A participação da PM da Paraíba nas lutas contra a Revolução Paulista de 1932

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       A participação da PM da Paraíba nas lutas contra a Revolução  Paulista de 1932 foi um dos mais importantes momentos da história dessa corporação.  Aqui vamos contextualizar esse fato  no cenário político nacional e sintetizar como se deu  a organização dessa tropa e registrar os seus principais combates.

1.       O que foi a Revolução Paulista de 1932 

Em 1930, Getúlio Vargas, depois de Comandar o Movimento Revolucionário que depôs o Presidente Washington Luís, assumiu o Governo do País como ditador, suspendendo a Constituição em vigor e fechando o Poder Legislativo em todos os níveis, fazendo, entretanto, a promessa de convocar uma Assembleia Constituinte.

Aquele Movimento Revolucionário foi inspirado nos ideais Tenen­tistas, uma corrente de pensamentos políticos seguida pela maioria dos Militares, e que se baseava na efetivação de profundas mudanças na estrutura do Estado e nos costumes políticos, o que, na percepção da cúpula dirigente desse movimento só seria possível ser alcançado por meio de um Poder Executivo forte.

Os Tenentes, denominação dada aos militares e civis integrantes desse movimento, passaram a ocupar as principais funções de confiança do Governo, inclusive a interventoria na maioria dos Estados.

Getúlio governava sem oposição e não se mostrava interessado na redemocratização do País, no que era apoiado pelos Tenentes.

O grupo político dominante em São Paulo desde 1889 até 1930 era o Partido Republicano Paulista, que foi afastado do poder pela Revolução Tenentista e estava empenhado em retomar seu lugar no cenário político, porém não encontrava apoio popular às suas preten­sões. O adversário dos Republicanos, o Partido Democrático, que havia participado do movimento que levou Getúlio ao Poder, aguardava a oportunidade para sua ascensão, porém, suas ideias democráticas encontravam resistências por parte dos Tenentes.

Tais circunstâncias levaram esses Partidos, adversários históricos, a se juntarem na busca de objetivos comuns que era derrotar Getúlio e os Tenentes. Esses objetivos, entretanto, não seriam suficientes para angariar a simpatia popular, fator indispensável para a condução desses projetos. Era preciso se defender causas que levassem o povo a participar. O afastamento de Getúlio do poder para que uma junta governativa convocasse uma Assembleia Constituinte foi o argumento encontrado, o que foi recebido com entusiasmo pelo povo, já insatisfeito com a crescente crise social e econômica que atingia todas as classes do País.

Alimentado por diversos fatores políticos, como as crises que provocaram constantes mudanças de interventor, e principalmente, alguns incidentes entre integrantes de grupos Tenentistas e movimentos populares, com as mortes de estudantes, o clima político foi se agravando até que no dia 09 de julho de 1932, os dirigentes do movimento, apoiados pelas Unidades das Tropas Federais sediadas naquele Estado, pelas Polícias Civil e Militar, Organizações civis armadas, e grande respaldo popular, se declararam rebeldes exigindo a renúncia de Getúlio e a entrega imediata do Governo a uma Junta Governativa. Estava deflagrado o movimento.

Portanto, o propósito dos dirigentes políticos nesse movimento era não apenas redemocratizar o país através da convocação de uma Assembleia Constituinte, pois eles pretendiam, principalmente, uma forma de os velhos políticos derrota­dos pela Revolução de 1930, retomarem ao poder.

Para enfrentar as Forças Revolucionárias Paulistas, o Governo da União convocou todas as Tropas Federais sediadas nos Estados e as Forças Públicas Estaduais. Convocada par esse fim, a Polícia Militar da Paraíba se fez presente, partici­pando com um efetivo de mais de 1.600 homens, distribuídos em quatro Batalhões, que seguiram deste Estado para o Rio de Janeiro, de onde, junto às Tropas leais ao Governo Federal, partiram para as frentes de combates, desempenhando papéis de alta relevância na vitória dos legalistas.

Como o efetivo da Policia Militar não era suficiente para enviar Tropas para essa luta e ainda continuar cumprindo sua missão de manutenção da Ordem Pública, foram organizados três Batalhões Provisórios, formados por civis Voluntários, sendo alguns deles Comissionados como Oficiais. Além dessas Unidades Provisórias, foi também enviado para a luta um Batalhão do efetivo permanente da Corporação.

No Rio de Janeiro, os Batalhões Provisórios recebiam treinamentos e em seguida eram enviados para as frentes de combates, passando a integrar grupos de Batalhões, que eram denominados de Destacamentos, Comandados por Oficiais do Exército, formados por Unidades de Exército e de outras Polícias Militares.

O Batalhão do efetivo permanente do Regimento Policial da Paraíba, não teve instrução no Rio de Janeiro, e sob o Comando do Capitão do Exército, Aristóteles de Souza Dantas, seguiu, no dia 27 de agosto, para frente de combate, três dias depois que chegou naquela cidade. Essa Unidade teve importante participação nas lutas verificadas no Norte do Estado de São Paulo.

O 1º Batalhão Provisório recebeu apenas 20 dias de instrução e sob o Comando do Major Guilherme Falcone, pertencente ao próprio Regimento Policial, no dia 28 de agosto, seguiu com destino ao Estado do Paraná, onde passou a integrar o efetivo que atuava contra os Revolucionários, que combatiam ao Sul do Estado de São Paulo, a partir da cidade de Buri.

Os efetivos dos 2º e 3º Batalhões Provisórios da Paraíba formaram um só contingente, que passou a ser denominado de Regimento Policial Provisório, e sob o Comando do Coronel do Exército, Antônio Marinho de Almeida, também seguiu para participar dos combates que ocorriam na chamada Frente Sul do Estado Revolucionário.       

1.1.          A organização da tropa

Por ocasião desses fatos a Paraíba era Governada pelo Dr. Gratuliano de Brito,  na condição de Interventor.  Gratuliano tinha participado ativamente da luta armada durante a Revolução de 1930, era ardoroso seguidor dos princípios políticos defendidos por Getúlio e dotado de grande espírito cívico. Por conta disso, era natural que houvesse interesse do Interventor em enviar tropas para defender as causas da Revolução que ele ajudou a fazer. Gratuliano integrou o grupo de civis que invadiu o Quartel do 22º Batalhão de Caçadores (Atual 15º Batalhão de Infantaria) no dia 4 de outubro de 1930, dando início a Revolução no nordeste. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/gratuliano-da-costa-brito

O efetivo da Polícia Militar, naquele ano era de 1.100 homens, distribuídos em dois Batalhões, um deles sediado na Capital e outro em Campina Grande. O Comandante Geral da Polícia Militar era o Tenente Coronel José Maurício da Costa, um valoroso integrante da Corporação, que havia participado das lutas de Princesa Isabel e da Revolução de l930. Havia também Comandado o efetivo da Polícia Militar que participou das lutas em Recife, no ano anterior, contra Revolucionários que pretendiam depor o Governo daquele Estado. Além desses atributos o Tenente Coronel Maurício era considerado o Oficial de maior qualificação intelectual da Corporação naquela época.

Para participar das lutas contra os Revolucionários Paulistas, o Regimento Policial, como era denominada a Polícia Militar da Paraíba na época, recolheu grande parte dos Destacamentos do Interior do Estado, para completar o efetivo equivalente a um Batalhão, criando mais três outros Batalhões Provisórios, formados por Voluntários e destinados especificamente a esse fim.

1.2.1  Os dois primeiros embarques

Inicialmente, foi enviado ao Rio de Janeiro, um efetivo equiva­lente a uma Companhia, que foi Comandada pelo Capitão Acendino Ferreira Feitosa, e partiu da Paraíba, no dia 21 de julho de 1932. Ao chegar ao Rio de Janeiro esse efetivo ficou no aguardo do restante da tropa.

Na semana seguinte, no dia 29 de julho, quando era comemorado o 3º aniversário do Dia do Nego, outro contingente do Regimento Policial embarcou para o Sul do País, a fim de participar dos combates. Desta feita, foram dois Batalhões, um do efetivo permanente e outro que constituía o 1º Batalhão Provisório, totalizando 786 homens. Nessa ocasião ocorreu uma grande manifestação cívica, com desfile de Tropas, presença de muitos estudantes e da população em geral, além de muitos discursos recheados de argumentações patrióticas.

Um grupo de Estudantes do Liceu Paraibano, em uma manifestação de respeito, carinho e, sobretudo de sentimento cívico, colocou no peito de cada integrante da Tropa, uma Bandeira do Nego, para que eles representassem a Paraíba nos campos de luta.

O Batalhão do efetivo permanente foi Comandado pelo Major Elias Fernandes, e dele também participavam os Capitãs Manuel Marinho e José Guedes, e os Tenentes Firmino Cavalcanti, Pedro Gonçalves Lima, Renovato Gonçalves da Silva e Napoleão Pereira Gomes. Também faziam parte dessa Unidade o Tenente Ademar Naziazene que foi o Oficial Ajudante, o Capitão Comissionado Médico Emiliano Nobre e o também Comissionado 1º Tenente Farmacêutico José Guimarães.

O 1º Batalhão Provisório, que viajou juntamente com o Batalhão do efetivo permanente, foi Comandado Capitão João Costa, que foi comissionado no Posto de Major exclusivamente para esse fim. O Subcomandante foi o Capitão Guilherme Falcone. Também integravam essa tropa os Tenentes João Rique Primo, Severino Dias Novo, Lino Guedes e Francisco de Souza Mangueira, todos do quadro efetivo da corporação. Além desses, mais seis civis foram comissionados como Tenentes; João Lelis de Luna Freire, Sebastião Maurício, Frenelon Primo, Vicente Firmino Guimarães, João Alves de Freitas, Vicente Chaves, João Farias, Gregório Leite e Moura Prunes.

Quando essa tropa chegou ao Rio de Janeiro foi recebida pelo Dr. José Américo de Almeida, que era Ministro da Aviação do Governo de Getúlio Vargas.

Capitão Souza Danta no Comando da Tropa de PM/PB nas lutas em São Paulo
(O Capitão Souza Dantas é o terceiro da direita para a esquerda)

Nessa ocasião o Capitão do Exército Aristóteles de Souza Dantas, que, comissionado no Posto de Coronel, tinha comandado a   Polícia Militar da Paraíba no ano anterior, informou ao Tenente Coronel Elias Fernandes que tinha ordens para assumir o Comando do Batalhão, mesmo sem apresentar documento que formalizasse esse ato.

 

Mesmo com a resistência de Elias Fernandes, Souza Dantas assumiu o Comando e no dia seguinte seguiu com o Batalhão para integrar as tropas que lutavam na frente norte, entrado em São Paulo pelo Estado de Minas Gerais. Foram ainda integrados a essa Unidade um médico e três Acadêmicos de Medicina e um Padre (José Trigueiro) além de três Tenentes do Exército (Azambuja, Rubens Rosado e Kleber)

Um fato curioso ocorreu na Paraíba com o Capitão Aristóteles de Souza Dantas. Em 1926, quando a Coluna Prestes percorreu o sertão da Paraíba, ocorreu uma reunião no Bairro de Cruz das Armas que tinha o objetivo de divulgar doutrinas socialistas e apoio à Preste.  Um grupo de Oficiais da Polícia foi convidado para participar do encontro e lá compareceu e prendeu todos os organizadores da reunião. Constatou-se que o líder era o Tenente desertou Aristóteles de Souza Dantas, que foi conduzido preso para o Comando da Região Militar, em Recife. Com o advento da revolução de 1930, Souza Dantas foi anistiado e, no Posto de Capitão, assumiu o Comando da Polícia Militar da Paraíba, Comissionado no posto de Coronel.  Foi um Oficial que fez uma carreira brilhante, alcançando todos os Postos, e exercendo as mais altas funções do Exército e foi para reserva no Posto honorífico de Marechal.

 Elias Fernandes ficou no aguardo do 2º e 3º Batalhões Provisórios. O Major João Costa, que comandava o 1º Batalhão Provisório entregou essa função ao Capitão Guilherme Falcone e ficou com Elias Fernandes no aguardo de missão.

O Comando de Batalhão era função exclusiva de Oficial Superior e por essa razão Guilherme Falcone foi comissionado no Posto de Major.

O Batalhão Provisório ficou no Rio de Janeiro recebendo instruções e no dia 28 de agosto recebeu ordens para embarcar para o Paraná, onde se integrou o Regimento comandado pelo Coronel Dornelas que integrava a Coluna do General Valdomiro.

1.2.2  O terceiro  e o quarto embarques

 

O 2º Batalhão Provisório, com 540 homens, viajou no dia 7 de agosto e o 3° Batalhão embarcou em três etapas, totalizando 458 homens. O último embarque ocorreu no dia 14 de setembro e chegou ao Rio de Janeiro no dia 22 do mesmo mês.  Por ocasião de todos os embarques ocorriam muitas manifestações de civismo. Os Oficiais que integravam os Batalhões Provisórios eram civis, de elevadas posições sociais e de grande espírito cívico, comissiona­dos como Tenentes, Capitães ou Tenentes-Coronéis, exclusivamente para participarem dessas lutas. Existiam também nessas Unidades, Oficiais e Sargentos do Quadro efetivo do Regimento Policial.

O Comandante do 2º Batalhão Provisório foi Odon Bezerra,  http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CAVALCANTI,%20Odon%20Bezerra.pdf , um civil comissionado no Posto de Tenente Coronel. Ele, que era um homem muito culto e de alto conceito social, também participou da invasão do Quartel de Exército em 1930, episódio aqui já mencionado.   Odon Bezerra tinha iniciado o Curso de Formação de Oficial do Exército, na Escola Militar no Rio de Janeiro, mas foi expulso sob a suspeita de integrar um grupo revolucionário.

O 3º Batalhão Provisório foi Comandado pelo civil Sindulfo Santiago, Comissionado no Posto de Major e contou também com a participação de Francisco de Souza Lacerda Nitão, José Simão, José Almeida Junior e Heronildes da Silva Ramos, todos civis comissionados no Posto de 2º Tenente.

Ao chegar ao Rio de Janeiro o 2º e o 3º Batalhões Provisórios se uniram e formaram um Regimento que passou a ser Comandado pelo Tenente Coronel Martins de Almeida, que era do Exército. O Tenente Coronel Odon Bezerra assumiu as funções de Subcomandante.

Esse Regimento foi encaminhado para frente sul e se apresentou, na cidade Buri, ao General Valdomiro Pinheiro. A partir de então participou da luta, integrando o efetivo de retaguarda.

1.3 Os combates

A estratégia utilizada pelas Tropas Legalistas para combater os Revolucionários, foi bloquear o Estado de São Paulo, concentrando Tropas em quatro pontos das fronteiras desse Estado, e que foram denomina­dos de Frentes Norte, Sul, Leste, e Oeste, respectivamente.

Cada Frente era Comandado por um General, que tinha sob sua direção um efetivo denominado de Coluna, formado por Destacamentos, Comandados por Coronéis. Cada Destacamento era composto por três ou mais Batalhões do Exército ou da Polícia Militar. A tropa enviada da Paraíba lutou nas frentes norte e sul.

 1.3.1. Combates na Frente Norte

O Batalhão do efetivo permanente da Polícia Militar, Sob o Comando do Capitão Souza Dantas, parti­cipou dos combates integrando um Destacamento, Comandado pelo Coronel do Exército, Eurico Gaspar Dutra, que atuou na Região Norte de São Paulo, no trecho compreendido entre as cidades de Lindóia e Campinas, no período de 19 de agosto a 3 de outubro. Nesse percurso o Batalhão participou da tomada de Monte Sião, fazendo parte da vanguarda do Destacamento, recebendo forte resistência do inimigo. Nesse combate, registrado no dia 19 de agosto, faleceu o Cabo José Joaquim da Silva, conhecido por Cabo Cajá.

No dia 24 do mesmo mês, o Batalhão atacou a cidade de Lindóia, fazendo as Tropas Revolucionárias recuarem. Três dias depois, o Batalhão enfrentou o inimigo que se achava entrincheirado nas margens do Rio das Almas. Nessa ocasião, morreu em combate o Sargento Reino Coutinho.  Essa Unidade prosseguiu em marcha e nas proximidades da cidade de Itapira, foi cercada pelo inimigo durante três dias, até que, no dia 30 de agosto, um ataque concentrado das demais Unidades do Destacamento, desalojou os Revolucionários que seguiram recuando para a cidade de Amparo.

Depois de uma marcha de 10 dias, sempre inquietada por furtivos ataques inimigos, nossa Tropa, juntamente com o restante do Destacamento, chegou às proximidades da cidade de Amparo, onde na localidade de Duas Pontes, travou novos contatos com o inimigo, ocasião em que efetuou a prisão de muitos Revolucionários e farta quantidade de armamento e munição. Entre o material apreendido encontrava-se uma Metralhadora Hot-kis que foi trazida para a Paraíba e ainda hoje faz parte do nosso material bélico, encontrando-se em plenas condições de uso.

Seguindo sempre em direção ao reduto inimigo, ora na vanguarda, ora em ações de apoio, a Tropa Paraibana, juntamente com as demais Unidades do Destacamento, Comandado pelo Coronel Dutra, entrou na cidade de Campinas, no dia 3 de outubro, data em que foi encerrada a luta, com a vitória total das Forças fiéis ao Governo Vargas.

No dia 7 de outubro, a Tropa seguiu para Jundiaí, de onde partiu para o Rio de Janeiro, a fim de, junto ao contingente que combateu na frente sul, retornar à Paraíba.

1.3.2. Combates da frente sul

Na Frente Sul, os combates se deram em três eixos de marchas diferentes. Os Batalhões Provisórios da Paraíba atuaram no eixo compreendido entre as cidades de Buri e Itapetininga.

O 1º Batalhão Provisório da Paraíba chegou à cidade de Buri, ao Sul de São Paulo, onde estava instalado o Comando da Coluna, Comandada pelo General Waldomiro Lima, que combatia os Revolucionários Paulistas naquela região, no dia 31 de agosto, depois de três dias de uma viagem de trem que teve início no Porto de Paranaguá.

Nosso Batalhão, como era de praxe, recebeu o nome do seu Comandante, ficando dessa forma denominado de Batalhão Falcone.          

Já no dia 2 de setembro, o Batalhão Falcone foi empregado em um ataque à cidade de Capão Bonito, desalojando o inimigo que ali se encontrava já há alguns dias. Foi nossa primeira vitória. Não houve tiro, pois quando os Paraibanos iniciaram o ataque, os Revolucionários, que estavam tão bem abrigados que não esperavam nunca que as Forças Legais fossem efetuar um ataque, abandonaram a cidade. Esse fato deu notoriedade ao Batalhão Falcone.

Depois dessa investida, o Batalhão Paraibano foi encarregado de perseguir o inimigo, sendo, poucos quilômetros depois cercado por forte Contingente Revolucionário. Esse cerco durou cinco dias, período em que a Tropa inimiga fazia constantes ataques, utilizando, inclusive, Carros Blindados e Ataques Aéreos. Em uma ocasião, faltou munição nas trincheiras e como o inimigo se aproximava, a Tropa partiu para o ataque corpo a corpo, tendo-se verificado muitas mortes a golpes de arma branca. Foi um dos momentos mais difíceis que esse Contingente passou. No dia 8 de setembro, um forte ataque efetuado por todo Destacamento Comandado pelo Coronel Dorneles, do qual fazia parte o Batalhão Falcone, pois fim ao cerco e levou os Revolucionários a recuarem para uma posição nas proximidades do Rio das Almas.

Para progressão do Destacamento Dorneles era necessário ultrapassar a ponte sobre o Rio das Almas, que se achava fortemente defendida pelo inimigo. O Coronel Dorneles, confiante no valor da Tropa Paraibana, planejou o ataque, contando com a participação dessa Unidade. Mais uma vez o Batalhão Falcone foi encarregado de atuar no eixo de marcha, enfrentando o inimigo de frente, enquanto as Unidades do Exército atuavam pelos flancos.

Nesse ataque, quando se viu derrotado, o inimigo ateou fogo no mato e dinamitou a ponte, obrigando o Batalhão a ultrapassar o rio, sobre uma viga de 20 centímetros de largura e em meio à intensa fuzilaria. No outro lado do rio, o Batalhão foi mais uma vez cercado, permanecendo nessa situação por seis dias. Finalmente, os Revolucionários foram derrotados, recuando para a cidade de Itapetinga. Já estávamos no dia 30 de setembro, e o Batalhão Falcone foi deslocado para a cidade de Gramadinho, onde aguardaria ordens para atuar.

Nessa cidade, a Unidade permaneceu até o dia 3 de outubro, quando a luta teve fim, com a derrota dos Revolucionários, aí permanecendo até o dia 8, quando, juntamente com o Regimento formado pelo 2º e 3º Batalhões Provisórios, que tinham chegado àquele local três dias antes, regressou para o Rio de Janeiro.

Os 2º e 3º Batalhões Provisórios também atuaram nessa mesma frente, porém com uma participação menos efetiva, atuando mais na retaguarda ou em apoio a outras Unidades.  Eles chegaram a Buri, ponto de onde partiam as Tropas que atuavam nessa região, no dia 15 de agosto e só no dia 25 entraram em ação na cidade de Capão Bonito. Depois de diversas outras ações, quase todas na retaguarda, essa Unidade chegou à cidade de Gramadinho, no dia 5 de outubro, quando já tinha terminado a luta. Dessa cidade, juntamente com o Batalhão Falcone, todo o contingente retornou à Capital Federal. Estava terminada a luta. Os representantes da Paraíba cumpriram a missão a que se destinaram.

Durante as lutas, essa tropa apreendeu em poder dos revolucionários e trouxe para a Paraíba, como troféu de guerra, dois Caminhões, um Caminhão Ambulância, três Metralhadoras Pesadas Hot Kiss, uma Metralhadora Leve Hot Kiss, e quatro Fuzis PMH.

Todas as despesas com a Tropa que participou das lutas foram pagas pelo Governo Federal, inclusive os vencimentos que eram equiva­lentes aos do Exército.

Por oportuno, registramos que quando a Polícia Militar participou da Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, os vencimentos também eram pagos pelos cofres do Império, porém, só pela metade, o que deu origem à expressão “meia ganha”, e que foi sintetizada como "Meganha", que com o passar do tempo passou a ser sinônimo de Polícia Militar.

1.4  O regresso da tropa e as homenagens

No dia 22 de outubro daquele ano, em meio à grande manifes­tação pública, toda Tropa desembarcou no Porto de Cabedelo, onde foi recebida pelo Dr. Gratuliano de Brito, todo secretariado, e grande número de outras autoridades, além da população.

Transportada de Trem de Cabedelo para a Capital, a Tropa foi outra vez recebida com muitas manifestações de carinho do povo, desfilou pelas principais ruas da cidade, e em frente ao Palácio do Governo, onde fez alto, foi homenageada pela autoridade com calorosos discursos.

Por ocasião do desembarque na Estação Ferroviária e durante o desfile Militar, a Banda de Música da Corporação executou o dobrado "Os flagelados", de autoria do Compositor Joaquim Pereira, que era maestro da Banda de Música. Esse dobrado, anos depois, foi tema de um filme produzido nos Estados Unidos, tornando-se, dessa maneira, mundialmente famoso.   

Após as homenagens, os Batalhões Provisórios foram extintos, no dia 28 de outubro de 1932.

 Os registros desses fatos podem ser encontrados nos Boletins do Comandante Geral do Regimento Policial, denominação que a Polícia Militar tinha na época, nos Jornais da Capital, que além do noticiário dos acontecimentos publicavam as correspondências trocadas entre as autoridades, todas ressaltando o valor da Tropa Paraibana, além de algumas obras que tratam do assunto de uma forma geral, sem fazer alusão expressa à participação da Tropa Paraibana.

Entretanto, o melhor e mais detalhado registro desses acontecimentos, está consignado na obra ”Soldado da Paraíba”, de autoria do Major Guilherme Falcone, Comandante de um dos Batalhões Provisó­rios, que participou da luta, editada em 1935. Nessa obra, Falcone, empregando um estilo erudito, em que revela ser detentor de grande cultura, descreve, com impressionante riqueza de detalhes, toda participação da Tropa Paraibana nessa luta. 

Falcone era um dos mais valorosos Oficiais de sua época. Reconhecido pelos seus dotes intelectuais, era sempre encarregado de fazer os discursos oficiais por ocasião das solenidades militares ou sociais da Corporação. Foi o primeiro Oficial da Corporação a se graduar em um Curso Superior, formando-se em Ciência e Letras, em 1931.

                        Área de atuação da PM da Paraíba nas lutas
 
    INTERVENTOR DA        PARAÍBA em 1932
 JOSÉ MAURÍCIO - Comandante      da PM/PB em     1932

Elas Fernandes - Comandante do Batalhão do Quadro Efetivo que participou das lutas em São Paulo em 1932

Acendino Feitosa - PM/PB - Comandante de tropa nas lutas de São Paulo em 1932
Comandante do 1º Batalhão Provisório nas lutas em São Paulo em1932
INTEGRANTE DE UM BATALHÃO PROVISÓRIO QUE LUTOU EM SÃO PAULO EM 1932
INTEGRANTE DA TROPA DE QUE LUTOU EM SÃO PAULO EM 1932
 
Comandante do Reginto da Batalhões Provisórios da Paraíba.

COMANDANTE DO 2º BATALHÃO PROVISÓRIO DA PARAIBA NAS LUTAS EM SÃO PAULO

DNO BOLETIM DA PM/PB

Policiais Militares que participaram das lutas

NOTA NO BOL. PM/PB
Elogios a Oficiais
 
  NOTA NO BOL. PM/PB
JORNAL A UNIÃO
           Jornal A União - Paraíba
       
   NOTA PUBLICADA NO JORNAL A UNIÃO - PARAÍBA VEJA TAMBÉM                                                                                                                                                                                     A Campanha de Princesa: O nego, a morte de João Pessoa, o nome da cidade e a bandeira.                                                  A PM da Paraíba nas lutas contra a Coluna Prestes                                             

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