Réquiem: Homenagem a três coronéis da ativa que faleceram no período de dois anos

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        Neste texto faremos uma homenagem a três coronéis da ativa que faleceram no período de dois anos. Trata-se dos Coronéis Rufino, Batista e Araújo.  Eram pessoas de diferentes perfis, mas que demonstravam por suas atitudes que tinha uma grande apreço  à Polícia Militar.  Eram dotados de ilibada conduta pessoal, social e profissional, exerciam forte liderança junto à tropa e gozavam da admiração, respeito e carinho de uma legião de amigos.  Cada um desses falecimentos representaram grades perdas para toda corpração
         A Polícia Militar da Paraíba tem passado, ao longo de sua história, por muitos momentos de intensa tristeza com a morte de alguns dos seus integrantes. Esses sentimentos são mais acentuados quando os policiais falecidos estão em pleno exercício de suas funções no serviço ativo uma vez que seus laços afetivos com os demais companheiros e com a corporação são mais fortes.  São casos de acidentes de trânsito, ocorridos em serviço ou fora dele, assassinatos por motivos diversos, por vezes fúteis, ou situações decorrentes de confrontos com infratores da lei ou ainda casos de doenças que se manifestam subitamente de forma fulminante.
    A história recente da corporação registra dezenas de casos dessa natureza envolvendo Oficiais e Praças. Oportunamente registraremos alguns desses casos como forma de referenciar o nome desses companheiros, homenagear seus familiares e buscar tirar lições de cada situação enfocada.  Mais aqui iremos abordar três casos, que pela proximidade temporal entre eles, e pela importância das funções exercidas pelas vítimas, e por seus perfis, causaram um grande impacto no seio de toda corporação.
    Entre os dias 1 de maio de 1988 e 6 de fevereiro de 1991, portanto em 32 meses, faleceram três Coronéis  que se encontravam  em plena atividade no serviço ativo da Polícia Militar. Foram: Coronel José Batista do Nascimento Filho, Diretor de Pessoal (1 de maio de 1988); Coronel João de Araújo Silva, Diretor de Finanças, (27 de dezembro de 1988) e Coronel Ednaldo Tavares Rufino, Subcomandante Geral  (6 de fevereiro de 1991).   Batista tinha 45 anos, Araújo 41 e Rufino 46, portanto todos com idade inteiramente produtivas.
     Eram Oficiais saudáveis, de elevada qualificação profissional, bem relacionados tanto no âmbito da corporação como no meio social, e que estiveram em atividade praticamente até o dia em que vieram a falecer, o que tornou cada fato ainda mais doloroso para todos que tiveram oportunidade de com eles conviver.
      Passamos a traçar um perfil desses Oficiais para que se possa avaliar a extensão da perda que a corporação teve.
Coronel José Batista do Nascimento Filho
             José Batista do Nascimento Filho nasceu no Bairro de Cruz das Armas, em João Pessoa, no dia 18 de novembro de 1943.  Estudou na Escola Técnica Federal, na Academia de Comércio Epitácio Pessoa e no Colégio Estadual de Jaguaribe. Ingressou na Polícia Militar em 11 de março de 1965 para frequentar o Curso de Formação de Oficiais, na Polícia Militar de Pernambuco. No dia 2 de setembro de 1967, após a conclusão do Curso, foi declarado Aspirante Oficial. Quando a turma de Aspirante de 1967 chegou à Paraíba, todos integrantes da turma anterior, que era de 1958, já eram Capitães. Dessa forma as promoções da turma de Batista Nascimento foram mais rápidas.
       Assim, ele foi promovido a 2º Tenente em 24 de setembro de 1968, e nesse posto fez um Curso de Manuseio de Bombas e Planejamento de Operações de Controle de Distúrbios Civis, ministrado por policiais vindos dos Estados Unidos através USAID.  Após esse curso ele ministrou treinamentos sobre esses temas para integrantes da corporação.  Naquela época, pouco depois do advento do AI-5, foi criada uma Companhia para atuar em ações de Controle de Distúrbios, e o Tenente Batista Nascimento teve um importante papel no treinamento dos integrantes dessa Subunidade.
     Em 7 de fevereiro de 1969 ele foi promovido a 1º Tenente e no mesmo ano frequentou o Curso de Informações e Segurança Nacional, no Centro de Estudo do Pessoal do Exercito, no Rio de Janeiro. Esses temas eram muito valorizados na época e os critérios para realizar esse curso eram muito rigorosos. Como se vivia o tempo da paranoia da guerra fria com a caça aos comunistas, os candidatos para esse tipo de curso passavam por uma verdadeira devassa nas suas vidas particulares, sob o pretexto de se fazer uma sindicância social.
       Em 10 de março de 1971 ele alcançou o posto de Capitão, passando, durante muito tempo, a exercer funções relacionadas com os serviços de informações.  Nessa época ele criou o Sistema de Segurança Bancária em Campina Grande, onde prestava serviço. Ainda em Campina Grande ele frequentou o Ciclo de Estudo de Segurança Nacional, realizado pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
           Foi Ajudante de Ordem durante todo Governo de Ernani Sátiro. Nessa função sua conduta ética, austera, polida, inteligente e dedicada foi objeto de elogios dos seus superiores.
            Em 1975 ele fez o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais na Academia de Polícia Milita do Paudalho. Terminado do CAO ele assumiu a Chefia de Seção de Informações do Estado Maior Geral da Corporação, onde permaneceu até 1977, quando, por merecimento, foi promovido a Major, em 25 de dezembro daquele ano.
     No início de 1978 ele foi designado para Comandar o 4º Batalhão de Polícia, em Guarabira. Nessa função teve oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos administrativos e operacionais, dando um novo impulso a forma de atuação daquela Unidade. Com a nova dinâmica adotada, na qual as atividades de informações ganharam relevo, muitos crimes foram desvendados e com isso a criminalidade na área do Batalhão foi reduzida.
       Em 25 de agosto de 1981 foi promovido, por merecimento, a Tenente Coronel, quando foi dispensado do comando do 4º BPM e nomeado para Comandar o 1º Batalhão, em João Pessoa.  Ao deixar o Comando do 4º Batalhão ele, com muita justiça, foi homenageado com o título de cidadão Guarabirense.
       No 1º Batalhão ele implantou uma nova filosofia administrativa dando ênfase às atividades operacionais e às instruções da tropa, além de promover uma ampla reforma nas instalações físicas do Quartel, adaptando-as às suas funções, e promovendo maior conforto para os policiais.
     Ainda no Comando do 1º BPM ele frequentou o Curso de Aperfeiçoamento de Técnicas Organizacionais, promovido pela Escola de Serviço Público (ESPEP), e no mesmo ano concluiu o Curso de Administração de Empresa, na Universidade Federal da Paraíba.
      Ao deixar o comando do 1º BPM em julho de 1983, ele seguiu para Minas Gerais onde frequentou o Curso Superior de Polícia. Ao retornar do CSP ele passou a assumir as funções de Diretor de Apoio Logístico passando a colocar em prática novas formas de administração e controle do material da corporação.
      O Coronel Batista Nascimento era uma homem culto, disciplinado e disciplinador, de muitas amizades no meio social e intransigente em defesa dos interesses da corporação, o que expressou por diversas vezes quando exerceu as funções de Secretário do Clube dos Oficiais em várias gestões quando. Era um administrador que buscava permanentemente incentivar seus comandados, a quem sempre tratava com muita atenção.
        Em dezembro de 1986 ele foi promovido, por merecimento, ao posto de Coronel, continuado como Diretor da DAL e no ano seguinte assumiu a Diretoria de Pessoal. No dia 30 de abril de 1988, com 45 anos de idade, ele foi acometido de um mal súbito, que lhe levou óbito no dia 1 de maio.
      O velório foi no Quartel do Comando Geral e o sepultamento foi no cemitério de Cruz das Armas, acompanhado por um grande cotejo de policiais e civis amigos do brilhante oficial.
        Foi um dia de muita tristeza para a Polícia Militar que perdia um ilustre integrante que em vida foi um exemplo de profissional e de cidadão.
Continua na página 2

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