Síntese histórica da Policia Militar da Paraíba

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3. AS LUTAS NO SÉCULO XX
               Durante as três primeiras décadas do Século XX, a Polícia Militar teve também destacada e positiva participação em acontecimentos de elevado valor histórico nos contextos estadual e nacional. Ainda empregada como pequeno Exército, essa Corporação travou lutas no território paraibano e em outros Estados como Pernambuco, Rio do Grande do norte e São Paulo.
3.1. Lutas no Cariri
A primeira luta contra grupo armado que a Polícia Militar, na época denominada de Força Policial, enfrentou naquele século, foi em 1912, na região do cariri paraibano. Um grupo de homens armados, na região polarizada por Monteiro, sob as lideranças de João Santa Cruz, Promotor de Justiça, e Franklin Dantas, proprietário rural e grande líder da região de Teixeira, por razões políticas, pretendia provocar um clima de desordem no interior do Estado que justificasse uma intervenção Federal, e a consequente deposição do Presidente do Estado, Dr. João Machado.
           Para combater esse movimento, a Força Pública deslocou um grande efetivo, que ficou inicialmente destacado em Campina Grande, de onde partiu para os combates. Ocorreram lutas em Sumé, Monteiro, Taperoá, Patos e São João do Cariri. Ainda foi invadida, pelo bando armado, a cidade de Santa Luzia e ameaçadas de invasão as cidades de Soledade e Teixeira. Nessas lutas a Polícia obteve muitas vitórias, e sofreu alguns revezes, mas impediu que os objetivos dos rebelados fossem alcançados.
           Pela forma corajosa como se comportaram, destacaram-se nesses confrontos o então Alferes Elísio Sobreira, que veio depois a se tornar o patrono da Polícia Militar, o Tenente Rangel Farias e os Sargentos Pedro Medeiros e Isac Lordão, além de Luiz Riscão, um Anspençada, graduação entre Soldado e Cabo.
3.2 Combates à Coluna Prestes
              Ainda com a denominação de Força Pública, a corporação enfrentou, em 1926, a Coluna Prestes, quando de sua passagem pelo nordeste. Ciente de que a Coluna se dirigia á Paraíba, o Presidente do Estado, Dr. João Suassuna, determinou que lhe fosse dado combate ainda no sertão. Com essa finalidade, um grande efetivo da Força Policial foi deslocado para as cidades de Sousa, São João do Rio do Peixe e Belém. Ainda foram reforçados os efetivos dos Destacamentos de toda região sertaneja, e em particular, o do Batalhão sediado em Patos.
         O Tenente Coronel Elísio Sobreira, Comandante Geral da Corporação, dirigiu pessoalmente a luta, instalando-se em São João do Rio do Peixe. A tropa deslocada para Belém foi comandada pelo Major Manuel Viegas, um homem conhecido por sua coragem pessoal. A Coluna foi perseguida, sem trégua, de Sousa, por onde penetrou no Estado, até Princesa Isabel. Houve ainda lutas nas proximidades de Patos. Desses confrontos, resultaram muitas mortes de ambos os lados.
           A passagem da Coluna ficou marcada por uma chacina por ela cometida em Piancó, onde foram assassinados, depois de presos, 2 soldados e 23 civis, inclusive o Padre Aristides, pároco e líder político local.
           Destacaram-se nesses combates, além do Tenente Coronel  Sobreira e do Major Viegas, o Capitão Irineu Rangel, os Tenentes Benício e Manuel Marinho e o Sargento Arruda, entre outros.
3.3. O Movimento de Princesa
Em 1930, um grupo armado, sediado na cidade de Princesa, no alto sertão paraibano, chefiado pelo Deputado Estadual José Pereira, tentou conturbar a ordem pública no interior do Estado. Os objetivos do movimento, como os dos rebeldes de Monteiro em 1912, era provocar uma intervenção federal na Paraíba. A consequência imediata seria a deposição do Presidente João Pessoa, que havia rompido relações políticas com Washington Luiz, depois dos acontecimentos que resultaram no famoso "NEGO".
             Mas uma vez a Força Pública foi acionada, e um grande efetivo foi mobilizado para enfrentar os rebeldes sertanejos, que recebiam ajuda do Governo Federal. Foram mais de quatro meses de violentos combates, em que foram registradas muitas mortes de ambos os lados. Foi criado um Batalhão Provisório, na Força Pública, só para reforçar o contingente empregado na luta.
         Os acontecimentos mais marcantes desses confrontos foram; O desastre da Água Branca, em que cerca de duzentos policiais foram mortos em uma emboscada; a tomada, pela Polícia, das cidades de Teixeira, Imaculada e Tavares, que haviam sido ocupadas pelos grupos liderados por José Pereira e o cerco de Tavares, que se achava ocupada pela Polícia e foi cercada por grupos de cangaceiros, durante 18 dias. Princesa foi cercada e a intervenção pretendida por José Pereira não foi alcançada.
             Muito foram os Policiais que se destacaram nessas lutas. Entre eles podemos citar; Tenente Coronel Elísio Sobreira, Comandante Geral na época, Capitão Irineu Rangel, Comandante do contingente empregado na luta, Capitão João Costa, Tenentes José Maurício, Elias Fernandes, Manuel Benício e o Aspirante Ademar Naziazene, além dos Sargentos Severino Bernardo e Manuel Ramalho.
3.4. A Revolução Paulista
               Em busca da redemocratização do país, ou objetivando reconquistar espaços políticos perdidos desde a revolução de 1930, liderança políticas e militares de São Paulo, inclusive integrantes da Força Pública daquele Estado, articularam um movimento armado em 1932, tentando depor o Governo Federal. A História registrou esses acontecimentos como a Revolução Constitucionalista
          Para debelar esse movimento, Getúlio Vargas, que governava o país, convocou tropas federais, e efetivos das Polícias Militares de todo Brasil.
Da Paraíba seguiram de imediato para participar das lutas, duas Companhias do 1º Batalhão, e um Batalhão Provisório. Posteriormente, foram enviados mais três Batalhões Provisórios, que não chegaram a participar dos confrontos. Esses Batalhões eram formados por voluntários e os Oficiais eram civis comissionados, escolhidos entre integrantes de famílias tradicionais do Estado. O 2º Batalhão Provisório foi recrutado em Campina Grande.
       O efetivo do 1º Batalhão, que participou dessa luta, foi comandado pelo Capitão do Exército Aristóteles da Souza Dantas, e, partindo do Estado de Minas Gerais, combateu na chamada frente norte de São Paulo integrando uma Coluna formada por Batalhões de outras Polícias e do Exército, sob o Comando do então Coronel Eurico Gaspar Dutra. O 1º Batalhão Provisório, sob o Comando do Major Guilherme Falcone, participou de combates na frente sul daquele Estado, onde entrando através do Paraná, compondo outra Coluna, comandada pelo General Waldomiro Lima.
         O contingente da Paraíba teve destacadas participações em combates ocorridos na cidade de Capão Bonito, Buri, e Itapetinga, na frente sul e em Lindóia, Monte Sião, Campinas e Itapira, na frente norte. Em diversas oportunidades, os combates foram decididos em lutas de corpo a corpo, e com uso de arma branca, onde prevaleceram a destreza e a coragem pessoal dos paraibanos.
3.5. Combates à Intentona Comunista
       Em novembro de 1935 ocorreu, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, uma tentativa de implantação de um Governo Comunista. Grupos orientados por Carlos Prestes e com a participação de simpatizantes militares que tomaram o Quartel do Exército em Natal e pretendiam depor o Governo do Rio Grande do Norte, instituindo uma Junta Governativa. Houve luta entre os rebelados e a Polícia daquele Estado.
Informado da situação, o Governador da Paraíba, Argemiro de Figueiredo, enviou a Natal, para auxiliar as forças legalistas, um Batalhão Policial, sob o Comando do Tenente Coronel Elias Fernandes.
         Ainda no percurso de João Pessoa a Natal, a Polícia paraibana prendeu vários integrantes da Junta Governativa e apreendeu farto material que eles haviam saqueado em diversas cidades. Em várias cidades, onde as autoridades constituídas haviam fugido, temendo o movimento, Elias Fernandes restaurou a ordem, garantiu a posse de Prefeitos, e o funcionamento da justiça.
           Serenados os ânimos, os comandados de Tenente Coronel Elias Fernandes permaneceram em Natal até o final daquele ano, sendo alvo de muitas homenagens do povo potiguar em sinal de gratidão pela honrosa forma como auxiliaram a debelar aquele movimento.
4.0. A BRIOSA
História da Polícia Militar da Paraíba
       Conforme relatado a Polícia Militar da Paraíba participou de importantes acontecimentos da história do país, como a Guerra do Paraguai, a revolução praieira, a revolução de 1930, e a vigilância do litoral paraibano, durante a 2ª guerra mundial. No campo de ordem pública a Corporação mantém desde 1835, Destacamentos Policiais em todas as cidades do Estado, e combateu os grupos de cangaceiros que aterrorizou o sertão nordestino de 1878 a 1938, através das famosas patrulhas Volantes, que eram compostas por homens valentes e destemidas.
          Hoje, mesmo incompreendida, criticada, e carente de recursos, a Polícia Militar procura através das diversas modalidades de policiamento que executa, e por meio de várias outras formas de prestação de serviço de alcance social, continuar sua gloriosa marcha histórica, na permanente busca de bem servir a sociedade.
        Esses esforços são permanentemente reciclados pela adoção de uma política de renovação dos recursos materiais, modernização de métodos de atuação e de valorização dos recursos humanos materializados por uma formação humanista e profissional contextualizada com a ordem social vigente. Seus heróis de hoje são os Policiais Militares da Rádio Patrulha, do Choque, da Guarda, do Trânsito, dos Destacamentos, do Canil, da Cavalaria, da Manzuá, do policiamento a Pé ou de Motos, da Rotam, do Policiamento ambiental,  do Apoio ao Turismo, do Choque, das Ações Táticas, do Gate, das atividades de apoio, em fim dos que compõem a Polícia de hoje, honrando sua história e concorrendo para o fortalecimento do seu futuro, e fazendo-a merecedora da carinhosa cognominação de Briosa Policia Militar da Paraíba, conferida, ao longo da história, pela sociedade paraibana.
O autor:
O coronel PM reformado João BATISTA de Lima foi formado pela Academia de Polícia Militar de Pernambuco. Na PM paraibana, exerceu, entre outras funções, os seguintes comandos: e Centro de Ensino da PMPB, 5º BPM,  Companhia de Trânsito, Companhia de Choque e Centro de Operações da PM. No interior, foi comandante da Companhia de Polícia de Cajazeiras e do 2º BPM, em Campina Grande. Foi chefe de gabinete da Secretaria da Justiça, subcomandante-geral da PM, e presidiu o Conselho
Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. Foi o responsável pelo planejamento e implantação da Operação Manzuá. É instrutor habilitado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha para ministrar treinamentos de direitos humanos. Publicou o livro A Briosa: A História da Polícia Militar da Paraíba, do qual o texto acima faz parte.
VEJA TAMBÉM
A participação da PM da Paraíba nas lutas contra a Revolução Paulista de 1932

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1 Comentário em "Síntese histórica da Policia Militar da Paraíba"

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Ugo Bezerra
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Mais uma vez, parabéns a todos. Em especial, a este bravo, que mesmo na reserva, continua a trabalhar em prol da memória e honrar a farda que usou durante anos. Faltou incluir no item 3.1 Lutas no Cariri, o nome do Major Genuíno Bezerra. Abraços!