carinho, admiração e respeito por todos os que com ele conviviam.

      Já para outro Fernando, quando estava em momentos de lazer, as paisagens, urbanas ou rurais, mudavam com grande rapidez. A estrada parecia caminhar no sentido contrário ao da sua possante Motocicleta, uma Suzuki Hayabusa, 1300 CC, com capacidade para desenvolver a velocidade de 240 quilômetros por horas, mas que por cautela ele só chegava aos 120.

       Era a permanente busca da sensação de liberdade. Sua companheira de passeio, totalmente equipada, como ele, tinha a necessária habilidade das “garupas” e confiança no condutor daquela máquina de velocidade, o que incentivava aquele tipo de esporte, juntamente com os demais integrantes daquele grupo de motociclistas, entre os quais alguns companheiros de caserna.

      Esse era o Major Fernando Rodrigues dos Santos, um competente militar, dotados de destrezas para as ações operacionais e muitas habilidades para atividades administrativas, sendo um exímio operador dos recursos da informática. Como visto, esses ”Fernandos” tinham distintos perfis, porém tiveram idêntico destino. Todos faleceram quando ainda se encontravam no serviço ativo da Corporação, portanto em idade plenamente produtiva, no exercício de importantes funções, acolhidos de mal súbito e dentro de um período de 32 meses (de 15/11/2011 - morte de Fernando Monteiro - a 27/08/2014 – morte de Fernando Chaves). Nesse intervalo, no dia 30/08/2013, faleceu o Major Fernando Antônio dos Santos.  Dois deles faleceram com problemas cardíacos (Coronel Fernando Monteiro de Oliveira e Major Fernando Antônio Rodrigues dos Santos) e um em acidente de Trânsito (Coronel Fernando Soares Chaves). Essas coincidências fazem lembrar outra situação igualmente dolorosa para a Polícia Militar da Paraíba. Foi o caso dos falecimentos dos Coronéis Ednaldo Tavares Rufino, João Batista do Nascimento e João de Araújo Silva, que também faleceram quando ainda se achavam no serviço ativo, ocupavam importantes funções na estrutura da corporação, tiveram mortes súbitas e no curto período de 32 meses (01/05/1988 a 06/02/1991).

       O Coronel João Batista do Nascimento era Diretor de Pessoal, faleceu no dia 1º de maio de 1988, em consequências de problemas cardíacos, aos 45 anos. O coronel João de Araújo Silva era Diretor de Finanças, faleceu, vítima de um acidente de trânsito, no dia 27 de dezembro de 1988, aos 41 anos. O Coronel Ednaldo Tavares Rufino faleceu motivado por problemas cardíaco, no dia 6 de fevereiro de 1991, aos 46 anos e era Subcomandante Geral. Esses valorosos Oficiais foram homenageados em uma matéria que publicamos neste blog com o titulo “Réquiem: Homenagem a três Coronéis que faleceram no período de 32 meses”, que ainda está disponível. Nesse espaço pretendemos, a título de homenagem aos “Fernandos” aqui citados, registrar para posteridade alguns dados biográficos e sobre as suas atividades profissionais. É o que faremos a seguir.

                           Coronel Fernando Soares Chaves

                      Nascido em João Pessoa, no adia 27 de outubro de 1964, Fernando Chaves era filhos de Irenaldo de Albuquerque Chaves e Marluce Soares Chaves.  Irenaldo era aposentado como Agente Fiscal do Estado e exercia a Direção do órgão Estadual que controlava o fornecimento de combustíveis dos veículos oficiais, (DCERVE), quando faleceu vítima de um acidente de trânsito. Fernando Chave tinha dois irmãos: Marcondes que é Funcionário Público Estadual, em João Pessoa, e Vamberto, que reside em Salvador.  Estudando na Escola Técnica Federal da Paraíba, em Jaguaribe, Fernando Chaves concluiu o Ensino Médio em 1982.

  No dia 26 de janeiro de 1983 ele ingressou na Polícia Militar da Paraíba, tendo sido selecionado para o Curso de Formação de Oficias que foi realizado no Estado de Goiás.  Além de Fernando Chaves, também integravam a turma representando a PM da Paraíba: Getúlio Macedo Bezerra, José Gomes da Silva, Wolgram Pinto Lopes Lordão Junior, Vilson Dutra de Souza, Marcos Firmino Dias, Fernando Monteiro de Oliveira, Hélio Vieira de Rocha e Geraldo Ramos de Souza. Fernando Chaves teve uma carreira regular com as promoções dentro de períodos regulamentares. 

      Declarado Aspirante a Oficial no dia 17 de outubro de 1985, foi promovido a 2º Tenente em 25 de agosto de 1986, a 1º Tenente em 26 de agosto de 1988, a Capitão em 25 de agosto de 1991, a Major 21 de abril de 1999, a Tenente Coronel em 23 de abril de 2003, e a Coronel 21 de abril de 2008.

Como Aspirante e 2º Tenente, Fernando Chaves exerceu funções no Quartel do Comando Geral. Ainda como 2º Tenente ele foi transferido para o sertão onde passou grande parte da sua carreira profissional, particularmente em Cajazeira e Souza. Nas Subunidades sediadas nessas cidades ele foi Subcomandante no período de 1986 a 1988, quando foi transferido para a região de Patos, onde Comandou a 14º Companhia, instalada em Itaporanga.

    No período de 1991 a 1994 Fernando Chaves prestou serviço nas diversas Unidades da Capital exercendo, entre outras as seguintes funções: Chefe da Divisão de Ensino de Centro de Ensino, Comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, Comandante da Academia de Polícia Militar e Chefe da PM/5.

      Em 1994 Fernando Chaves voltou a prestar serviço no sertão, agora como Comandante da Companhia de Polícia de Souza, onde permaneceu até 1997.

     Em seguida ele retornou à Capital para prestar prestado serviços na Assembleia Legislativa, exercendo as funções de Chefe da Assessoria Militar da Presidência da Assembleia Legislativa da Paraíba, posteriormente de Assessor Militar da Procuradoria de Justiça Ministério Público da Paraíba.

      Ainda na Capital, Fernando Chaves Comandou a 4º Companhia do 1º Batalhão, e a Companhia de Trânsito e foi Chefe da Seção de Relações do Comando Geral.

       De 2005 a 2009, Fernando Chaves Comandou o 6º Batalhão de Polícia Militar, onde desenvolveu um trabalho a altura da expectativa da sociedade que lhe havia conferido o título de cidadão.

        Em 2011, no começo do Governo de Ricardo Coutinho, Fernando Chaves foi nomeado para as funções de Chefe do Gabinete Militar do Governador, onde permaneceu até o dia  27 de agosto de 2014.

      Objetivando um constante aperfeiçoamento como profissional e como cidadão, Fernando Chaves sempre buscou conhecimentos em outras áreas. Ainda no seu tempo de Aluno do CFO, em 1984, ele fez um Curso de Arbitragem de Futebol de Salão e um Curso de Metodologia Intelectual, no Estado de Goiás.

       Ainda com esse objetivo, já no posto de 1º Tenente, Fernando Chaves participou de um Congresso de Direito Constitucional, em 1990, portando pouco depois da promulgação da Constituição em vigor. No ano seguinte ele fez o Curso de Técnica de Ensino, patrocinado pelo Exército, no Rio de Janeiro.

       Já no posto de Capitão ele fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais no Centro de Ensino da Polícia Militar, em 1994. Sempre ligado nas atividades de Ensino da Corporação, ele fez o Curso de Especialização em Administração Escolar, em 1996.

       Fernando Chaves era um convicto humanista e pacifista, pelo que sempre fez dos Direitos Humanos um instrumento de busca da resolução de conflitos, o que lhe levou a fazer um Curso de Direitos Humanos e Mediação de Conflitos, promovido pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, no ano 2000. No período em que Fernando Chaves prestou serviço na área de Souza e Cajazeiras, ele  concluiu o Curso de Direito na Universidade Federal de Souza em Janeiro de 1989. Desejoso em ampliar seus conhecimentos jurídicos, Fernando Chaves começou a frequentar um Curso de Mestrado em uma Universidade da Argentina.

     Fernando Chaves era casado com Maria Tereza Lira de Oliveira Chaves, uma simpática senhora que tinha um saudável convívio com todos os amigos do seu marido. Tereza é irmã de Marta Jacinta, casada com João Filho, o “João do Rádio”, Servidor do INSS (fanático torcedor e colaborador do Botafogo), compadre e um dos maiores amigos desse saudoso Oficial. Fernando Chaves teve dois filhos: Ícaro Fernandes, estudante de arquitetura e Ítalo Fernando, formado em Engenharia Civil.

        Primo e dileto amigo dos irmãos Kelson Chaves, ex-comandante Geral e  Euller Chaves, atual Comandante, Fernando Chaves sempre  teve com eles um salutar e fraternal convívio.

          Esses sintéticos registros de Fernando Soares Chaves expressam a grandeza de um homem que foi exemplo como cidadão e como profissional.

       No dia 27 de agosto de 2014, Fernando Soares Chaves foi vítima de um grave acidente de trânsito, nas proximidades da cidade de Patos, que lhe causou morte imediata. Toda a sociedade paraibana ficou abalada com a trágica notícia desse fato. A sua imensa legião de amigos ficou profundamente entristecida e para a Polícia Militar da Paraíba foi um dia de grande consternação.

           O sepultamento desse valoroso Oficial, realizado no Cemitério das Acácias, foi um dos de maiores cortejos dos já ocorridos na cidade de João Pessoa nas últimas décadas e no qual se constatava no semblante de cada um dos presentes o sentimento de profundo pesar.

     

                          Coronel Fernando Monteiro de Oliveira

Nascido na cidade Barra das Cordas, no Estado do Maranhão, em 25 de julho de 1959, Fernando Monteiro de Oliveira era filho de Jacob Fernandes de Oliveira e Celina Ilka Monte de Oliveira.

       Concluiu o ensino médio na cidade de São Luiz (MA) em 1978 e ingressou na Polícia Militar da Paraíba no dia 12 de fevereiro de 1979 para fazer o Curso de Formação de Soldado no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças.  Em 1983 foi selecionado para o Curso de Formação de Oficiais que funcionou na Polícia Militar do Estado de Goiás, integrando a turma de Fernando Soares Chaves mais oito representantes da Paraíba.

       Aspirante a Oficial em 16 de outubro de 1985, Fernando Monteiro seguiu uma carreira regular até o posto de Coronel. Foi promovido a 2º Tenente em 29 de outubro de 1986, a 1º Tenente em 25 de abril 25 de 1988 e a Capitão em 25 de agosto dezembro de 1991.

         Em 1994 ele fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais no Centro de Ensino da Polícia Militar, etapa obrigatória para continuidade na carreira de Oficial.

       De 1985 a até 1999 ele prestou serviço no 4º Batalhão de Polícia Milita, em Guarabira, onde demonstrou muita aptidão para as atividades operacionais e administrativas, e uma inegável habilidade nos relacionamentos interpessoais, tanto no âmbito da Corporação como no meio social, onde gozava de elevado conceito, inclusive na classe política.

       Durante o Governo de Cássio Cunha Lima, do início de 2003 até o dia 14 de março de 2008, o Tenente Coronel Fernando Monteiro exerceu funções no Quartel do Comando Geral, entre as quais destacamos: Diretor de Pessoa, Ajudante Geral, Subcomandante do Comando de Policiamento do Interior, Chefe de seções do Estado Maior e Chefe do Gabinete de Gerenciamento de crise. Nesse período Fernando Monteiro fez o Curso de Biblioteconomia, na Universidade Estadual da Paraíba. Quando José Maranhão voltou ao Governo, agora em substituição a Cássio Cunha Lima, que tinha sido cassado, Fernando Monteiro foi designado como Assistente do Comandante Geral, em 25 de fevereiro de 2009 e promovido a Coronel em 21 de abril daquele ano.

       Designado Subcomandante Geral, cumulativo com a Chefia do Estado Maior Estratégico, no dia 20 de agosto de 2009, o Coronel Fernando Monteiro aí permaneceu até o final daquele ano.  Nesse período ele fez o Curso Superior de Polícia, no Estado do Rio Grande do Norte.

      Dispensado das funções de Subcomandante Geral ele foi designado, no dia 8 de fevereiros de 2010 para as funções de Corregedor da Corporação, onde desenvolveu um trabalho de muito equilíbrio e senso de justiça.

     O Coronel Fernando Monteiro de Oliveira era casado com Jane Carolina e tinha duas filhas, Beatriz Carolina e Lígia Cristina.

     No  dia 15 de novembro de 2011 ele foi vítima de uma complicação cardíaca que lhe levou a óbito, aos 51 anos de idade.

       Foi mais um dia de muita tristeza para toda Polícia Militar e em particular para os familiares e muitos amigos do nosso saudoso Coronel Fernando Monteiro.

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