A criminalidade violenta na cidade de João Pessoa

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       A criminalidade violenta na cidade de João Pessoa foi o tema da nossa dissertação no curso de mestrado em Sociologia realizado na UFPB em 2011. Foi um trabalho resultante de uma longa pesquisa sobre a criminalidade nessa cidade no período de 200 a 2010. Aqui vamos transcrever alguns dos tópicos desse trabalho.
         Na dissertação do curso de mestrado que realizamos em 2010 na UFPB fizemos um trabalho sobre a Segurança Pública e a criminalidade violenta na cidade de João Pessoa no período de 2000 a 2010.  Para analisar as questões relacionadas com a Segurança Pública  foram colhidos dados em fontes diversas e com eles elaboradas tabelas que permitiam uma visão sistemática da situação de cada setor envolvido com a prevenção e repressão do crime na capital paraibana. Em matérias publicadas anteriormente nesse espaço, transcrevemos os textos relativos a essa parte do trabalho.
          Para estudar a criminalidade violenta nessa cidade, procedemos a um levantamento de dados estatísticos, em diversas fontes, e construímos as tabelas necessárias para se ter uma visão geral da situação e dela extrairmos nossas conclusões. O texto referente a essa parte do trabalho é o que passamos a expor a seguir, na expectativa de poder ser útil para efeitos comparativos com a realidade atual ou futura.
Na cidade de João Pessoa as principais fontes de levantamentos de dados e produção de estatística sobre a criminalidade violenta são: o Centro Integrado de Operações Policiais, vinculado à Secretaria de Defesa Social e Segurança Pública; o Núcleo de Controle de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do Município; o Instituto de Desenvolvimento Estadual e Municipal, integrante da Secretaria de Planejamento do Estado; a Companhia de Policiamento de Trânsito; a Superintendência do Departamento da Polícia Federal, e o Departamento da Polícia Rodoviária Federal.
Em todos esses levantamentos os dados coletados são relativos a ocorrências atendidas pelos órgãos policiais e seus desdobramentos. O descrédito de uma parte desses órgãos junto à sociedade e a falta de conscientização da comunidade local fazem com que uma considerável quantidade de crimes não seja levada ao conhecimento das autoridades, o que resulta em elevada incidência de subnotificação. Esse fato, além de dificultar as atividades da polícia, provoca distanciamento entre a situação expressa pelos dados estatísticos produzidos e a realidade social percebida.
Comparando-se essas estatísticas com o que o cotidiano da cidade reflete, percebe-se que as ocorrências com maior incidência de subnotificação são as relacionadas a crimes contra o patrimônio. A percepção que o senso comum tem do crescente tráfico e uso de drogas na cidade, gerador de diversas outras formas de delitos de igual gravidade, quando comparada com os dados estatísticos referentes a esses delitos, também revela a inconsistência desses dados.
Dessa forma, a estatística criminal mais confiável é a relativa a homicídios. Mesmo assim, a forma como esses dados são produzidos pelo organismo policial pode ser subnotificada. Nos casos de acidentes de trânsito, por exemplo, tanto a Polícia Rodoviária como a Companhia de Trânsito podem registrar casos de pessoas feridas e socorridas que depois vêm a óbito já nos hospitais, o que tanto pode caracterizar homicídios culposos como dolosos.
Nos registros feitos pelo CIOP, como a ação da Polícia Militar é de primeira reposta, e não acompanha os desdobramentos dos fatos além dos primeiros contatos, há possibilidade de se haver ocorrências registradas como casos de lesões corporais ou tentativas de homicídios, falecendo as vítimas depois. Por essa razão os dados produzidos pelo CIOP nem sempre coincidem com os resultantes dos levantamentos efetuados pela Secretaria de Saúde dos municípios.
A Secretaria de Saúde, que utiliza um programa nacional denominado de Sistema de Informações de Morbidade (SIM), parte integrante do Sistema Único de Saúde, (SUS) é baseado nos atestados de óbitos expedidos, o que reduz a possibilidade de registros diferentes dos fatos reais. A mesma situação ocorre em relação aos dados sobre mortes no trânsito.
Esses dados possuem uma peculiaridade. Todas as pessoas vítimas de mortes violentas, por definição legal, são submetidas a necropsias, realizadas no Departamento de Medicina Legal (DML), encaminhadas diretamente pelos delegados de polícia da área onde ocorreu o fato, no caso de morte no local, ou pelos hospitais. Como os hospitais de João Pessoa atendem pacientes oriundos de diversas cidades do interior e até de outros estados, pode ocorrer de um corpo encaminhado por um desses estabelecimentos não ter sido vítima de violência na cidade. Assim, a Secretaria de Saúde produz dois tipos de levantamentos: um referente a óbitos ocorridos com residentes na cidade e outro onde são computadas todas as ocorrências desse tipo, residentes as vítimas ou não.
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