O início do primeiro CFO da Paraíba

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             O início do primeiro CFO da Paraíba foi um acontecimento marcante para a Corporação e para o Governo do Estado e o fato foi destaque na imprensa Oficial. O país vivia sob o regime do Estado Novo, com a Constituição de 1937 em vigor. Mas o que fundamentou a criação desse e dos demais cursos de formação profissional como obrigatório na Corporação foi a Lei 193 que regulamentava dispositivos da Constituição de 1934, que definia as Forças Públicas como auxiliares do Exercito.
             A Constituição Federal de 1934 estabeleceu, no artigo 167, que as Forças Policiais, denominação da Policias Militares na época, passavam à condição de Força Auxiliar do Exército. A Lei Federal 192, de janeiro de 1936, regulamentou esse dispositivo constitucional, estabelecendo as normas para organização e funcionamento dessas corporações. Na essência, essas normas estão em vigor até os nossos dias.  Um dos pontos mais importantes dessa Lei foi a exigência, a partir de então, dos Cursos de Formação de Soldados (CFSd), Cabos (CFC), Sargentos (CFS) e Oficiais (CFO), assim como os de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS) e Oficiais (CAO).  Para implementar essas medidas foi estabelecido um prazo de cinco anos.
        Na Força Pública da Paraíba, inicialmente, foram implantados os Cursos de Formação de Praças, entre 1936 e 1939. Os Sargentos que não tinham curso de formação fizeram um CAS.  Os Oficiais na mesma situação realizaram dois CAO, um ministrado por Oficiais do Exército (do 22º Batalhão de Caçadores, atualmente 15º Batalhão de Infantaria) em1939 e outro ministrado pelos Oficiais que fizeram o primeiro Curso, em 1940.  Essas medidas foram fundamentais para os sensíveis melhoramentos que a Corporação teve nesse período.
      Só em 1941 teve início o primeiro Curso de Formação de Oficiais, que foi realizado na própria Corporação. Entretanto, em 1929 e no decorrer da década de 1930 diversos Sargentos realizaram, na Escola de Sargentos de Infantaria, o Curso de Comandante de Pelotão, o que equivalia ao CFO.  O primeiro desses Cursos foi feito, no Rio de Janeiro, pelo Sargento Ademar Naziazene, que  foi declarado Aspirante a Oficial, no dia 7 de fevereiro de 1929 sendo o primeiro integrante da Força Pública da Paraíba a alcançar essa situação. Entre 1935 e 1939  oito Sargentos da Corporação frequentaram esse curso, sendo que em uma Unidade  do Exército sediada em Recife, e foram declarados Aspirantes. Em 1935 o curso  foi realizado por Manuel Câmara Moreira. em 1937, por João Gadelha de Oliveira, Antonio Ferreira Vaz, Sebastião Calixto, e Wilson Silveira Vasconcelos, em 1938 por Severino Cessarino da Nóbrega e no ano seguinte por João Batista Gomes.
Ademar Naziazene - Primeiro Aspirante a Oficial da Paraíba - 1929
      Paralelo à adoção dessas medidas, a Corporação passou por muitas outras transformações. Praticamente toda legislação, que era basicamente de 1912, foi atualizada. Uma nova estrutura organizacional foi adotada, na qual foi criado um Esquadrão de Cavalaria. Foi criado um novo Uniforme, com destaque para o uso da túnica branca e reestruturada a Banda de Música, que recebeu novos instrumentos.
   Essas medidas começaram a ser adotada no início de 1936, no Governo de Argemiro de Figueiredo, eleito por aclamação pela Assembleia Constituinte do Estado, em 1935.  Getúlio Vargas, que estava no poder como ditador desde 1930, deu um novo golpe de Estado, em 1937 e instituiu o que os historiadores denominaram de Estado Novo, que durou até 1945, quando teve inicio um período de redemocratização do país.  Dessa forma, no período de 1937 a 1945 o Brasil foi governado por Getúlio Vargas, na condição de ditador. Nesse período, não funcionavam os Poderes Legislativos Municipal, Estadual e Federal.  Os Estados eram governados por Interventores nomeados por Getúlio Vargas e os Municípios eram dirigidos por Interventores nomeados pelos Governadores.  Muitos Oficiais da Força Pública, como, por exemplo, Elísio Sobreira, Genuíno Bezerra, Raul Geraldo, João Gadelha de Oliveira e Castor do Rêgo, foram nomeados Prefeitos Interventores, alguns em diversas cidades, em períodos distintos.
        Depois de instituído o Estado Novo, Argemiro de Figueiredo, que era Governador, foi nomeado Interventor do Estado e deu continuidade ao processo de modernização da Força Pública. A atualização da Legislação e a implantação dos Cursos de Formação e de Aperfeiçoamento de Praças e os Cursos de Aperfeiçoamento de Oficiais ocorreram durante o Comando do Coronel Delmiro Pereira de Andrade (Oficial do Exército), que durou de 27 de maio de 1935 até 16 de agosto de 1938. O Coronel Delmiro, que durante muitos anos prestou serviço no 22º Batalhão de Caçadores, já conhecia a Força Pública da Paraíba desde 1917. Naquele ano ele foi designado para a função de Diretor de Instrução da Corporação, em decorrência de um convênio firmado pelo Governo do Estado com o Governo Federal, mediante o qual a Força Pública passava à condição de força auxiliar do Exército. Uma das inovações introduzidas nesse Comando foi a criação da Caixa Beneficente de Oficiais e Praças, que só no decorrer da década de 1970 se tornou pessoa jurídica de direito privado, tomando as suas feições atuais.
Coronel Delmiro Pereira de Andrade - Um Comandante inovador
      Em 1940 Argemiro de Figueiredo foi substituído por Rui Carneiro, também nomeado como Interventor do Estado. Para Comandar a Força Pública foi nomeado o Coronel Anacleto Tavares da Silva, (Oficial do Exército), que exerceu essas funções no período de 8 de dezembro de 1940 até 21 de setembro e 1942.   Imbuído dos mesmos propósitos do seu antecessor, Anacleto deu continuidade aos trabalhos de melhorias da Força Pública. No dia  1º de abril de 1941 foi iniciado o primeiro Curso de Formação de Oficiais realizado na Paraíba, que foi formada pelos seguintes Sargentos: Airton Nunes, Pedro Maciel dos Santos, Francisco Pequeno de Souza, Clodoaldo Monteiro da Franca, João Batista de Oliveira, Raul Geraldo de Oliveira, Joaquim Pereira dos Santos, Ascendino Clementino de Araújo, Sebastião Salustiano Serpa e Antenor Salgado.
Coronel Anacleto Tavares - Criou o primeiro CFO na Paraíba
Primeira Turma de CFO na Paraíba - 1941
     Tanto Argemiro de Figueiredo como Rui Carneiro tinham participado de uma invasão do Quartel do 22º Batalhão de Caçadores, em outubro de 1930, o que deu origem, no nordeste, à revolução que depôs o Governo Federal e colocou Getúlio Vargas no poder.  Portanto, eles eram considerados lideres civis da revolução e por esse motivo eram muito prestigiados nos meios militares.  Era comum a participação dos Interventores em solenidades militares nos Quartéis do Exército, onde recebiam especial atenção.
      Para adotar as medidas que produziram as inadiáveis melhorias na Força Pública naquela época era indispensável o total apoio  do Governo, o que foi  feito a contento por Argemiro de Figueiredo, durante sua gestão com Interventor, o que fica expresso através  de sua  presença nas solenidades mais importantes da Corporação.
      Rui Carneiro também prestigiava os atos solenes realizados na Força Pública, a exemplo do que ocorreu na solenidade de abertura do primeiro Curso de Formação de Oficiais, onde, além do Interventor, compareceram diversos Secretários de Estado.
      Era prática comum naquela época, no final ou no início do ano, o Governador receber a oficialidade da Força Pública, no Palácio, em visita de cortesia para os cumprimentos formais pela passagem dos festejos natalinos.  Em alguns anos, no decorrer das décadas de 1980 e 1990 ocorrem cerimônias desse tipo.
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