O maior aumento da história da PM da Paraíba. Uma doce ilusão

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          O maior aumento da história da PM da Paraíba foi uma  doce ilusão.  O fato ocorreu durante o Governo de Tarcísio Buriti, em 1990, e entusiasmou todos os integrantes da corporação, porém em menos de dois meses, a super inflação da época consumiu todas as sonhadas vantagens, diluindo a doce ilusão, 
     O processo inflacionário que vivenciamos no decorrer da década 1980 e nos primeiros anos da década de 1990 causou tantas agruras à população que só quem sentiu na pele pode avaliar o quanto esse período foi angustiante para toda sociedade brasileira.  Para se ter uma ideia dessa situação basta lembrar que entre janeiro de 1991 e março de 1994 a inflação foi 764%, ou seja, uma média de 27% ao mês.
       Não tinha aumento salarial que pudesse acompanhar a inflação. Todos servidores públicos viviam angustiados tentando controlar as despesas. A expectativa dos percentuais dos aumentos era uma coisa desesperadora.
      Nesse contexto, em maio de 1987 no início do segundo Governo de início de Tarcísio Buriti foi concedido um aumento e um abono que juntos totalizaram 30% dos vencimentos. No mês de outubro do mesmo ano foi retirado o abano e concedido um aumento que representou 62% de melhoria, mesmo sem o abano retirado.  Nesse período a unidade monetária era o Cruzado, em vigor desde fevereiro de 1986.  Os vencimentos de um Soldado passaram para Cz$ 9.588,00, o que equivalia a 4,8 Salários mínimos da época. (Hoje seria R$ 3.225,00).
     No mês de setembro de 1990, no último ano do Governo de Tarcísio Buriti, foi concedido um aumento que ficou marcado como o maior da história da Polícia Militar, em termos percentuais.
        Através da Lei 5.307, de 14 de setembro de 1990, o Governo fixou o valor do Soldo do Coronel em Cr$ 30.370,00 para o mês de agosto e Cr$ 47.840,00 a partir do mês de setembro. A moeda tinha voltado a ser denominada de Cruzeiro desde o mês de março daquele ano.  Para fixação dos Soldos dos demais policiais militares, essa Lei remeteu à Lei 4.975/87, que estabelecia o escalonamento vertical. As demais parcelas que constituíam os contracheques (Gratificação de Serviço Ativo, Representação, Moradia, Habilitação e Tempo de Serviço) eram fixadas na Lei 4410/82. Dessa forma, a repercussão do aumento foi de 135% no mês de agosto e mais 60,9% no mês de setembro. Com isso em setembro daquele ano, por exemplo,  o Soldo de um Soldado passou para Cr$ 12.916,00 e total dos seus vencimentos chegou a Cr$ 37.157,00, o que equivalia a 6,13 salários mínimos. (Um salário mínimo era Cr$ 6.056,30). Comparado essa ralação atualmente, os vencimentos de um Soldado seria R$ 4.119,00.  (Maior do que o valor que seria estabelecido na  sonhada PEC 300).
         Foi uma euforia geral. No dia do pagamento muitos Soldados ficaram brincando entre si, fazendo leques de notas e se abanando. Um Capitão ficou ganhando igual a um Coronel do Exército.
        Mas, a inflação destruiu esse sonho pouco depois. No mês de dezembro de 1990 os vencimentos dos policiais militares tiveram um aumento de 17,6%, mas o salário mínimo já tinha aumentado 45,9%, passando para Cr$ 8.836,82.  Um Soldado agora ganhava Cr$ 43.473,00, o equivalente a 4,9 salários mínimos, o que representaria hoje R$ 3.292,00.
      Em janeiro de 1991, início do Governo de Ronaldo Cunha Lima, o salário mínimo foi fixado em Cr$ 12.325,60 e a PM não teve aumento até o mês de agosto.  Assim, em janeiro, o Soldado ganhava o equivalente a 3,5 salários mínimos, o que correspondia apenas a 57% que ele ganhava três meses antes. Esse valor hoje seria igual a R$ 2.373,00, que é aproximadamente o valor dos vencimentos atuais considerando todas as parcelas do contracheque, inclusive as que não se incorporam aos proventos da inatividade. Em agosto de 1991, quando a PM voltou a ter aumento, um Soldado ganhava o equivalente a 1,2 salário mínimo. (O salário mínimo era Cr$ 36.161,00). Esse aumento de agosto de 1991 foi de 104% dividido em três parcelas (Setembro, Novembro e Dezembro). Um Soldado passou a ganhar, em dezembro de 1991, Cr$ 97,901,00, mas um salário mínimo já era Cr$ 63.000,00, ou seja um Soldado ganhava aproximadamente um salário mínimo e meio.
      Foi-se a euforia do tempo de Buriti. Ficou a frustração. Depois disso nunca mais os vencimentos de um Soldado chegou a cinco salários mínimos.
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