Longevidade: O Subtenente Nascimento ultrapassou os 92 anos

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     O Brasil caminha para ter uma população de alto percentual de idosos. A longevidade da nossa população passou a ser objeto de constante análise por parte de setores do governo, na busca da formulação de políticas voltadas para esta parte da população.

   Em um artigo aqui publicado no mês de janeiro de 2016, (com o título Policiais militares na Paraíba vivem abaixo da média dos demais paraibanos), expomos dados estatísticos que mostravam que a vida média dos policiais militares da Paraíba nos anos 2014 e 2015 foi de 70,7 anos. Os mesmos números revelavam que 48,5% desses profissionais não chegaram a completar 70 anos de idade, ou seja, para compensar esse fato houve um considerável percentual que ultrapassou os 70 anos. Daqueles números verificamos ainda que 45,5% dos policiais viveram entre 70 a 90 anos, e que apenas 6% ultrapassaram aos 90 anos. Portanto, é raro um Policial Militar na Paraíba chegar a essa idade.

   Agora queremos enfocar uma dessas exceções, ou seja, registrar um caso de um Policial Militar que ultrapassou os 90 anos de idade e com admirável qualidade de vida. É o caso do Subtenente Severino Gomes do Nascimento, que completou 92 anos no dia 24 de janeiro de 2017. Totalmente lúcido, sem problemas de pressão, diabete, artrose, e outras doenças próprias dessa idade,  e sem limitação motora, auditiva ou de visão, ele circula pela cidade sem necessidade de acompanhante. Conversa sobre seu tempo no serviço ativo com muito interesse, revelando ter sido um policial militar vibrador e comprometido com a corporação, e fala sobre seus companheiros da época e dos seus superiores com respeito e admiração. A longevidade do Subtenente Nascimento, e a forma lúcida como ele chegou a essa idade é admirável e merece o nosso registro.

   Nascido no dia 24 de janeiro de 1925, Nascimento, o seu nome de guerra, ingressou na Polícia Militar no dia 2 de fevereiro de 1948, portanto com 23 anos de idade. Seu Curso de Formação de Soldado foi feito em dependências do atual Primeiro Batalhão, que na época sediava também o Comando Geral. Em 1956 ele fez o Curso de Formação de Cabos, já no Centro de Instrução, criado naquele ano, e que era sediado no Bairro do Roger, onde atualmente está instalado o Batalhão de Trânsito. Em 1959, no mesmo local, ele fez o Curso de Formação de Sargento, o que lhe fez galgar as promoções até Subtenente.

     Nascimento lembra bem de como agiam Elias Fernandes, Ivo Borges, José Maurício, João Gadelha de Oliveira, Ozanan de Lima Barros, Glauber Cabral de Vasconcelos e Adolfo Maia, Oficiais que Comandaram a Corporação durante seu tempo de atividade, guardando boas recordações de todos. Dos Oficiais que Comandaram o Primeiro Batalhão ele fala com entusiasmo de Severino Pontes de Amorim e Airton Nunes da Silva.

    No início da década de 1960, Nascimento prestou serviço no Destacamento do Palácio da Redenção, como Terceiro Sargento. Mas, durante quase todo o seu tempo de serviço ele foi Comissário de Polícia em Postos Policiais nos bairros de João Pessoa, particularmente na Ilha do Bispo, Torre e Cidade dos Funcionários, tendo passado por diversas vezes em cada um deles.  Nessas funções os Comissários comandavam os Policiais Militares que ali eram destacados e mais um grupo de Guardas Noturnos que eles recrutavam.

      Quando Nascimento foi Comissário de Polícia na Cidade dos Funcionários, em meados da década de 1960, ele contava com quatro Soldados, um Cabo e cinco Guardas Noturnos, devidamente fardados, com os quais fazia o policiamento ostensivo, através ondas a pé, diurnas e noturnas em toda área de sua atuação.  Um detalhe curioso é que um dos Guardas não tinha o braço direito, mas que, segundo o Subtenente Nascimento, era o mais valente do Destacamento. No Posto Policial ele registrava as ocorrências, mais conhecidas como “partes” dadas pela população. Em decorrências dessas partes, ele expedia intimações, ouvia vítimas, acusados, e testemunhas.  Se fosse o caso, ele fazia conciliação ou, raramente, aplicava detenções de curta duração, cumpridas em xadrez do próprio posto. Eram as prisões para curtir bebedeira.  Se fosse caso mais grave ele fazia o encaminhamento para a Delegacia correspondente ao caso.

     De uma forma geral as comunidades acolhiam bem os integrantes dos Postos Policiais, que eram muito conhecidos no bairro.  Entretanto, algumas vezes eles se excediam no uso da força física para reter perturbadores da ordem pública, o que os faziam muito temidos pela população.  Nesses casos havia apuração e, por vezes, punições.  Portanto, essas atividades eram de risco para os seus executores em relação à possibilidade de punição.

       Durante toda a sua carreira policial militar, quase sempre nessas atividades, Nascimento nunca foi punido, o que revela ter sido um profissional altamente disciplinado e correto no exercício das suas atribuições.  E assim foi a vida de Nascimento até fevereiro de 1978, quando ele passou para a reserva como Subtenente, e posteriormente foi reformado.

        O Sub Nascimento foi um exemplo de Policial Militar e é atualmente um respeitado cidadão, que goza da amizade, atenção, carinho e muito respeito de todos que com ele convivem.  E tom de brincadeira, mas que pode ser encarado com verdade, ele diz que o médico dele lhe garantiu mais 20 anos de vida, no mínimo. Nascimento é um bom papo, e, como se dizia antigamente, uma boa praça, literalmente.

      Nossas homenagens, respeitosa continência e admiração a essa verdadeira baraúna.

                   O Destacamento do Posto Policial da Cidade dos Funcionários em 1966                                                      O Subtenente Nascimennto  

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