Coronel Batista Nascimento: Um oficial devotado pela corporação

Compartilhe!


     O Coronel Batista Nascimento foi um oficial devotado pela corporação policial militar e um administrador moderno e dinâmico. Era um homem disciplinado, idealista, metódico, estudioso das questões relacionadas à segurança pública, que buscava sempre inovar nas atividades operacionais desenvolvidas pelas Unidades que comandou.

     De vida social e profissional ilibada, ele tinha um jeito próprio de incentivar a tropa para o cumprimento das missões que lhe eram atribuídas. Dotado de muita habilidade nas relações interpessoais, ele construiu um vasto círculo de amizades com Oficiais Praças, e nos meios sociais que habitualmente frequentava.

      Aqui vamos registrar um perfil desse abnegado Oficial, como forma de lhe prestar uma singela homenagem por ocasião da passagem do trigésimo ano do seu falecimento, ocorrido em 1º de maio de 1988.

     José Batista do Nascimento Filho nasceu no dia 18 de novembro de 1943, no Bairro de Cruz das Armas, na cidade de João Pessoa, onde também nasceram seus irmãos Paulo, Luiz, Nazaré, Geraldo, Rosário, Eliza, Batista Irmão e Francisco. Os pais dessa numerosa prole era o comerciante José Batista do Nascimento e sua esposa Maria José Pereira do Nascimento.

    O garoto  José, como ele era conhecido na intimidade, estudou na Escola Técnica Federal da Paraíba, na época instalada no atual prédio rosa localizado na Rua das Trincheiras, ao lado do Centro Administrativo do Estado. Nesse estabelecimento ele passou três anos como operário aluno, o que lhe rendia uma pequena remuneração.

     Essa condição só era obtida através de aprovação em uma seleção muito concorrida, o que revela que aquele jovem era portador de um bom nível escolar. Anos depois esse tempo de aluno foi averbado como tempo de serviço na Polícia Militar para efeito de passagem para reserva, em caráter optativo.

   Concluído o curso da Escola Técnica, equivalente ao Curso Ginasial, denominação que tinha o ensino de primeiro grau na época, José Batista frequentou o Curso equivalente hoje ao nível médio, na Academia de Comércio Epitácio Pessoa e Colégio Estadual de Jaguaribe.

     Em 1963 ele prestou serviço militar no 15º Batalhão de Infantaria, onde fez o Curso de Formação de Cabos, foi promovido e pouco depois foi licenciado. Na busca do primeiro emprego ele exerceu atividades de gráfico, uma profissão que exigia um bom grau de escolaridade, uma vez que lidava com a impressão de textos.

   Em março de 1965, quando a PM da Paraíba fez o primeiro concurso para o Curso de Formação de Oficiais realizado fora do Estado, José Batista do Nascimento foi aprovado em 1º lugar. Foram abertas 10 vagas para civis ou integrantes da corporação. Mas apenas um Policial Militar foi aprovado. Era o Soldado Manuel Paulino.

   O Curso, realizado na Escola de Formação de Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco, foi concluído no dia 2 de setembro de 1967, quando houve a declaração de Aspirante a Oficial, em uma prestigiada solenidade realizada no Quartel do Derby, em Recife.

   Na Paraíba, o CFO anterior, realizado na própria corporação, foi concluído em 1958, portanto nove anos antes dos concluintes de 1967. Naquele ano todos os integrantes daquela turma eram Capitão ou Major.

   Por esse motivo e em razão de a turma de 1967 ser a primeira a ser formada fora do Estado, foi criada uma expectativa muito grande em relação ao desempenho desses novos Oficiais. Passou-se a se adotar a expressão “sangue novo” para se mencionar essa turma. O tempo demonstrou que grande parte dessa expectativa foi alcançada.

   Integravam essa turma, além de José Batista do Nascimento: Paulo Marcelino (Foi Comandante Geral), Manuel Paulino (Foi aprovado no concurso de Juiz de direito na Paraíba), Arnaldo Costa (Foi Subcomandante Geral), Ednaldo Tavares Rufino (Foi Subcomitê Geral), Romualdo de Carvalho Costa(Durante muitos anos foi Chefe de Seção do Estado Maior), Ambrósio Agrícola (Foi aprovado no concurso de Juiz de direito, em Pernambuco), Hélio Leito de Albuquerque (Formou-se em medicina), José Geraldo de Alencar (Foi Chefe da Casa Militar) e Carlos Paulo de Oliveira (Foi demitido como Capitão).

   Em abril de 1968 e março do ano seguinte, José Batista do Nascimento foi promovido, respectivamente a 2º e 1º Tenente. Nesse período ele exerceu atividades Operacionais nas Unidades sediadas na Capital do Estado e em Campina Grande.  

       Em 1968, ano de muita agitação política em todo o país, e que foi marcado também por grandes manifestações estudantis, houve muitos confrontos da Polícia Militar com manifestantes. Esses acontecimentos fizeram com que a USAID, órgão do Governo dos Estados Unidos responsável execução do plano de apoio aos órgãos militares e de segurança pública no Brasil, ministrasse diversos treinamentos destinados a melhorar a capacidade operacional da Polícia Militar.

     Neste contexto o então 2º Tenente Batista Nascimento frequentou, em 1968, o Curso de Manuseio de Bombas e o Curso de Planejamento Geral de Controle de Distúrbios Civis.

     Em 1969 ele frequentou o Estágio de Informações para Oficiais da PM, patrocinado pelo Ministério do Exército. A partir de então ele passou a integrar o Serviço de Informações do Estado Maior da PM. Nessa condição ele criou e dirigiu o Sistema de Segurança Bancária de Campinas Grande, onde estava ocorrendo muitos assaltos a bancos.

       Foi promovido a Capitão em março de 1971 e no ano seguinte, no dia 30 de dezembro, se casou com Alda Maria Ribeiro, fardado e com todo o ritual militar.  Fixou residência inicialmente no Bairro dos Estados e depois no Bairro do Cristo, onde ainda residem os seus familiares.

     Buscando alcançar a importância do papel da Polícia Militar no contexto geral da segurança pública, ele frequentou o Ciclo de Estudo sobre a Segurança Nacional e Desenvolvimento, promovido pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, ainda em 1971.

No mesmo ano ele passou a prestar serviço como Ajudante de Ordem do Governador Ernani Sátiro, função que exerceu até março de 1975 quando foi designado para fazer o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, realizado na Academia de Polícia Militar de Pernambuco.

Ao voltar do C.A.O, em dezembro de 1975, o Capitão Batista Nascimento assumiu a Chefia da 2ª Seção do estado Maior, e ainda nessa função foi promovido a Major, em dezembro de 1977.

 No período de março de 1978  a junho de 1981 o Major Batista Nascimento exerceu o Comando do 4º Batalhão da PM, sediado na cidade de Guarabira, onde iniciou um amplo trabalho de renovação na forma de atuação do policiamento da região do brejo paraibano, buscando uma maior interação com a sociedade. Em consequência do resultado favorável desse trabalho, ele foi homenageado com o título de Cidadão Guarabirense, no final daquele ano.

    Envolvido com as questões relacionadas com a educação na área de atuação do 4º Batalhão e com os temas ligados aos sentimentos cívicos, o Major Batista Nascimento participou do Encontro Regional sobre Símbolos Nacionais, promovido pela Secretaria de Educação do Estado, em 1981.

   Em julho de 1981 ele assumiu o Comando o 1º Batalhão da PM, sediando na capital do Estado. Graças aos trabalhos desenvolvidos nessas funções ele foi agraciado, em dezembro daquele ano, pela Associação Paraibana de Imprensa com o título de melhor comandante do ano.

   Promovido ao Posto de Tenente Coronel, por merecimento, em agosto de 1981, ele, na busca de novos conhecimentos na área de administração, fez o Curso de Aperfeiçoamento em Técnicas de Análise Organizacional, promovido pela Escola de Serviço Público do Estado, em outubro do mesmo ano.   Em junho de 1983 deixou o Comando do 1º Batalhão quando foi designado para frequentar o Curso Superior de Polícia, na Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.

 Após a conclusão do CSP ele assumiu a Diretoria de Apoio Logístico, que ainda era sediada no Quartel do Comando Geral.

     Mesmo com dificuldades para frequentar um Curso Superior, em razão das funções que ocupava, ele concluiu o Curso de Bacharel em Administração, na Universidade Federal da Paraíba, em 1983.

    No início da década de 1980 começaram a se ampliar as discussões sobre o sistema policial brasileiro. Nesse contexto o papel das Policias Militares na Segurança Pública começou a sofrer contestações por parte de alguns cientistas sociais que ingressaram no seio dessa temática. Por esse motivo, diversas PMs começaram a patrocinar debates sobre essas questões. Em 1985 o Tenente Coronel Batista Nascimento representou a PM da Paraíba no Seminário de Assuntos Policiais Militares, realizado na PM de Minas Gerais.

   No final do Governo de Wilson Braga, em janeiro de 1987, Batista Nascimento foi promovido ao Posto de Coronel.

   No dia 1º de maio de 1988, quando o Coronel José Batista do Nascimento Filho, contando com 44 anos de idade, encontrava-se em pleno exercício de suas funções na Diretoria de Pessoal da Corporação, foi acometido de um acidente vasculhar cerebral que lhe levou a óbito.

      Esse fato causou uma profunda comoção no âmbito da Polícia Militar e da sociedade civil em que ele convivia. Sepultado no cemitério São José, em Cruz das Armas, com todas as honras militares. O féretro foi acompanhado de uma vasta legião de inconsoláveis amigos e parentes.

   Foi um momento muito triste para a Polícia Militar da Paraíba.

   José Batista do Nascimento Filho era casado com Alda Maria Ribeiro do Nascimento e deixou duas filhas: Nielly Regina do Nascimento, que é viúva, e Karla Simone do Nascimento, que é casada. Nielly teve três filhos: Alda Pricilla, Jeham Victor e Evelyn Regina. Alda Pricilla é casada e tem um filho de nome Heitor Ribeiro. Karla Simone tem dois filhos: Maria Sophia e José Luiz (Falecido).

     Alda Maria era professora do Estado e está aposentada.

 
Solenidade do CSP - PMMG - 1983
       
CASAMENTO DE ALDA E BATISTA  -  DEZEMBRO DE 1972
BATISTA, ALDA, NIELLY E SIMONE
Continua na página 2

Compartilhe!


Deixe um comentário

Seja o Primeiro a Comentar!

Notificação de
avatar