Escala de Serviço na PM da Paraíba no dia 1º de janeiro de 1917

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           A  Escala de Serviço na PM da Paraíba no dia 1º de janeiro de 1917 contém dados que ajudam a refletir sobre a realidade daquela época. No dia 31 de dezembro de 1916 a Polícia Militar da Paraíba, na época com a denominação de Força Pública da Paraíba, escalou, para o dia seguinte, 56 policiais para prestar serviço em diversos órgãos sediados na capital do Estado, além dos que prestavam serviços nos Postos Policiais distribuídos na cidade, executando o policiamento Ostensivo a pé, conforme documento que abaixo transcrevemos.
        Pelo que consta na Escala, o policial mais graduado era um Alferes, Posto equivalente ao de Segundo Tenente e que exercia as funções de “Dia à força”, o que poderia ser comparado com os atuais Comandantes do Policiamento da Unidade, o CPU, embora suas funções fossem mais de Oficial de Dia.
           A figura do Anspençada, que consta na Escala, era uma Graduação entre Soldado e  Cabo. O maior efetivo escalado era o destinado a Guarda da Cadeia, onde eram aplicados 17 homens. Naquela época a Cadeia era na Praça Rio Branco, no Centro da cidade. No decorrer da década de 1930 foi construído um Presídio no Bairro do Varadouro, que funcionou até 1955, quando foi construído o Presídio do Roger. Depois da inauguração do Presídio do Roger, o Prédio do Varadouro foi ocupado pela Secretaria de Viação e Obras Públicas e tempos depois nele foi instalada a Central de Polícia, que ali funcionou até meados de 2016, quando foi transferida para um moderno, amplo a funcional prédio no Bairro do Geisel.
      Pelo efetivo escaldo percebe-se que no Quartel tinha dois Postos de Sentinela e no Palácio do Governo tinha três. Consta ainda uma Patrulha no Trem, formada por dois policiais. Curiosamente, eram escalados três policiais para o serviço de Walt-closse, expressão inglesa que significa Caixa D’água.
       O policiamento da cidade era realizado pelos efetivos destacados nos Postos Policiais. Naquela época existiam pelo menos cinco postos: Ilha do Bispo, Cruz das Armas, Trincheiras, Tambaú e Jagauribe. O serviço era realizado através de ronda a pé e os Comandantes dos Postos, muitas vezes, exerciam também as funções de Comissário de Polícia, exercendo parte do papel da Polícia Civil.  O Comando da Corporação era muito exigente com a disciplina desses efetivos assim como a organização e a limpeza das armas e das instalações dos Postos. A transcrição de uma nota publicada em um Boletim de 1916 registra o resultado de uma inspeção realizada em Postos Policiais, pelo Comandante Geral, na qual fica consignado o rigor da disciplina, com aplicação até de rebaixamento de graduação.
           Naquela época o efetivo da Corporação era fixado anualmente, para se adequar ao orçamento do Estado, e o previsto para 1917 foi de 741 homens, dos quais 537 eram Soldados, conforme nota publicada em Boletim no dia 18  de dezembro de 1916,  abaixo transcrita.  No quadro desse efetivo verificamos que a partir de 1917 deixou de existir o Posto de Alferes, e, em consequência, o Posto de Tenente foi divido em Primeiro e Segundo Tenente.  Os Alferes passaram então a ser denominados de Segundo Tenente. O Posto mais alto era de Tenente Coronel, privativo do Comandante Geral, portanto os Oficiais da Corporação só chegavam até ao Posto de Major. Quando um Oficial da Corporação assumia o Comando era Comissionado no Posto de Tenente Coronel. Não existia a Graduação de Subtenente e continuava a existir a graduação de Anspençada.   Nesse efetivo também não constava o Corpo de Bombeiros, que foi criado no decorrer de1917.
        Naquela época o Governador do Estado era Camilo de Holanda e o Comandante Geral era o Tenente Coronel do Exército João da Costa Vilar, natural de Taperoá,  terra natal do Padre  Galdino da Costa Vilar, que era o Presidente da Província da  Paraíba quando foi criado o Corpo Municipal de Guarda Permanente (3 de fevereiro de 1832), a origem da Policia Militar.  Os nomes e a naturalidade dessas figuras fazem presumir que eles sejam parentes.     Uma das maiores preocupações desse Comando era com o alto índice de analfabetismo na Corporação. Por esse motivo foi reestruturada uma Escola, denominada de Escola Vital de Negreiro, que funcionava no interior do Quartel e a participação dos policiais  analfabetos era obrigatória.
             Naquela época o Quartel do Comando Geral da Força Pública era na Rua Maciel Pinheiro, esquina com a Rua Padre Azevedo, prédio ocupado com essa finalidade desde 1850 e onde, anos depois, foi sede do Corpo de Bombeiros durante muitos anos e atualmente funciona um mercado de artesanato.
              E lá se foram cem anos.
              Escala de serviço para o dia 1º de Janeiro de 1917
     Efetivo para 1917

  Inspeção nos Postos de Polícia 

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