O Major Coriolano ameaçou surrar Epitácio Pessoa

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    O Major Coriolano ameaçou surrar Epitácio Pessoa, o Epitacinho, filho de João Pessoa, e que era Suplente de Senador. O fato ocorreu na Campanha Eleitoral de 1950 e foi uma forma de represália às ofensas morais feitas por Epitacinho contra Rui Carneiro, que era candidato a Senador.

Esse fato me foi relatado recentemente pelo Coronel Reformado Manuel Barbosa Ramalho, Aspirante de 1958, e que atualmente está com 86 anos de idade, lúcido e com boa memória.

Como é um acontecimento curioso envolvendo um integrante da Polícia Militar da Paraíba com uma importante personalidade política do Estado, vamos relata-lo da forma breve, como segue.

Em 1950 o Major Manuel Coriolano Ramalho, pai do nosso amigo e confidente Manuel Barbosa Ramalho, comandava a segurança pessoal de Rui Carneiro, então candidato a Senador nas eleições daquele ano.

Durante a campanha, que foi a mais violenta da histórica política da Paraíba, Rui Carneiro, acompanhado de uma comitiva, e da sua segurança pessoal, percorreu o sertão do Estado fazendo contados com o seu eleitorado.

Quando a comitiva voltou à capital, Rui Carneiro teve conhecimento de que o seu adversário político Epitácio Pessoa, não o Paraibano que foi Presidente da República, e sim um filho de João Pessoa, que Governou a Paraíba, tinha remetido cartas aos órgãos da imprensa, autoridades e entidades de representativas de classes e clubes de serviço e Maçonaria, nas quais afirmava, em linguagem insultuosa, que a comitiva de Rui tinha mais gente do que a quantidade de votos que ele conseguiu na sua peregrinação pelo interior.

Insinuavam as missivas em alusão que a comitiva de Rui tinha voltado com o rabo entre as pernas. Pode-se se dizer que esse tipo de comunicação adotado por Epitacinho, era o uso da rede social da época.

Para a classe política esse tipo de atitude poderia ser relevado sem maiores dificuldades.

Mas o Major Coriolano, que era compadre de Rui, ficou indignado com esse ato, que ele considerou como uma grave afronta e sugeriu ao seu chefe que fosse dada uma resposta enérgica, cobrando uma retratação. Porém Rui, de forma diplomática, não levou em consideração tais atos, afirmando que as urnas dariam a resposta.

Insatisfeito, Coriolano se dirigiu ao Paraíba Palace Hotel, onde Epitácio estava hospedado, e mandou o pessoal da recepção avisar ao hóspede que estava lhe esperando na portaria para dá-lhe uma surra no meio da rua como resposta aos seus atos contra Rui Carneiro.

O bravo Major Coriolano ali ficou por mais de uma hora.  Epitácio não apareceu e depois disso voltou para o Rio de Janeiro e não regressou mais à Paraíba.

Naquele ano, Rui Carneiro foi eleito Senador e Zé Américo Governador. Coriolano foi Assistente Militar do Governador e posteriormente, foi segurança pessoal de Zé Américo, no Rio de Janeiro, quando o ilustre paraibano assumiu o Ministério de Viação e Obra Públicas.

Epitácio Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, conhecido por “Epitacinho”,   nasceu no Rio de Janeiro em 1911. Em razão da ligação do seu pai com Getúlio Vargas, Epitacinho se dizia com muito prestígio junto àquele Presidente.

Em 1940 ele era Secretário do Interventor Argemiro de Figueiredo e mesmo exercendo essa função, encaminhou a Getúlio Vargas  graves denúncias  contra a administração do Estado. O presidente  determinou uma rigorosa apuração, mas nada foi comprovado. Findas as apurações, Argemiro pediu  exoneração, pois como Interventor era nomeado por Getúlio.

Por conta disso Rui Carneiro foi nomeado Interventor. É possível que essa nomeação tenha frustrado um plano de Epitacinho ser o escolhido por Getúlio, o que pode ter dados início a intriga dele com Rui Carneiro.

Em 1947 Epitacinho foi eleito Suplente de Senador pela Paraíba e em março de 1951 assumiu a Cadeira com a renúncia do titular Adalberto Jorge Rodrigues Ribeiro, que foi nomeado procurador da Prefeitura do Rio de Janeiro.  Mas o mandato de Epitacinho teve a duração de apenas 6 meses, pois ele veio a falecer  no dia 24 de agosto de 1951, ao 40 anos de idade,  em pleno exercício do mandato.

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