Geraldo Amorim Navarro: o criador da Polícia Civil da Paraíba

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A Polícia Civil da Paraíba foi criada pelo Coronel Geraldo Amorim Navarro, em 1981.  Mas antes desse evento já existia no Estado atividades de polícia judiciária e para melhor se entender essa situação precisamos visualizar alguns antecedentes dessa instituição, o que faremos de forma sintética a seguir.

 As atividades atualmente desenvolvidas pela Polícia Civil no Brasil tem sua origem ainda na legislação do período Imperial e ao longo desse tempo foram sendo criadas instituições nas Províncias e depois, com o advento da República, nos Estados, destinadas à execução das atividades de Polícia Judiciária.  Nas Províncias, durante o Segundo Império surgiu a figura do Chefe de Polícia e depois a Secretaria de Polícia.

    No começo do período republicano, só existiam dois cargos de primeiro escalão na Paraíba: O Secretário Geral e o Chefe de Polícia. Essa situação perdurou até meados da década de 1920, quando começaram as criações de outras Secretarias. As atividades dos Delegados de Polícia, exercidas na maioria das cidades por Polícias Militares, da ativa e da Reserva, eram dirigidas pelo Chefe de Polícia, que era subordinado ao Secretário do Interior e Segurança Pública. Nesse período foi criada a Guarda Civil, em 1924, e pouco depois a Inspetoria de Tráfego que ficaram subordinas ao Chefe de Polícia.

     Em 1941 foi baixado o Regulamento da Polícia Civil através do Decreto Lei 165 e em 1943 foi criado o Departamento de Polícia Civil, dirigido pelo Chefe de Polícia que era subordinado à Secretaria do Interior e Segurança Pública, (Decreto Lei 478 de 01/10/1943).  Esse Departamento foi reorganizado em 1953 pela Lei 620 de 24/11/1953.

     Porém essas instituições não ficaram legalmente estruturadas, em termos de pessoal e material, continuando as atividades de Delegados sendo exercidas por policiais militares. Essa situação melhorou no decorrer das décadas de 1960 e 1970, mas a inexistência das carreiras de Delegados e demais servidores indispensáveis ao exercício das atividades de Polícia Judiciária em muito dificultavam o desenvolvimento dessa instituição.

     Foi nesse contexto que Geraldo de Amorim Navarro, Major do Exército, da Arma de Infantaria, assumiu a Secretaria de Segurança Pública da Paraíba, em janeiro de 1980, e fez gestão junto ao Governador Tarcísio Buriti para criação da estrutura da Secretaria de Segurança Pública e a Criação da Polícia Civil da Carreira, o que foi efetivado respectivamente através da Lei 4.216, de 17 de dezembro de 1980 (Estrutura da SSP) e da Lei 4.273 de 21 de agosto de 1981, que criou a Polícia Civil de Carreira, na forma como ela hoje, depois de alguns ajustes, está estruturada.

      Assim, em 1981 a Secretaria de Segurança foi legalmente reestruturada, passando a contar com meios materiais adequados e com um quadro de pessoal devidamente qualificado. A partir de então a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil passaram por um grande desenvolvimento, em todos os aspectos, sendo atualmente uma das melhores do Brasil.

     De forma oportuna e salutar, a história da Polícia Civil da Paraíba, em seus detalhes, será objeto de uma pesquisa por uma Comissão formada por Delegados e outros servidores da Secretaria de Segurança Pública, trabalho esse que aguardamos com muita expectativa a sua conclusão e publicação.

    Mas neste trabalho vamos voltar a nossa atenção para a figura do Coronel Geraldo Navarro, pela importância do trabalho por ele realizado em dois períodos em que foi Secretário de Segurança, expondo de forma breve dados sobre a sua carreira militar e narrando fatos sobre as suas gestões.  É o que passamos a fazer.

 
  1. A Carreira militar

     Natural de João Pessoa, Geraldo de Amorim Navarro nasceu no dia 11 de novembro de 1935, sendo filho de Antônio Espínola Navarro e Maria do Carmo Amorim. Geraldo é irmão de Gilvan Navarro, Giselda Navarro e Glauce Navarro, todos nascidos e criados na Capital paraibana. De família cristã, Geraldo e seus irmãos estudaram no Colégio Pio X, e seguiram os sacramentos do cristianismo.

     Em dezembro de 1951 Geraldo Navarro concluiu o Curso Ginasial no Colégio Pio X e, depois de se submeter a uma seleção, ingressou no Curso Preparatório de Cadete do Exército, em Fortaleza em março de 1952.

     Concluído o Curso Preparatório, Geraldo foi matriculado no Curso de Formação de Oficiais do Exército, na arma de Infantaria, na Academia Militar de Agulhas Negras, no início de 1954, sendo declarado Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria, em dezembro de 1957 e promovido a 2º Tenente em setembro de 1958.

      Como Aspirante a Oficial e 2º Tenente Geraldo Navarro prestou serviço no 25º Batalhão de Caçadores, em Terezinha, Piauí, 15º Regimento de Infantaria, em João Pessoa, Batalhão de Guarda, na Ilha de Fernando de Noronha, Escola Preparatória, e Colégio Militar de Fortaleza, onde foi instrutor. No exercício dessas funções ele foi promovido a 1º Tenente em 31 de agosto de 1959.

       Ainda em 1959 Navarro contraiu casamento civil com Evânia Garcia de Arruda Navarro, e dessa união nasceram Mônica, Simone, Eliane e Marcílio.

      No Posto de 1ª Tenente Geraldo Navarro serviu no 14º Regimento de Infantaria, em Jaboatão de 1964 a 1965, quando foi promovido a Capitão.  Nesse período, em abril de 1964, Navarro, na condição de Comandante de uma Companhia participou da Operação de cerco ao Palácio das Princesas, para depor o Governador Miguel Arraes e de outras operações preventivas destinadas à garantia de manutenção do governo militar, nas quais não houve combate.

     Ainda nesse período, como 1º Tenente ele passou à disposição do Governo do Estado, de abril a julho de 1964, para prestar serviço na Secretaria de Segurança Pública, juntamente com um grupo de outros Oficiais elaborando Inquéritos Policiais Militares para apurar os casos de subversões ocorridos no período que antecedeu ao movimento militar de 31 de março daquele ano.

     Em 1966 Navarro foi aprovado no processo seletivo para frequentar a Escola de Aperfeiçoamento de Oficias, e fez o curso que foi concluído no mesmo ano, ficando legalmente habilitado às promoções de Oficial superior.  Ainda como Capitão ele foi transferido para o Gabinete do Ministro da Guerra, o General Aurélio de Lira Tavares, para exercer as funções de Oficial de Gabinete, onde permaneceu até novembro de 1969.

     No início de 1970, Navarro passou a exercer a função de Ajudante de Ordem do General Antônio Bandeira, que era o Comandante da 3ª Brigada de Infantaria, sediada em Brasília. Nesse período Navarro participou de exercícios de manobras militares e operações destinadas a capturar integrantes de grupos revolucionários, na região do Planalto Central, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

     Dessas operações, realizadas em 1973, destacam-se as realizadas em Cristalina e Uberlândia (MG), Garça (MT), Aragarças, Santa Rita, Araguaia, e Jataí (GO). O Capitão Geraldo Navarro foi elogiado pelo General Antônio Bandeira pela atuação nessas operações.

     Dotado de aptidão para as ciências exatas, Geraldo Navarro concluiu o Curso de Engenharia Civil na Universidade Federal de Brasília, durante o período em que prestou serviço na 3ª Brigada.

      No dia 30 de abril de 1974, Geraldo Navarro foi promovido ao Posto de Major e transferido para o 23º Batalhão de Caçadores em Fortaleza, onde Comandou uma Companhia e ocupou funções do Estado Maior da Unidade. Nesse Batalhão ele permaneceu até 8 de março de 1976, quando passou a prestar serviço na 25ª Circunscrição do Serviço Militar, também na Capital do Ceará, chefiando a 4º Seção daquele serviço, função em que passou 3 anos.  No dia 27 de março de 1979 o Major Geraldo Navarro foi transferido para o 15º Batalhão de Infantaria, em João Pessoa. Em janeiro de 1980 o Governador Tarciso Buriti conseguiu, junto ao Ministério do Exército, a sua liberação para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o que se deu no dia 23 de janeiro daquele ano.

      Durante o seu tempo de serviço Geraldo Navarro recebeu 16 elogios todos referentes à sua capacidade técnica, liderança, disciplina, iniciativa, comprometimento com as atividades do Exército, espírito de justiça, sociabilidade e incentivador de atividades esportivas.  Navarro foi atleta de Basquetebol, Voleibol e Futebol de campo integrando equipes das Unidades aonde serviu. Quando prestava serviço em Teresina chegou a integrar, por pouco tempo, uma equipe de futebol que disputava campeonato de amadores. Era armador, e em um papo informal diz que jogava bem, como faz todo peladeiro. Navarro é Torcedor fanático do Vasco da Gama.

 

2.  O Secretário Geraldo Navarro na primeira gestão (23/01/1980 a 06/03/1982)

     O Major Geraldo Amorim Navarro tomou posse, no dia 23 de janeiro de 1980 na Secretaria de Segurança Pública, recebendo essa função do Doutor Luiz Bronzeado que passou a exercer a função de Procurador Geral do Estado, em substituição a Pedro Adelson.

     Naquela época todos os cargos de Delegados eram Comissionados e ocupados em sua grande maioria por Oficiais ou Praças, da ativa ou de Reserva da Polícia Militar, inclusive as Delegacias Especializadas. Eram poucos os Bacharéis Civis que ocupavam essas funções. As nomeações e exonerações desses Delegados, basicamente, atendiam indicações dos chefes políticos da cada cidade ou região.

     Também o corpo de servidores da Secretaria era formado, em sua maioria, por Comissionados. O Controle das atividades dos Delegados era frágil, se valendo principalmente da apuração de denúncias, a maioria formulada por agentes políticos ou pela imprensa.

    Nesse contexto era comum haver denúncias de desvio de conduta, uso da violência, ou de práticas de ilícitos relacionados à obtenção de vantagens financeiras indevidas. Esses fatos chegavam ao conhecimento do Secretário através das vítimas, da imprensa e também por integrantes da própria Secretaria, como de Delegados ou agentes, contra Delegados ou contra o Secretário.

    Dessa forma a primeira providência adotada por Geraldo Navarro foi buscar o apoio do Governador para iniciar a elaboração de uma legislação destinada a dar organização à Secretaria e à Polícia Civil, dotando-as de estrutura física, material, e, principalmente, de pessoal devidamente qualificado.

    Outra questão que foi detectada logo no início dessa gestão foi a falta de previsão legal para a existência de Delegacias Distritais nos grandes Centros Urbanos do Estado.

    Assim, Navarro, com o aval do Governador Tarcísio Buriti e contando com a valiosa colaboração dos seus assessores imediatos,  começou a esboçar os anteprojetos que, depois dos trâmites legais resultaram na sanção das seguintes Leis:

     - Lei 4.189 de 12 de novembro de 1980, que criou 16 Delegacias Distritais, sendo 4 em João Pessoas, 4 em Campina Grande, e uma de cada uma das cidades de Guarabira, Patos, Souza e Cajazeiras. O Tenente Coronel da PM Ambrósio Agrícola Nunes, assistente militar do Secretário Geraldo Navarro foi o encarregado de levantar a proposta inicial desse anteprojeto de Lei e que depois foi discutido por outros órgãos.

     - Lei 4.216, de 17 de dezembro de 1980, que fixou a estrutura da Secretaria de Segurança Pública.

     - Lei 4.273 de 21 de agosto de 1981, que criou a Polícia Civil de Carreira.

    A elaboração de todos esses anteprojetos teve a participação dos órgãos oficiais competentes para esse fim, e os processos de articulação política para aprovação na Assembleia teve a participação direta do Secretário Geraldo Navarro.

     No caso da criação da Polícia Civil havia resistência de alguns parlamentares que com sutis argumentos deixam a entender que com a estruturação da Polícia Civil os poderes dos políticos para a nomeação a exoneração dos Delegados ficavam muito reduzidos.  Durante essas discussões um desses políticos, que também, ocupou cargos no primeiro escalão do Governo naquela época, teria dito a Navarro que “Delegado bom é aquele que a gente bota e a gente tira”.  Finalmente os textos foram sendo aprovados e sancionados.  Ocorre que enquanto tramitava a elaboração desses anteprojetos de Lei, a Secretaria de Segurança Pública se antecipou na formação de um corpo de Delegados e de outros auxiliares das atividades de polícia judiciária com a finalidade de preencher o Quadro de servidores que estava sendo projetado, tanto para a Secretaria como para a Polícia Civil. Ressalte-se que a Lei 620 de 24 de novembro de 1951, que reorganizou o Departamento de Polícia Civil já tinha criado cargos de Delegados os quais nunca atinha sido preenchidos.

 

     Dessa forma, ainda em 1980 foram realizados 3 Cursos de Formação de Delegados.  Esses treinamentos foram realizados na Academia de Polícia Civil, (ACADEPOL) localizada no Bairro de Miramar, e que ainda não tinha existência legal, o que só foi formalizado no final daquele ano com o advento da Lei 4.216, de 17 de dezembro de 1980. (A Acadepol construída no Bairro de Mangabeira só foi inaugurada em fevereiro de 1988).  Esses Cursos foram realizados em 3 etapas e contou com o apoio do Departamento da Polícia Federal e do 15º Regimento de Infantaria. Nessa etapa foram formados 84 Delegados.

      No ano seguinte a preocupação foi com a formação de Agentes de Investigação e Escrivães, sendo formados 67 profissionais dessas categorias.

          Após cada curso os concluintes foram nomeados e de imediato designados para Delegacias Especializadas, Superintendências, e Delegacias Municipais, além de cargos na Administração da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança Pública.

Aos poucos os Delegados Comissionados começaram a ser substituídos. A partir de então a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil da Paraíba iniciaram um processo de grande desenvolvimento.

    No dia 3 de fevereiro de 1982 Geraldo Navarro foi nomeado Superintende do DETRAN (em substituição a Judivan Cabral), função que assumiu cumulativamente com a Secretaria de Segurança Pública.

     No dia 15 de março de 1982 o Major Geraldo Amorim Navarro completou 30 anos de serviço ao Exército Brasileiro, contando o tempo da Escola Preparatória, e nessa condição foi promovido a Tenente Coronel e passou para a reserva como Coronel, continuando no exercício da função de Secretário de Segurança.

     Uma das marcas do primeiro Governo de Tarcísio Buriti (15/031979 a 14/05/1982 – Renunciou para ser candidato a Deputado -) foi a realização de grandes obras tais como o Espaço Cultural (Inaugurado no dia 13 de maio de 1982), Hemocentro da Paraíba, Terminal Rodoviário de João Pessoa, o lançamento do Polo Turístico do Cabo Branco, e o Mercado de Artesanato de Tambaú. Nesse contexto foi construído e inaugurado no dia 6 e março de 1982, o Instituto de Polícia Científica (IPC), no Bairro do Cristo, solenidade que contou com a presença do Ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel.

      Esse órgão até então funcionava em um prédio antigo na Rua Índio Piragibe, ao lado do Cemitério Senhor da Boa Sentença. A nova estruturação em pessoal e material desse órgão em muito contribuiu para o desenvolvimento da Polícia Civil.

     No dia seguinte da inauguração do Espaço Cultural (14/05/1982), Tarcísio Buriti deixou o Governo para ser candidato a Deputado Federal nas eleições daquele ano, na qual foi eleito.

     Depois da inauguração do IPC Geraldo Navarro foi exonerado da Secretaria de Segurança e permaneceu no DETRAN, sendo substituído por Johnson Abrantes no dia 9 de julho de 1982.  Ainda durante a gestão de Geraldo Navarro, teve início, no dia 6 de dezembro de 1981, as obras de construção da Unidade de Medicina Legal de Campina Grande.

     Em outubro do ano 1983, já no Governo de Wilson Braga, Geraldo Navarro, na condição de Engenheiro Civil, assumiu funções na Companhia de Habitação e Saneamento onde permaneceu até julho de 1985.

      Entre outros acontecimentos de maior relevância durante essa gestão, podem ser citados os seguintes fatos:

     - Desenvolvimento da Campanha Paraibano desarme-se, que desenvolvia atividades destinadas a conscientizar a população para evitar a condução de armas de fogo;

     - Proibição dos bingos que ofereciam automóveis como prêmios, sob o pretexto de que havia práticas ilícitas nessas promoções;

     - Suspensão temporária da concessão de porte de armas para se definir uma melhor regulamentação para esse fim;

     - Desbaratamento do grupo formado por policiais civis criminosos conhecidos por mão branca, que atuava na região de Campina Grande fazendo a execução de pessoas com antecedentes criminais;

     - Enfrentamentos dos casos que ficaram conhecidos como: Humberto Parede, um caso de misterioso assassinato; Ataliba Arruda, conhecido como perigo bandido; Alagamar, caso de invasão de terras; Escândalo do DETRAN, envolvendo altas autoridades em atividades ilícitas.

     - Ações disciplinares enérgicas que alcançaram integrantes da Polícia Civil.

         Com a saída de Navarro, o Delegado Nilo Siqueira assumiu a Secretaria interinamente até o dia 4 de junho 1982, quando o Tenente Coronel do Exército Joaquim Antunes Maia Martins foi nomeado e empossado nesse Cargo.3

3. O Secretário Geraldo Navarro na segunda gestão.

           Durante o segundo Governo de Buriti (1987/1991) a Secretaria de Segurança Pública teve 4 titulares: Severino Talião de Almeida, Coronel da Reserva do Exército; Valdir dos Santos Lima, Deputado Estadual Secretário do Interior e Justiça, que assumiu interinamente; Antônio Flávio Toscano Moura, Delegado da Polícia Federal e Geraldo Amorim Navarro, Coronel da Reserva do Exército, e que assumiu no dia 4 de maio de 1988.

Com a inauguração do Centro Administrativo, em 1972, todas as Secretarias de Estado ali se instalaram.  Dessa forma, até o início da segunda gestão de Geraldo Navarro, a Secretaria de Segurança estava sediada em um daqueles prédios.  Com o crescimento das atividades dessa pasta, tais instalações se tornaram inapropriadas.

         Com a inauguração do Centro Administrativo, em 1972, todas as Secretarias de Estado ali se instalaram.  Dessa forma, até o início da segunda gestão de Geraldo Navarro, a Secretaria de Segurança estava sediada em um daqueles prédios.  Com o crescimento das atividades dessa pasta, tais instalações se tornaram inapropriadas.

           Na busca de um local mais adequado para se instalar, a Secretaria ocupou, por uns meses, um casarão localizado na Praça da Independência, imóvel onde residiu o Presidente João Pessoa, durante o seu Governo e que atualmente é o Museu da Cidade. Mas esse local também era impróprio para os fins que se buscava, o que levou Geraldo Navarro e sua equipe de auxiliares a continuar a busca.

          Depois de muitas pesquisas e gestões junto ao Governador, Navarro optou por ocupar um amplo e moderno prédio localizado nas proximidades do Bairro de Mangabeira no qual estava funcionando uma repartição ligada à Companhia de Habitação Popular.  A mudança se deu em janeiro de 1989 e desde então esse imóvel é a sede da Secretaria de Segurança Pública.

Durante essa nova gestão Navarro buscou dar continuidade às atividades de valorização dos recursos humanos da instituição através de treinamentos e cursos de formação para as diferentes categorias funcionais do órgão. Agora contando com a nova Acadepol, construída no Bairro de Mangabeira e inaugurada em março de 1988 na gestão do Doutor Antônio Toscano, a Polícia Civil passou a ministrar constantes treinamentos para todos os seus integrantes.

       Nesse contexto,  em 1988, cinco Delegados (Salvador Pereira, Isaías Olegário, Paulo Feitosa, Diógenes Nascimento e Geraldo Lobo) foram encaminhados para fazer o Curso Superior de Polícia na Academia da Polícia  Civil de São Paulo.  No ano seguintes outros três (Gilberto Rosa, Getúlio Machado e Eduíno Fagundo) frequentaram o mesmo curso  na Academia da Polícia Civil em Brasília. Esse curso habilitava o Delegado ao exercício de funções estratégicas na área de polícia judiciária.

  Ainda com esse objetivo era comum os Delegados participarem de seminários e treinamentos  de pequena duração em outros Estados, ocasiões em que, além de obtenção de novos conhecimentos,  havia uma salutar troca de experiência profissional.

        As ações destinadas a dotar a Polícia Civil dos recursos materiais e humanos em quantidade e qualidade apropriados para o desenvolvimento dessa instituição, iniciadas na primeira gestão de Geraldo Navarro, tiveram continuidade no Governo de Wilson Braga, que teve como Secretário de Segurança Pública o Doutor Pedro Adelson Guedes. Naquele período foram realizados Cursos de Peritos de diferentes especialidades (1983), além de Agentes de Investigações e Papilocopistas (1985). Era reflexo do crescimento do Instituto de Polícia Científica.

       Essas ações também se deram durante a gestão do Doutor Antônio Toscano como Secretário de Segurança, na qual foram realizados dois Concursos de Agentes de Investigações, sendo um deles para mulheres e um Concurso de Escrivãs, além de mais uma Turma de 40 Delegados. Os Cursos de Formação nesse período começaram a ser realizados na Acadepol, no Bairro de Mangabeira.  A primeira turma de Agentes de Investigações Feminina (1988) teve o nome de Delegada Maria da Luz Lordão, a primeira titular da Delegacia de Mulher criada em 1987.

       Mas, a defasagem do efetivo da Polícia Civil fez com que nessa nova gestão de Geraldo Navarro fosse realizado mais um Curso de Formação para 40 Delegados, que foram selecionados ainda na gestão anterior. Foi também promovido um Concurso e em consequência um Curso de Formação de 120 Agentes de Investigações.

         Dessa forma teve continuidade o processo de desenvolvimento da Polícia Civil.

      No mesmo mês da posse de Navarro (maio de 1988), a Secretaria de Segurança Pública recebeu 73 Viaturas e ficou no aguardo de receber mais 104. Eram automóveis Chevetes, Opalas, Marajós e Kombi. Esses veículos deram um grande impulso nas atividades fins da Polícia Civil.  Na mesma época a Polícia Militar também recebeu razoável quantidade de viaturas. Essas frotas e suas sucessivas substituições, propiciaram a montagem de um valioso serviço de polícia preventiva que integrou de forma efetiva os órgãos de Segurança Pública do Estado por mais de 20 anos, conforme será narrado a seguir.

      Naquela época estava ocorrendo uma apreensiva quantidade de assaltos a bancos na região da grande João Pessoa, o que causou preocupação dos órgãos de Segurança Pública, que começaram a buscar alternativas de ações objetivando conter tais práticas delituosas. Com esse objetivo foi planejado pela Polícia Militar um conjunto de ações que foi implantado no dia 18 de junho de 1988, com o apoio da Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal.

        Esse planejamento recebeu o nome de Operação Manzuá e consistia na montagem de pontos de bloqueios em todas as vias de acessos às cidades de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, onde eram abordados os veículos que por ali trafegavam vindos dessas cidades. Com a eliminação dos casos de assaltos a bancos na grande João Pessoa, a Operação Manzuá ganhou notoriedade em todo pais e alguns Estados passaram a adotar ações semelhantes.

        Aos poucos idênticas ações passaram a serem montadas nas cidades de maior porte no interior do Estado. Essa operação durou mais de 23 anos.

        Outro importante serviço montado durante essa gestão do Coronel Navarro foi a Patrulha dos Bairros, executada exclusivamente pela Polícia Civil em João Pessoa e Campina Grande e que consistia em ações de polícia preventiva.

       Como na gestão anterior Navarro encontrou ainda problemas disciplinares dentro da instituição e fez uso de pulso forte para combatê-los adotando os rigorosos procedimentos administrativos para esse fim.

        No contexto da Segurança Pública como um todo, podemos pontuar, entre outros, como casos de maior repercussão os seguintes:

       - O assassinato de dois caçadores na região do Conde, no qual estavam denunciados alguns policiais civis;

     - O assassinato de Miguel Anselmo, ocorrido no interior de uma Cadeia em Carpina, Pernambuco, e que a viúva da vítima fazia acusação às autoridades da Paraíba;

     - O crime de Cris, uma jovem assassinada na estrada de Cabedelo cuja autoria era atribuída a uma figura ligada a um importante político do Estado;

    - Continuidade da apuração do caso da morte de Paulo Brandão, um empresário assassinado em uma emboscada em frente à sua empresa, no Distrito Industrial, caso em que altas autoridades do Governo anterior eram acusadas.

      Como se depreende Geraldo Amorim Navarro, durante os dois períodos em que ocupou a direção da Secretaria de Segurança Pública prestou um relevante serviço à Polícia Civil e à sociedade paraibana, contribuindo de forma efetiva com o desenvolvimento dessa instituição.

      Cumpridas essas missões, Geraldo Navarro deixou a vida pública e buscou refúgio em uma fazenda que adquiriu em Formoso do Rio Preto, no oeste da Bahia. Divorciado há muitos anos, Navarro conheceu em Formoso do Rio Preto a jovem Ângela Márcia Nogueira Bonfim, por quem se apaixonou e com ela contraiu matrimônio no dia 16 de maio de 1996, e continuaram residindo na Bahia. Desse casamento nasceu Antônio Espínola Navarro Neto, atualmente aluno do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica. Em 2012 Navarro e Ângela se mudaram para João Pessoa e desde então residem no Bairro de Manaíra onde vivem em exemplar harmonia. Ângela é formada em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFPB.

    Os filhos do primeiro casamento de Geraldo Navarro são profissionais bem sucedidos em suas atividades. Marcílio Arruda Navarro é empresário da indústria de Plásticos na cidade de Entre Rios, no Rio de Janeiro. Mônica Arruda Navarro é formada em Direito e Administração e é servidora do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região. Liane Arruda Navarro é Psicoterapeuta e trabalha na Empresa de Transportes Urbanos em Fortaleza; Simone Arruda Navarro é  Fisioterapeuta e  Tenente Temporário da Reserva.

  Veja também   A criação da Operação Manzuá A crise Marden

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ELBENS FERNANDO SOUZA
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Sirvo-me da presente página para agradecer ao insigne Cel. Geraldo Navarro, por me receber em seu seleto Grupo de Amigos – Confraria do Mag Shopping, ao tempo, de também agradecer pela escolha de me tornar advogado / causídico dele como meu constituinte nas Ações Judiciais Cíveis, propositura de minha autoria em parceria com o jovem advogado, Dr. Jordan Vitor Fontes Barduino. Dizer também, do carinho, respeito e consideração que passei a nutrir pela sua senhora, Dra. Ângela Márcia Nogueira Bonfim, minha colega de profissão, bacharelada em Ciências Jurídicas / Direito. Pois bem !! Falar sobre o meu amigo Cel. Geraldo… Leia Mais »