Policiais militares acadêmicos de medicina na Paraíba

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Policiais Militares acadêmicos de medicina na Paraíba  é um fenômeno novo nessa instituição . A compatibilidade de horários para o exercício acumulado dessas duas funções deve constituir uma  preocupação por parte dos que Comandam  essa Corporação.  Aqui vamos expor dados que possam permitir se visualizar as dificuldades e os benefícios dessa situação.

Até 1990 a seleção para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) na PM/PB, era feita por uma comissão de Oficiais da própria corporação. Esse curso era realizado em outros Estados, a maioria das vezes em Pernambuco. Desde 1972 já se exigia o segundo grau dos candidatos a esse conclave. A concorrência nesses concursos, até o final da década de 1980 era de aproximadamente quinze candidatos para cada vaga. A partir de 1991, quando o Curso de Formação de Oficiais passou a ser realizado na própria Corporação, depois da criação do Centro de Ensino da Polícia Militar, que depois passou a ser denominado de Centro de Educação da PM, o Concurso do CFO passou a ser feito através de vestibular. Inicialmente pela UFPB, depois pela UEPB e atualmente pelo ENEM.

Nas três últimas décadas, com o aumento da quantidade de jovens em busca de emprego e a gradual redução do mercado de trabalho na iniciativa privada, os concursos públicos ganharam uma maior procura. A estabilidade, a garantia de uma carreira e um razoável salário, se considerarmos as condições econômicas da Paraíba, fez com que, ao longo dessas décadas, a seleção para o CFO tanto da Polícia Militar como do Corpo de Bombeiros, que ganhou autonomia em 2008, passasse a ter uma expressiva concorrência, de forma que atualmente ultrapassa a oitenta candidatos para cada uma vaga oferecida.

Com a adoção de critérios de seleção mais rígidos e com uma procura cada vez maior, a qualificação dos selecionados no CFO ficou cada vez mais elevada. Muitos jovens investem tempo e recursos materiais em cursos preparatórios para enfrentar a concorrência, que conta inclusive com a participação de muitos candidatos de outros Estados.   Muitos dos aprovados nesses processos seletivos já possuem cursos superior ou estão em fase de sua conclusão. As mudanças no currículo do curso e o emprego de professores de elevados níveis acadêmico, ampliaram a capacidade técnica e intelectual dos novos oficiais.  Situação muito parecida ocorreu também com a seleção e Formação de Soldados e Sargentos, tanto na Polícia Militar como no Corpo de Bombeiros.

Ocorre que, esses Oficiais, em todos os níveis hierárquico, e até mesmo Alunos do CFO e Praças, naturalmente sentem-se capacitados para aprovação em outros concursos. As condições de trabalho do policial militar e do bombeiro militar, a constatação de falta de vocação para o exercício dessas atividades, as questões relacionadas à disciplina militar, e a comparação com os vencimentos de outras categorias, levam esses jovens, uns já nem tanto, a pensar na possibilidade de tentar outros concursos. Como a maioria dos concursos que oferecem melhor remuneração exigem que o candidato seja bacharel em Direito, esses profissionais buscam essa formação, que além de habilitá-los para concursos também lhes qualificam para um melhor desempenho nas suas atividades enquanto policiais ou bombeiros.

 Entretanto, esses concursos estão se tornado raros e com a concorrência cada vez maior. Busca-se então outras saídas. Atualmente a forma mais usual dessa procura se dar através da realização do curso de medicina.  A ideia básica dos que adotam essa opção é que o médico não precisa enfrentar concurso pois sempre terá um amplo mercado de trabalho tanto na área privada como no setor público, em caráter precário.   Além do mais, o fato de os profissionais de saúde poderem cumular emprego, faz esses policiais militares e bombeiros militares imaginarem que não precisarão sair da PM ou do CB para obterem mais uma renda. Muitos deles até cogitam atuar no serviço de saúde das respectivas corporações.

O regime de trabalho dos policiais militares e bombeiros militares, assim como outras categorias que tem atividade continua, inclusive a noite e fins de semana, é em geral, de um turno de serviço por três de folga. Normalmente a escala é de vinte e quatro horas trabalhando e setenta e duas horas de folga, ou doze de trabalhado e trinta e seis de folga.   Ou seja, o policial militar e o bombeiro militar tem tempo para se dedicar a outras atividades.

Ocorre que o curso de medicina exige tempo integral, normalmente manhã e tarde. E, é claro, pela natureza do curso, deve ter muitas importantes atividades extraclasse, o que implica na necessidade do aluno ter dedicação exclusiva.

Trilhando esse caminho atualmente existem mais de trinta policiais militares e bombeiros militares frequentando o curso de medicina e dezenas de outros fazendo cursos preparatórios para o vestibular desse curso. Alguns já concluíram os Cursos e estão trabalhando nessa área, paralelamente com as atividades de policiais ou de bombeiro. e um deles, no posto de Major, deixou o Corpo de Bombeiros.

É plenamente louvável e legítimo que cada um desses policiais militares e bombeiros militares busquem sua melhoria. É honroso para essas corporações ter pessoas tão qualificadas em suas fileiras.  A imagem dessas instituições é enaltecida com isso e a sociedade paraibana também lucra com a formação de mais profissionais de saúde, área tão carente de recursos humanos.

Entretanto, essa situação pode trazer algum tipo de dificuldade para a administração dessas corporações, em particular para as atividades operacionais, que não podem contar com esses profissionais no decorrer da semana.  Muitos desses acadêmicos se adaptaram à situação e estão em atividade só nos sábados e domingos. Mas até quando esse mecanismo vai resolver esse problema? A tendência é esse número de acadêmico ser cada vez maior.

O desafio para os Comandos dessas corporações, e até para o Governo, é, preliminarmente, encontrar uma maneira de conciliar a carga horária regulamentar desses profissionais com uma destinação específica para o emprego deles em ações compatíveis com as suas habilidades acadêmicas e, a médio e longo prazo, projetar formas legais para o seu aproveitamento, ao termino do curso, no quadro próprio da estrutura da administração do Estado.


 

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